Observ. de Astronomia Gama Terá Participação Brasileira
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (08/01) no site da
“Agência FAPESP” destacando que o projeto do maior observatório do mundo de Astronomia
Gama terá participação brasileira.
Duda Falcão
Especiais
Maior Observatório de Astronomia Gama
Terá Participação Brasileira
Por Elton Alisson
08/01/2013
Pesquisadores da USP, UFSCar
e de outras instituições
desenvolvem revestimento
de espelhos e estruturas
metálicas que sustentarão
os
cem telescópios do
Cherenkov Telescope Array
(divulgação)
|
Agência
FAPESP – Um grupo
de aproximadamente mil pesquisadores de 28 países, entre os quais dez
brasileiros, pretende construir até 2015 o maior observatório do mundo dedicado
ao estudo de corpos celestes que emitem radiação gama – a radiação de mais alta
energia.
Denominado
Cherenkov Telescope Array (CTA), o observatório será instalado em dois lugares
diferentes, um no hemisfério Sul e o outro no hemisfério Norte.
Chile,
Argentina e Namíbia são candidatos para receber o experimento. No hemisfério
Norte, os Estados Unidos e a Espanha já manifestaram interesse. A escolha das sedes
será decidida até o fim de 2013.
O
observatório terá cem telescópios terrestres sensíveis à radiação gama,
distribuídos igualmente nos dois hemisférios. Os equipamentos irão operar em
conjunto, orientados para observar um único corpo celeste por vez, como
remanescentes de supernovas, galáxias com núcleo ativo e quasares que emitem
radiação gama. Com isso, a precisão do estudo desses objetos celestes será
muito maior do que a se tem atualmente.
“O único
observatório de astronomia gama em funcionamento hoje – o Observatório Hess [High
Energy Stereoscopic System], instalado na Namíbia – possui cinco
telescópios operando em conjunto. O CTA será capaz de medir a radiação gama
produzida durante fenômenos astrofísicos com sensibilidade dez vezes maior”,
disse Luiz Vitor de Souza Filho, professor do Instituto de Física de São Carlos
(IFSC) da Universidade de São Paulo (USP) e um dos pesquisadores brasileiros
participantes do projeto, à Agência FAPESP.
De acordo
com Souza Filho, os pesquisadores brasileiros têm muito interesse no tipo de
astrofísica que o CTA irá estudar, que conecta a astrofísica tradicional com a
astrofísica de partículas (os raios cósmicos).
Isso porque
o experimento possibilitará aumentar a compreensão sobre como essa radiação é
emitida, como essas partículas se propagam e podem ser detectadas e como são
formados os corpos celestes que emitem raios gama com energia entre 10 GeV e
100 TeV, entre outras questões. Além da produção de conhecimento, os cientistas
brasileiros também pretendem contribuir na construção da instrumentação do CTA.
“É quase
mandatório que um país-membro que queira ter acesso aos dados gerados pelo
experimento em igualdade com os demais integrantes tem que contribuir com a
construção. Por conta disso, estamos desenvolvendo dois projetos de
instrumentação para o CTA”, contou Souza Filho.
Realizados
com
href="http://www.bv.fapesp.br/pt/projetos-regulares/44937/design-construcao-prototipo-cherenkov-telescope/"
target="_blank">apoio da FAPESP, um dos projetos é voltado para o
desenvolvimento do revestimento dos espelhos que recobrirão os telescópios, que
têm a função de refletir a luz e ao mesmo tempo proteger o equipamento das
intempéries climáticas.
Como ficará
exposta na atmosfera, a parte refletora dos telescópios terá que durar muito
tempo e ser muito bem feita, de forma que não se solte do vidro e afete as
propriedades refletoras e protetoras do espelho.
Para
assegurar que isso não ocorra, um grupo de pesquisadores do IFSC, sob a
coordenação de Souza Filho, investiga técnicas de aluminização e deposição de
superfície refletora e protetora para os espelhos dos telescópios do CTA em
parceria com a empresa Opto Eletrônica.
“Os espelhos
não precisarão ser tão precisos quanto os dos telescópios ópticos instalados
nos observatórios no Chile operados pelo Observatório Europeu do Sul [ESO,
na sigla em inglês], mas terão que durar muito mais tempo”, explicou Souza
Filho.
Outro
projeto na parte de instrumentação do CTA que contará com a contribuição dos
pesquisadores brasileiros é o desenvolvimento de estruturas metálicas de
sustentação aos telescópios.
Com cerca de
16 metros de comprimento, essas estruturas precisam suportar um conjunto de
instrumentos eletrônicos que pesam 2,5 toneladas em suas extremidades e que não
podem envergar mais do que 20 milímetros para não prejudicar as imagens
produzidas pelos telescópios.
Por meio de
um projeto realizado em parceria com a empresa Orbital Engenharia, de São José
dos Campos, no interior de São Paulo, os pesquisadores projetaram uma estrutura
que foi aprovada pela colaboração internacional envolvida na construção do CTA
– a Orbital teve diversos projetos apoiados pelo Programa FAPESP Pesquisa
Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).
“Já tínhamos
know how na construção desse tipo de instrumentação por conta do
desenvolvimento de tecnologias muito parecidas com essas. que projetamos para o
observatório Pierre Auger, na Argentina”, disse Souza Filho.
Os
pesquisadores do IFSC atualmente desenvolvem os protótipos do revestimento dos
espelhos e da estrutura mecânica dos telescópios, que deverão ser concluídos
até 2013 para que o CTA possa começar a ser construído em 2013 e entrar em
operação em 2015.
Além do
grupo do IFSC, participam da construção do CTA pesquisadores do Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar), do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
(CBPF) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Escopo Amplo
de Pesquisa
Segundo
Souza Filho, o escopo de pesquisa do CTA será bastante amplo. Na área de
astrofísica, alguns dos temas que poderão ser explorados por meio do novo
observatório são buracos negros e regiões formadoras de estrelas.
Na área de
física de partículas, por meio do empreendimento poderão ser realizados estudos
de quebra de variância de Lorentz – um teste muito específico de relatividade
restrita. “Por meio do observatório, será possível realizar o teste mais
restrito da relatividade que já foi feito até hoje em longas distâncias e em
longas escalas”, estimou Souza Filho.
Além disso,
o observatório deverá ser dedicado a realizar buscas de regiões candidatas a
apresentar concentrações de matéria escura e a identificar novas fontes
extraterrestres emissoras de raios gama de altas energias. Hoje são conhecidas
cerca de cem fontes, número que poderá se multiplicar com o CTA.
“O escopo
científico do novo observatório é impressionante e tem uma vertente dupla. Ao
mesmo tempo que possibilitará estudar questões mais importantes para a
astrofísica, o experimento também deverá ampliar o conhecimento na física de
partículas elementares”, avaliou Souza Filho.
Para
escolher quais os possíveis lugares que deverão sediar o observatório foi
lançada uma chamada que estabeleceu, entre as condições mínimas necessárias para
receber o experimento, que a região tenha uma atmosfera muito bem limpa, esteja
a pelo menos 2 mil metros acima do nível do mar, não tenha contaminação de luz
e tenha pouca formação de chuva e nuvens. No Brasil não há região com todas
essas características.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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