Rio+20 Discutirá Dados de Satélite para o Des. Sustentável?
Olá leitor!
Segue abaixo outro artigo do José Monserrat Filho postado
hoje (09/02) no site da Agência Espacial Brasileira (AEB) dando destaque a “4ª Reunião da Comissão Nacional para a
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20)”
ocorrida ontem (08/02) no Palácio do Itamaraty, em Brasília.
Duda Falcão
Rio+20 Discutirá Dados de Satélite
para o Desenvolvimento Sustentável?
José Monserrat Filho*
09-02-2012
A 4ª Reunião da
Comissão Nacional para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio + 20) foi realizada no Palácio do Itamaraty, nesta
quarta-feira, ao longo de quase quatro horas, sob a condução do Ministro das
Relações Exteriores, Antonio Patriota, e pela Ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, com participação de 22 ministros, muitos diplomatas,
senadores e deputados, além de grande número de entidades representativas da
sociedade civil organizada.
Diante de público
tão amplo, qualificado e comprometido com o êxito do magno encontro, ouviu-se,
talvez pela primeira vez, a recomendação para que o evento inclua em suas
discussões a questão do acesso, o mais facilitado possível, aos dados de
satélite, hoje considerados indispensáveis a qualquer programa consistente de
desenvolvimento sustentável nas principais áreas da atividade humana em nível global.
Quem tocou no
assunto foi o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp,
que de imediato recebeu sinais de apoio e simpatia dos destacados Embaixadores
Luis Alberto Figueiredo Machado e André Aranha Corrêa do Lago, totalmente envolvidos
com a organização da Conferência.
Raupp lembrou o
papel pioneiro e já tradicional do Brasil na definição de dados de satélite
como “bens comuns da humanidade”, nos fóruns internacionais, e na distribuição
gratuita desses dados essenciais em todo o Brasil – mais de um milhão desde
2004 – pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A China, por seu
turno, distribuiu mais de 1,5 milhão de dados, no mesmo período. São imagens
dos três satélites CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellites – Satélites
China-Brasil de Recursos Naturais da Terra) lançados até hoje – CBERS 1, 2, 2B.
Este último deixou de funcionar em 2011. O CBERS-3 deve ser lançado em novembro
do corrente ano, restabelecendo o funcionamento de todo o sistema. O CBERS-4
subirá em 2014.
Outra iniciativa
brasileira que se projetou positivamente foi a declaração, aprovada em 2010
pelo Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior (COPUOS,
na sigla em inglês), instando a comunidade internacional a cooperar no sentido
de contribuir para que todos os países possam dispor da infraestrutura
necessária para receber, processar, analisar e utilizar dados de satélite em
benefício de seus programas nacionais de desenvolvimento sustentável.
Aliando a política
de distribuição gratuita de dados com o apoio global à construção de
infraestrutura – mínima que seja – de recepção, análise e utilização de dados
relevantes ao desenvolvimento sustentável, com certeza se poderá formar um
amplo sistema de informações de primeira necessidade, sobretudo pelos países em
desenvolvimento.
Tal esquema, se
devidamente concretizado, tem tudo para mudar a qualidade das ações planejadas
e executadas numa infinidade de países. Logo, é um tema que simplesmente não
pode deixar de ser debatido na Rio+20.
Essa discussão tem
o pleno apoio do Escritório das Nações Unidas para Assuntos Espaciais (UNOOSA,
na sua sigla em inglês), sediado em Viena, Áustria, e liderado por sua dinâmica
diretora, Mazlan Othman (Malásia).
Mazlan sugeriu à
Agência Espacial Brasileira (AEB) que encaminhe a proposta de o Brasil promover
uma reunião paralela à Rio+20, precisamente sobre o uso de dados geoespaciais
para o desenvolvimento sustentável. O debate seria abrangente e teria como base
a já referida Declaração aprovada pelo COPUOS, a partir de um projeto
brasileiro.
O encontro,
proposto para o dia 18 ou 19 de junho, abordaria sete questões críticas para o
desenvolvimento sustentável, na visão ampla atual: emprego, energia, cidades
(questões urbanas), alimentos, água, oceanos e desastres naturais.
A sugestão de
Mazlan já foi transmitida pela AEB ao Departamento de Meio Ambiente do
Ministério das Relações Exteriores (MRE), dirigido pelo já citado Embaixador
André Corrêa do Lago, através de sua Divisão do Mar, da Antártida e do Espaço
(DMAE/MRE).
O Escritório de
Assuntos Espaciais da ONU prontifica-se a patrocinar a vinda à Rio+20 de até
três conferencistas dos países em desenvolvimento para participarem da reunião
paralela. Ele também tem estimulado a participação do Grupo de Observação da
Terra, organização internacional conhecida pela sigla GEO (Group of Earth
Observation), da qual o Brasil é membro ativo.
Na reunião desta
quarta-feira da Comissão Nacional da Rio+20, ficaram claras a oportunidade e a
necessidade de enriquecer ao máximo a programação do encontro com temas e
eventos de efetivo interesse para toda a comunidade internacional, em especial
para os países em desenvolvimento e emergentes, como o próprio Brasil. O uso do
espaço é, sem dúvida, um deles.
* Chefe da Assessoria de Cooperação
Internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB)
Fonte: Agência Espacial Brasileira
(AEB)
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