Riscos à Saúde dos Astronautas em Futuras Missões a Marte
Olá leitor!
Segue uma interessante matéria postada hoje
(08/01) no site do jornal “Folha de São Paulo” destacando que segundo estudo da
Universidade de Rochester (EUA), financiado pela NASA, os riscos à saúde
dos Astronautas em futuras Missões ao Planeta
Marte incluem o Mal de Alzheimer.
Duda Falcão
CIÊNCIA
Riscos à Saúde
dos Astronautas
em Futuras Missões a Marte
Incluem Mal de Alzheimer
SALVADOR
NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
08/01/2013 - 04h37
Imagine a
calorosa recepção aos primeiros astronautas a fazer a viagem de retorno de
Marte, um grupo de desmemoriados senis.
Esse cenário bem
poderia acontecer se uma agência espacial qualquer decidisse enviar agora, com
a tecnologia atual, uma missão tripulada ao planeta vermelho.
A conclusão, em
um estudo financiado (mas pouco divulgado) pela NASA, vem de um grupo da
Universidade de Rochester, nos EUA.
Eles
demonstraram que a radiação cósmica à qual os astronautas seriam submetidos
durante meses e meses na longa travessia até Marte pode causar danos severos ao
sistema nervoso central.
Em particular,
os cientistas observaram que cérebros irradiados começam a mostrar sintomas de
alzheimer.
Essa doença
neurodegenerativa, marcada no cérebro pela presença crescente de placas de uma
substância chamada beta amiloide, costuma afetar só idosos.
Entretanto, com
a exposição a um certo tipo de radiação, o processo de degeneração avança mais
depressa.
Para sair da
Terra e chegar a Marte usando a rota mais econômica leva-se de oito a dez
meses. Isso só na ida.
Durante esse
período, os intrépidos viajantes estarão longe da atmosfera e do campo
magnético terrestres --o que os deixa expostos à radiação vinda do Sol e das
outras estrelas.
Essa radiação é
composta pelas mais variadas partículas. As mais leves podem ser defletidas por
magnetismo ou bloqueadas pelo casco da espaçonave. As mais pesadas passam
direto. Foi com essas que os pesquisadores fizeram os experimentos, irradiando
átomos de ferro (acelerados no Laboratório Nacional de Brookhaven) sobre o
cérebro de camundongos.
Segundo Kerry
O'Banion e seu colegas escrevem no periódico científico "PLoS One", a
radiação de partículas de ferro resultou em danos cognitivos e aumento de
placas de beta amiloide em doses cumulativas similares às que astronautas
seriam expostos em missões exploratórias ao espaço profundo e a Marte.
RESSALVAS
Os camundongos
do teste foram modificados geneticamente para apresentar os sintomas iniciais
de alzheimer. E os pesquisadores admitem que não usaram um grupo-controle para
verificar se os mesmos efeitos são observados em roedores comuns.
Além disso,
embora a dose de radiação seja equivalente à de uma viagem até Marte, ela foi
aplicada de uma só vez, e somente com um tipo de partícula, nos animais.
No espaço, a
composição da radiação seria mais complexa, e a exposição seria leve e
constante, em vez de intensa e pontual. Por fim, cérebros de camundongo e de
gente são diferentes em tamanho, composição e nível de redundância funcional.
"Não acho
que o modelo seja suficientemente bom para tirar conclusões claras sobre o que
aconteceria num humano", disse à Folha Kerry O'Banion.
Como é mais
complexo e tem mais massa branca, o cérebro humano pode ser até mais suscetível
aos danos por radiação, segundo o pesquisador. Mas os humanos podem estar mais
protegidos que os roedores por terem mais cérebro "disponível".
De toda forma,
será preciso desenvolver novas formas de proteger uma espaçonave contra a
radiação. Ir até Marte não é como um passeio na Lua, que, entre ida e volta,
consome uma semana.
SONO
BAGUNÇADO
Um estudo
publicado ontem na "PNAS", revista da Academia Nacional de Ciências
dos EUA, avaliou o padrão de sono de um grupo isolado por 520 dias em módulos
espaciais.
Os seis
"tripulantes" passaram quase dois anos num simulador nos arredores de
Moscou para recriar uma missão até Marte.
A pesquisa
mostrou que o sistema que regula o sono e o despertar ficou "doido"
durante a falsa viagem.
O ciclo de dia e
noite da Terra nos condiciona a saber a que hora dormir e quando ficar
acordado. Em isolamento, com luz artificial, esse negócio todo vai para o
beleléu.
O sedentarismo
toma conta ao longo da missão. Entediados, os astronautas dormem mais, mas a
qualidade do sono cai.
Apesar das
dificuldades, os voluntários consideraram o resultado positivo. "Humanos
são capazes de resistir a uma viagem dessas, dada a seleção e mentalidade
apropriadas", disse à Folha Diego Urbina, italiano que participou
do confinamento.
Para os
cientistas, as conclusões são outras. Qualquer missão dessa magnitude deverá
simular as condições da Terra ou corre o risco de fracassar.
Rodrigo
Damati/Folhapress/Editoria de arte/Folhapress
Fonte: Site do Jornal
Folha de São Paulo - 08/01/2013
Comentário:
Apesar de também achar que os resultados desse estudo são falhos e não
confiáveis, já expus aqui no blog a minha opinião de que enviar astronautas
numa missão ao espaço profundo (espaço interplanetário, além da órbita da LUA) numa
missão que exceda três meses de voo, é o mesmo que condená-los a sérios problemas
de saúde ou até mesmo a morte. Com os projetos atualmente em curso como o
sistema de voo para espaço profundo em desenvolvimento na NASA e em outras
agências espaciais do mundo, quem se habilitar a voar nessas naves estará
seriamente condenando a si mesmo. Uma viagem a Marte com o atual sistema de
proteção a radiação, de propulsão química e o baixo conhecimento humano sobre o
meio interplanetário não é nada menos de que um completo suicídio, e essa missão
não teria nenhuma chance de sucesso. Para que uma missão tripulada possa ter
sucesso além da órbita da LUA, a raça humana ainda terá de desenvolver
tecnologias de proteção contra a radiação mais confiáveis, e para tanto terá de
conhecer melhor o meio interplanetário e suas intempéries e principalmente
desenvolver um sistema de propulsão mais eficiente e mais rápido do que o químico,
que venha permitir uma viagem de ida e volta ao planeta vermelho que não exceda
três meses de viagem. É verdade que a NASA vem investindo em outros sistemas de
propulsão mais rápidos e eficientes como a propulsão a plasma e a propulsão
nuclear, esta sim talvez a melhor aposta no momento (resolvido os outros
problemas) para uma viagem ao planeta Marte. Entretanto, infelizmente essas
ações ainda não são vistas dento da NASA como prioritárias e o mais provável é
que eles sigam com o que já está sendo desenvolvido. A raça humana ainda
precisa se desenvolver como espécie e até lá muitos pagarão com as suas próprias
vidas, entrando para história como heróis da humanidade.
Amigos
ResponderExcluirUma das minhas paixões tecnológicas é a possibilidade de uma missão tripulada para Marte, venho estudando já fazem alguns anos. O maior problema é a radiação proveniente principalmente do Sol.....a solução mais comum é um "shelter" que os astronautas utilizariam quando os níveis de radiação atinjam valores indesejados. A proposta com relação à microgravidade é a espaçonave girar e assim a força "centrífuga" simularia o efeito gravitacional, por fim o sistema de propulsão nuclear do tipo NTR (Nuclear Thermal Rocket) é o mais próximo do possível, pois já foi desenvolvido e muito testado nos anos 60 e 70 projeto NERVA (http://en.wikipedia.org/wiki/NERVA)
Olhem o seguinte link: http://www.astronautix.com/fam/martions.htm
Miraglia
www.edgeofspace.org
Ia dar esse parecer do Eng Miraglia sobre a força centrífuga de naves ou estações que rodassem enquanto tivessem no espaço. No entanto creio que seria mais prudente montar uma estação espacial nos céus de Marte do que no solo, com essa tecnologia dita acima pelo Eng, com muito pouco contato de astronautas com Marte em si (senão depois de muito estudo irem investigar o que valesse a pena). O resto do trabalho seria realizado por máquinas/rovers e comandado pelos próprios astronautas na estação espacial, estando essa numa distância bem mais próxima do que a terra, possibilitando uma melhor manobrabilidade a um tempo mais real.
ResponderExcluirCreio que daqui a 15 anos, quando enviarem astronautas para Marte, conseguirão hiberná-los (sendo o único problema a gravidade), visto que segundo pesquisei alguns cientistas creem que nos próximos anos conseguirão possivelmente fazer hibernar humanos.
O filme 2001 Uma Odisséia no Espaço, é um grande exemplo a espaçonave Discovery One (http://en.wikipedia.org/wiki/Discovery_One), tinha um sistema centrífugo e também os astronautas hibernavam, vale a pena conferir o filme.
ResponderExcluirMiraglia
www.edgeofspace.org
Um filme bem visionário. Estamos chegando lá.
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