Curso do CPTEC Estimula Modelo de Qualidade do Ar

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada hoje (09/02) no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) destacando que curso realizado pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e pelo Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), ambos do INPE, estimula disseminação e implementação do Modelo de Qualidade do Ar do CPTEC/INPE.

Duda Falcão

Curso Estimula Disseminação e
Implementação do Modelo de
Qualidade do Ar do CPTEC/INPE

Quinta-feira, 09 de Fevereiro de 2012

O primeiro Curso de Introdução ao Sistema de Modelagem Ambiental CCATT-BRAMS recebeu pesquisadores, professores e estudantes de pós-graduação de universidades, instituições de pesquisa e monitoramento ambiental de diversos países da América do Sul, incluindo o Brasil.

Realizado entre os dias 22/01 e 03/02 pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) e Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), ambos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o curso contou com o apoio do Inter-American Institute for Global Change Research (IAI). A próxima edição está prevista para daqui a um ano.

O CCATT-BRAMS (Coupled Chemistry- Aerosol-Tracer Transport model coupled to BRAMS) vem sendo utilizado operacionalmente, desde 2003, pelo CPTEC/INPE para previsões e monitoramento da qualidade do ar para toda a América do Sul (http://meioambiente.cptec.inpe.br/).

O modelo é capaz de simular a emissão, transporte, reatividade química e remoção de gases e aerossóis na atmosfera. Muitos dos desenvolvimentos realizados pelo grupo, responsável por sua implementação no CPTEC/INPE, estão sendo aplicados em centros de pesquisa e de previsões nos Estados Unidos, Grã Bretanha e França.

Qualidade do Ar em Lima

No ano passado, o modelo de qualidade do ar começou a ser rodado operacionalmente pelo Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia (SENAMHI) do Peru, para a cidade de Lima (http://www.senamhi.gob.pe/calidad_aire.php). Odon Sanchez, pesquisador responsável pela implementação do CCATT-BRAMS no SENAMHI e um dos alunos do curso, diz que chegou a testar outros modelos, mas não ficou satisfeito.

O meteorologista conta que, em paralelo ao modelo de previsão, instalou também no ano passado uma rede de cinco estações meteorológicas e ambientais na capital peruana. Com os dados observados destas estações, compara os resultados da previsão e se diz impressionado com a acurácia do modelo. Ele conta que o CCATT-BRAMS é capaz até mesmo de representar a oscilação da concentração do ozônio ao longo do dia, acompanhando o horário do rush de manhã e no final da tarde. O ozônio é um poluente produzido indiretamente, a partir de reações na atmosfera sob a presença de outros poluentes e radiação solar.

Para o pesquisador peruano o curso foi extremamente valioso principalmente pelo módulo teórico sobre o modelo, que detalha a física da atmosfera. Ele conta que o SENAMHI adquiriu experiência prática na implementação e operação do modelo no último ano, mas faltava uma bagagem teórica. Sanchez trouxe com ele dois alunos para realizar o curso, um de graduação e outro de mestrado, que deverão desenvolver trabalhos sobre a sensibilidade do modelo nos componentes de dinâmica, termodinâmica e química da atmosfera.

Sanchez não esconde seu entusiasmo e já pretende disseminar, através de cursos, o modelo CCATT-BRAMS, cujo código fonte aberto foi repassado aos alunos. Segundo Saulo Freitas, pesquisador do CPTEC/INPE, responsável pelos desenvolvimentos do modelo, “a disseminação do código fonte dentro da rede de usuários é fundamental para o seu aperfeiçoamento”.

Aplicação em Saúde Pública

A disseminação do modelo de qualidade do ar é também um dos objetivos do pesquisador e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), o gaúcho Paulo Kuhn. Ele integra o grupo docente da linha de pesquisa Física do Clima do programa de pós-graduação de Ciências Ambientais e coordena o Laboratório de Modelagem da Amazônia (LAMAZ), onde trabalha com diversos modelos meteorológicos, entre eles o BRAMS, do qual originou o CCATT-BRAMS.

“A versão CCATT-BRAMS é bastante rica por agregar a química da atmosfera”, afirma. A idéia é levar o modelo a outros pesquisadores da universidade, não somente da Meteorologia, mas de áreas correlatas. Além de disseminar o CCATT-BRAMS, o pesquisador pretende utilizá-lo em um trabalho que começa a desenvolver sobre emissão e dispersão de poluentes, principalmente provenientes de queimadas, e seus impactos na área de saúde pública. O pesquisador relata que o estado possui alto índice de morte por doença respiratória em comparação a outras regiões do país. Queimadas e carvoarias são as principais fontes dos poluentes, que afetam principalmente o sudeste do estado.

Avaliação para Buenos Aires

Menos preocupadas com a implementação de previsões diárias, pelo menos no momento, as pesquisadoras argentinas Ana Graciela Ulke, da Universidade de Buenos Aires, e Cristina Rossler, da Comissão Nacional de Energia Atômica (CNEA), pretendem iniciar um estudo comparado sobre fontes de poluição atmosférica que atinge a região metropolitana portenha. O estudo pretende avaliar o desempenho do CCATT-BRAMS para fontes próximas a Buenos Aires, cerca de 100 quilômetros, e distantes, como as queimadas localizadas no centro do continente sul-americano.

As pesquisadoras afirmam que além da poluição veicular e industrial, Buenos Aires está na rota de poluentes e aerossóis originários de tormentas de poeira, vindas da Patagônia, de vulcões chilenos e das queimadas, cujas emissões chegam à capital argentina através de jatos de ventos que viajam de norte para sul no continente. A partir deste trabalho, quando deverão se familiarizar com o modelo, as pesquisadoras pretendem implementar de forma operacional o modelo de previsão de qualidade do ar da região metropolitana de Buenos Aires.

O modelo já é conhecido da pesquisadora da Universidade de Buenos Aires, que interage e colabora com o CPTEC/INPE desde 2006. Já para a pesquisadora e meteorologista da CNEA, o modelo ainda é novidade, mas pretende disseminar dentro do grupo de pesquisa de química ambiental de sua instituição.

Qualidade do Ar em São Paulo

A meteorologista da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), Dirce Maria, trabalha com modelos de dispersão de poluentes, monitoramento e previsão de qualidade do ar para todo o estado de São Paulo (http://www.cetesb.sp.gov.br/). A agência conta com 44 estações ambientais automáticas, além de uma rede de manuais.

Dirce conta que o interesse pelo curso veio da necessidade de entender os mecanismos do modelo de qualidade do ar do CPTEC/INPE e com isso interpretar melhor os resultados das previsões. A meteorologista atua no Centro de Meteorologia e Interpretação de Dados da agência ambiental, que em breve deverá implementar, em parceria com o INPE, o CCATT-BRAMS para previsões e monitoramento da qualidade do ar em todo estado paulista e parte do Vale do Paraíba fluminense. O modelo será rodado em alta resolução espacial, de três quilômetros, o que irá permitir prognósticos para bairros muito próximos.

Alunos do Curso de Introdução ao Sistema de
Modelagem Ambiental CCATT-BRAMS durante aula prática


Fonte: Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

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