PNAE: 2012 a 2021 - Artigo

Olá leitor!

Recebi o release abaixo hoje (23/01) com um artigo sobre o novo PNAE, escrito pelo diretor da empresa AMS Kepler, o Sr. Antônio Machado e Silva, solicitando que divulgássemos no blog. Vale lembrar que essa empresa está envolvida com o Programa CBERS e com o programa do satélite Amazônia-1.

Duda Falcão

PNAE: 2012 a 2021

Por Antonio Machado e Silva*

Antonio Machado e Silva
(Diretor da AMS Kepler)
AEB lança nova versão do Programa Nacional de Atividades Espaciais para o decênio 2012-2021.

Ele sai com um ano de atraso, pois o ano de 2012 já se foi. O grande marco deste primeiro ano seria o lançamento do CBERS-3, postergado para o ano corrente, 2013.

Na primeira metade (2012-2016), o programa dá ênfase na consolidação do atual estágio de desenvolvimento e prevê a conclusão dos projetos em andamento. Os destaques neste período são os satélites CBERS-3 e CBERS-4; o satélite Amazonia-1; o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC); o foguete Cyclone-4, que será lançado a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (MA); o Veículo Lançador de Satélites (VLS) e o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM).

Com o atraso do lançamento do CBERS-3, ainda sem data prevista, coloco em dúvida o lançamento do CBERS-4 no primeiro quinquênio. Do mesmo modo, apesar de todos os esforços, vejo com muito ceticismo o lançamento do SGDC na data prevista. Em relação aos foguetes, me abstenho de qualquer previsão.

O período 2017-2021 está sendo visto como a fase de expansão do programa espacial. Está previsto o desenvolvimento de projetos de maior complexidade tecnológica. O programa Amazonia terá continuidade, com o lançamento de 2 satélites (Amazonia-1B e Amazonia-2). O Brasil desenvolverá um satélite meteorológico geoestacionário e um satélite de comunicação. Além disto, vai ampliar o seu domínio tecnológico no campo dos satélites de sensoriamento remoto com o desenvolvimento de um satélite radar de abertura sintética (SAR).

Para o segundo quinquênio tudo é possível, basta querer e investir de maneira contínua e apropriada.

A grande novidade deste decênio é a criação da empresa Visiona (51% Embraer e 49% Telebrás) para ser a integradora dos projetos de satélites. Por enquanto não se fala na participação dela na área de veículos lançadores de satélites.

A Visiona vem com a tarefa de sanar os principais problemas do setor espacial. Entretanto, o principal problema é o fluxo orçamentário irregular, inconstante e insuficiente. Se ela conseguir ter força política suficiente para garantir um orçamento compatível com as aspirações do PNAE, terá justificada sua existência. Dela se espera também uma gestão mais profissional e eficiente dos projetos e dos recursos disponíveis.

Como qualquer novidade, a presença da Visiona na indústria espacial suscita sentimentos contraditórios. Há um receio sobre o que vai acontecer com as empresas do hoje enfraquecido setor espacial.

Mantido um orçamento inadequado à grandeza do PNAE e considerando o velho ditado "farinha pouca, meu pirão primeiro", o que sobrará para o mercado depois da Visiona garantir o seu quinhão?

* Diretor da AMS Kepler, empresa que trabalha há mais de uma década no Programa CBERS e que participa do projeto Amazonia-1.


Fonte: E-mail enviado pela Gerente de Marketing da AMS Kepler, Monica Coscarella

Comentários

  1. Espero que quem esteja no governo ouça mais os especialistas, porque isso é essencial para o crescimento da democracia e do país.

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  2. Desculpem, mas achei meio "constatação do óbvio".

    Ele praticamente afirma que o primeiro quinquênio foi jogado no lixo, e coloca mais uma vez em cheque o segundo, pois depende do apoio do "governo", que como estamos cansados de saber não existe.

    Uma empresa que trabalha a mais de uma década no projeto do CBERS, e com essa análise realista de um de seus diretores, espero que eles estejam mudando de área em breve, ou será que mesmo sabendo que o CBERS3 não vai rolar como previsto, e ainda tem grandes chances de dar problema lá em cima, e o CBERS4 ser uma completa incógnita, eles acham que "vale a pena" continuar nessa área.

    Estão vendo o que eu digo? Qual é o interesse que move uma empresa privada a continuar "encostada" num projeto, com pouquíssimas chances de ser bem sucedido?

    Eu tenho muita curiosidade em saber...

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  3. Bom dia Marcos Ribeiro. A AMS Kepler não está encostada num projeto, numa área, num segmento. Nós diversificamos nossa atuação. A paticipação de mais de uma década (na verdade quase 15 anos) no programa espacial nos trouxe uma capacidade ímpar em processamento digital de imagens e em sensoriamento remoto, sem falar na capacidade de desenvolvimento de sistemas de software. Isto nos permite atuar com excelência na área de serviços de PDI e SR. Por outro lado, continuamos cooperando na busca de soluções para o Programa Espacial Brasileiro, pois acreditamos sim no sucesso dele. Países da América Latina estão investindo nesta área, ampliando o mercado para as empresas brasileiras que já acumulam experiência. Se você tiver oportunidade de participar do próximo Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, faça uma visita ao nosso estande. De qualquer, podemos recebê-lo em nossos escritórios do Rio de Janeiro e de São José dos Campos. Um abraço.

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    1. Oi Antônio,

      Acredito que a resposta tenha sido para mim "Marcos Ricardo". Devo desculpas a todos aqueles e aquelas empresas que por uma certa falta de paciência com tantos desmandos do "governo", acabam entrando no rol das generalizações.

      Espero sinceramente que você pessoalmente e a AMS, consigam ajudar a encontrar "soluções para o Programa Espacial Brasileiro".

      Já não é mais nem questão de acreditar ou não, é já um sentimento de inconformismo com o total desrespeito à nossa história e a décadas de trabalho desperdiçado.

      Se puder mandar para cá algumas boas notícias de realizações vez por outra, isso seria ótimo para elevar a moral de algumas centenas de entusiastas que aqui compartilham os seus sentimentos.

      Grande Abraço.

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    2. Desculpe pelo erro do seu nome Marcos Ricardo. As dificuldades são inúmeras, não só para minha empresa, mas para todas da indústria espacial. Não é possível trabalhar apenas para este segmento, por isto diversificamos nossa atuação. Acontece que a especialização requerida no setor espacial é muito maior que a requerida no setor de serviços ou de geoprocessamento. Ou seja, tenho profissionais caros para alocar em outros projetos quando da estiagem dos projetos do PEB. Por isso mesmo estamos tentando extrapolar as fronteiras do Brasil. Um abraço.

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