ENTENDA: Na Nova Era Espacial, Alcântara Pode Mudar o Jogo
Olá leitor!
Segue abaixo mais matéria postada ontem (25/03) no site
“Brazil Journal” tendo como destaque a assinatura pelo Brasil do Acordo de
Salvaguardas Tecnológicas (AST) com os EUA. Vale a pena conferir.
Duda Falcão
NEGÓCIOS
ENTENDA: Na Nova Era Espacial,
Alcântara Pode Mudar o Jogo
Eduardo Karpat*
25/03/2019 às 20h51
Brasil e Estados Unidos assinaram semana passada um
“Acordo de Salvaguardas Tecnológicas”, o primeiro passo em direção a uma
colaboração para o uso comercial da base de
Alcântara.
Os dois países haviam assinado um acordo semelhante em
2000, durante os governos FHC e Clinton, mas ele acabou sendo derrubado pela
oposição no Congresso. Muita coisa mudou nos quase 20 anos entre os dois
acordos, tanto na economia espacial como na política brasileira, que fazem com
que este acordo seja muito mais promissor do que o primeiro.
Do lado espacial, os satélites estão cada vez menores e o
custo de lançamento não para de cair (caiu quase dez vezes nos últimos dez
anos, medido em $/Kg). Hoje um satélite do tamanho de uma caixa de sapatos pode
custar menos de um milhão de dólares incluindo o lançamento.
Com os avanços tecnológicos e barateamento do acesso ao espaço, há um boom de
startups sendo criadas para oferecer serviços que derivam de satélites.
Alguns exemplos desses serviços são o rastreamento de
veículos e embarcações, observação de áreas de interesse (como fazendas,
pipelines, países adversários), previsão do tempo, comunicação de pessoas e
equipamentos (IoT) em áreas rurais ou remotas, e até comunicação entre os
próprios satélites. Nos EUA, até estudantes de ginásio já enviaram
satélites-cubo (cubesats) ao espaço a um custo total de US$ 90 mil.
Com a corrida atual, consultorias especializadas estimam
que o número de satélites operando pode pular de 1.900 hoje para 10 mil em
2030.
No ano passado, o setor puxou cerca de US$ 260 bilhões de
receita na sua cadeia, crescendo 7% ao ano nos últimos cinco anos. A demanda
para lançamentos não falta. O grande gargalo é a oferta de lançamentos em si.
Apesar dos custos para lançar um foguete terem caído de
centenas de milhões para dezenas — graças a fatores como reusabilidade e maior
competição — os lançamentos ainda são esparsos e focados em atender os grandes
satélites. Isso desencadeou uma nova onda de inovação para atender à classe emergente
dos pequenos satélites.
De um lado, entraram na moda os ‘rideshares’, quando os
pequenos satélites ‘pegam carona’ com os grandes. De outro, se iniciou uma
corrida entre novas empresas de foguetes, muitas delas dedicadas ao mercado dos
pequenos. A Vector Launch, empresa investida pela Lapa Capital, é uma delas.
A posição de Alcântara a apenas dois graus ao sul do
Equador usa a rotação da Terra em seu favor, economizando combustível em até 30%
e barateando em muito o custo do lançamento. O caso mais próximo é o da estação
de Kouru, na Guiana Francesa, que fica em distância semelhante ao Equador
(cinco graus). Considera-se que Kouru — sob jurisdição francesa e europeia —
trouxe uma grande vantagem competitiva à empresa francesa Ariane, que lança
seus foguetes de lá desde 1979 e concorre com as americanas ULA e SpaceX.
Por isso os Estados Unidos, cuja predominância na
economia espacial é difícil de ignorar, nunca perderam o interesse, e voltaram
à mesa de negociação a convite do governo Temer. Nos últimos dois anos, várias
empresas de foguetes como SpaceX, Vector e ULA visitaram Alcântara. O CEO da
Vector, Jim Cantrell, um veterano do mercado espacial e um dos fundadores da
SpaceX, disse que está animado com a abertura da base e interessado em lançar a
partir de lá, citando a economia de combustível.
O governo brasileiro estima que pode faturar pelo menos
R$ 150 milhões em taxas de lançamento ao ano, o que pode ajudar a desenterrar o
programa espacial brasileiro. A ideia é assinar o mesmo acordo de salvaguardas
com outros países.
O texto do novo acordo foi melhorado para evitar
ambiguidades e dirimir receios sobre uma eventual perda de soberania nacional,
o principal argumento usado pela oposição no Congresso brasileiro há quase 20
anos.
Além de se dizer ‘open for business’ e de manter um
alinhamento ideológico com o governo Trump, o governo Bolsonaro tem Marcos
Pontes, o primeiro e único astronauta brasileiro, como Ministro da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações. Ele integrou a comissão foi a Washington
e assinou o documento.
Agora só falta o Congresso entender... e aprovar.
* Eduardo Karpat é fundador da Lapa Capital, uma empresa
de investimentos sediada em Nova York. É engenheiro eletricista pela USP e
mestre em finanças pela London Business School.
Fonte: Site do Brazil Journal - https://braziljournal.com
Comentário: Pois é, mais uma visão sobre este Acordo com
os EUA por um profissional (creio que brasileiro) dono de uma empresa de investimento com
sede em Nova York. Pois é senhor Eduardo Karpat, esperando que o senhor seja um de nossos leitores, lhe pergunto: Se a sua empresa Lapa Capital tem investimento no setor através Vector Launch, porque então não investir em startups espaciais brasileiras? Pense no assunto, temos gente muito boa aqui no Brasil esperando investimento para mostrar do que são capazes. Aproveito para agradecer a nossa leitora Mariana Amorim Fraga pelo envio deste artigo.
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