Ministro da C&T Recebe SindCT
Olá leitor!
Dia 07/02 postamos aqui uma nota intitulada “SindCT se Reúne com Ministro da C&T” publicada dia (06/02) no jornal informativo
“Rapidinha - 03” do Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de
C&T (SindCT), destacando que seis diretores do SindCT iriam se reunir com o
ministro Marco Antônio Raupp para questionarem o mesmo sobre pontos importantes
do Programa Espacial Brasileiro. Segue abaixo outra nota, esta publicada dia
08/02 no jornal informativo “Rapidinha - 04” do SindCT trazendo para nós o
resultado desta reunião.
Duda Falcão
Ministro da C&T Recebe SindCT
Informativo Rapidinha
08/02/2012
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco
Antonio Raupp, recebeu em seu gabinete em Brasília seis diretores do SindCT na segunda-feira,
6 de fevereiro, em companhia do Secretário Executivo do ministério, Luis
Antonio Elias, e da assessora especial, Ana Sabas. Por quase duas horas o
ministro respondeu às questões que lhe foram apresentadas (as mesmas divulgadas
na rapidinha nº 03, de 06/02/2012).
As questões Respondidas por Raupp
Sobre o novo diretor do INPE: O ministro disse que a demora
em anunciar o novo diretor do INPE ocorre porque está aguardando a publicação
do decreto presidencial que promoverá uma reestruturação no MCTI. Além disso,
disse que irá aguardar a nomeação do presidente da AEB para, só então, divulgar
o nome do novo diretor do INPE. Raupp afirmou que respeitará a lista tríplice
elaborada pelo Comitê de Busca no final de 2011. Alertado sobre os prejuízos
causados pela demora desta nomeação, o ministro admitiu a possibilidade de abreviar
o quanto possível a definição do novo diretor.
Sobre a mudança na estrutura organizacional do INPE: A
mudança, segundo o ministro, decorre da necessidade de adequar a estrutura do
MCTI, que atualmente não favorece o cumprimento de sua missão. O governo
pretende fazer um alinhamento dos institutos de pesquisa com secretarias e
agências afins. Para tanto, o INPE estará subordinado diretamente à Agência
Espacial Brasileira (AEB), e não mais ao ministro da Ciência e Tecnologia como
ocorre atualmente. Raupp afirmou, entretanto, que a integridade do INPE será
mantida, ou seja, o instituto não será dividido. Assim, nos assuntos
relacionados às ações do Plano Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), coordenado
pela AEB, o INPE responderá à agência. O ministro afirmou ainda que a Secretaria
de Coordenação das Unidades de Pesquisa do MCTI (SCUP) passará a ter maior
autonomia na gestão dos institutos a ela ligados.
Participação do INPE no Satélite Geoestacionário de
Comunicações (SGC): Este projeto será conduzido pela joint-venture formada
entre a Embraer e a Telebrás. Perguntado sobre qual será exatamente a participação
do INPE neste projeto, o ministrou disse que a mesma se dará de três maneiras:
1) na elaboração da especificação do satélite, juntamente com técnicos da AEB;
2) no acompanhamento, por técnicos do INPE, dos contratos de fornecimento que
vierem a ser assinados pela joint-venture Embraer/Telebrás, e 3) nas atividades
de transferência de tecnologia previstas em contrato. Raupp disse que o INPE
funcionará como uma espécie de depositário das tecnologias apreendidas ao longo
do projeto, permitindo que no futuro as mesmas sejam repassadas para a
indústria nacional.
O futuro do INPE e do DCTA: O SindCT apresentou ao ministro
o quadro vivido por estas duas instituições, que há anos sofrem com a escassez
de projetos desafiadores, com muitas de suas divisões esvaziadas e seus
servidores profissionalmente desmotivados pela falta de expectativa
profissional. O ministro Raupp disse que se empenhará para qualificar estas
instituições, tanto em termos de infraestrutura (laboratórios, equipamentos),
quanto de recursos humanos. Neste sentido, o secretário executivo Luiz Elias
disse que o INPE receberá 120 das 832 vagas de concurso já autorizadas pelo
Planejamento, e que o edital destes concursos será publicado no próximo mês de
março ou abril.
Raupp reconheceu que há uma grande defasagem de pessoal e de
recursos financeiros no ministério, a qual foi acentuada na década de 1990 e
parcialmente recuperada, pelo menos no que diz respeito à questão orçamentária,
a partir do governo Lula. Afirmou que em 1988 havia a força da Missão Espacial
Completa Brasileira (MECB), o grande investimento no CPTEC, o que trouxe um
grande aporte de recursos ao setor. Disse que as dificuldades são muitas, lembrando
que a área espacial concorre com outras necessidades que a sociedade tem considerado
mais prementes (como saúde, educação, moradia).
Raupp afirmou ainda que para se obter mais recursos ou vagas
junto ao governo, é necessário antes que estas instituições e o próprio
ministério tenham “bons projetos” a oferecer. O SindCT argumentou que o PNAE possui
“bons projetos” e que o problema está no fato dos mesmos não estarem sendo
executados. O ministro argumentou que os projetos do PNAE são na verdade “potencialmente
bons”, uma vez que, para serem de fato implementados, seria necessário antes
buscar apoio financeiro para os mesmos junto à sociedade e junto a outras áreas
do governo, a exemplo do modelo utilizado no projeto do satélite
geoestacionário (SGC). Finalizando, Raupp lembrou que o programa espacial não
pode passar cinco anos ou mais sem apresentar resultados concretos à sociedade.
Sobre o VLS: Diante os
constantes atrasos no desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites (VLS) --
basta lembrar que o presidente da República anunciou em agosto de 2003, logo
após o acidente ocorrido em Alcântara, que faria a próxima tentativa de
lançamento do foguete ainda em 2005, o que não ocorreu até hoje--, o SindCT
questionou o ministro em que medida o projeto VLS continua sendo prioridade para
o governo. “O VLS, na prática, morreu?”, perguntamos.
O ministro disse que por
certo continua o interesse do governo em desenvolver lançadores, tanto que o projeto
continua previsto na Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI),
recentemente publicada pelo ministério. Entretanto, afirmou, o MCTI não
financia só o espaço, há um conjunto muito grande de projetos. O secretário
Elias lembrou que nos últimos três anos foi investido R$1,3 bilhão em programas
de defesa.
Sobre contratações
temporárias e concursos: O ministro disse que as contratações temporárias foram
a forma encontrada para se suprir necessidades urgentes de recursos humanos,
mas que a intenção é prover concursos públicos para absorver estes
funcionários. Neste sentido, o secretário Luiz Elias disse que o MCTI estuda, junto
ao governo, a implantação de um “cronograma de contratações”.
Sobre o pagamento da GQ:
O secretário Luiz Elias informou que o ministro Mercadante enviou proposta de
regulamentação da Gratificação de Qualificação (GQ) para o Planejamento prevendo
o pagamento de GQ1 e GQ 2 aos servidores de nível intermediário que possuam determinada
quantidade de horas em cursos de especialização, e GQ3 aos servidores de nível intermediário
que possuam curso de graduação. Neste ponto o SindCT deixou claro que este assunto
estava em negociação e que a decisão foi tomada sem o conhecimento do Fórum de
C&T. Afirmou também que havia uma negociação em curso no Planejamento sobre
este tema, a qual foi interrompida pelo falecimento do secretário Duvanier. O
secretário afirmou ser possível retomar esta negociação no nível do MCTI.
Não havendo tempo hábil para discussão dos demais itens
apresentados pelo SindCT, foi entregue ao ministro cópia da íntegra do questionário
preparada pelo sindicato para que o mesmo possa se manifestar quanto a elas
oportunamente.
Por fim, o ministro afirmou que visitará o INPE para
falar à comunidade e confirmou sua disposição de conceder uma entrevista ao
Jornal do SindCT para aprofundar os temas aqui tratados. Além disso, Raupp lembrou
que continua residindo em São José dos Campos e que está aberto a receber
representantes do sindicato para dar continuidade a estas conversas.
Nossa Avaliação
A gestão de Mercadante à frente do MCTI no ano de 2011
teve o mérito de fortalecer o ministério na agenda do governo, colocando na
ordem-do-dia temas importantes à área de C&T como a ampliação das bolsas de
pós-graduação, investimentos em infraestrutura de laboratórios e equipamentos,
além do aumento do orçamento para o setor. O ex-ministro, além disso, sempre
tratou a área espacial com atenção, tendo constituído uma de suas primeiras
ações como ministro a nomeação de Raupp para a presidência da AEB e uma visita
oficial às instalações do INPE poucos dias após sua posse. Apesar disso, não
encontramos no ministro Mercadante apoio suficiente para as questões ligadas à
Carreira de C&T, em especial pelo fato de não ter emitido Aviso-ministerial
em apoio às reivindicações salariais do setor.
A nomeação de Raupp para o MCTI, em tese continuará sendo
propícia para que a área espacial continue pautada nas várias esferas do
governo. Neste sentido, saudamos a decisão do ministro em receber representantes
do nosso sindicato para uma conversa sobre temas de alta relevância para os
servidores do INPE e DCTA, bem como por seu compromisso assumido de visitar em
breve as instalações do INPE para conversar com seus servidores.
Quanto ao resultado da audiência que tivemos com o ministro
Raupp, preocupa-nos as várias incertezas que recaem sobre nossas instituições
no momento, como a demora na nomeação do novo diretor do INPE, a contratação de
funcionários temporários em detrimento da abertura de mais vagas para concursos
e a baixa auto-estima dos servidores pela falta de perspectiva profissional.
Apesar de Raupp ter dito que se empenhará em atacar estes problemas, não temos
como avaliar, por enquanto, os efeitos práticos destas declarações.
O que podemos afirmar é que desejamos sorte ao novo ministro
e que conte com o apoio do sindicato para a superação dos grandes desafios
postos ao desenvolvimento de nosso programa espacial, na linha das preocupações
por nós expostas na audiência. Esperamos do novo ministro maior sensibilidade
aos problemas salariais da Carreira de C&T, à escassez de recursos e ao
crescente desprestígio do INPE e DCTA como protagonistas do Programa Espacial
Brasileiro.
Fonte: Jornal Informativo “Rapidinha” do SindCT - num. 04
- págs. 01 e 02 - 08/02/2012
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