Entrevista com o Eng. José Miraglia da Edge of Space

Olá leitor!

Desde o início de 2012 o blog “BRAZILIAN SPACE” vem apresentando uma nova série de entrevistas com personalidades públicas e privadas que trabalham ou já trabalharam nas atividades de ciência, tecnologias espaciais no Brasil.

Para essa nova série já foram realizadas entrevistas com o Prof. Felíx Santana (pioneiro do PEB) e o Tecnólogo Oswaldo Loureda (diretor da Acrux Aerospace Technologies) e agora, dando seqüência trago para você uma nova e interessante entrevista com o Eng. Químico e Diretor de empresa  “Edge Of Space”, o senhor José Miraglia.

Aproveitamos para agradecer publicamente a atenção disponibilizada pelo Eng. José Miraglia ao nosso blog "BRAZILIAN SPACE" sempre que solicitamos, desejando-lhe desde já sucesso com os projetos em curso.

Duda Falcão



BRAZILIAN SPACE: Eng. José Miraglia, para aqueles leitores que ainda não o conhece nos fale sobre o senhor, sua idade, formação, onde nasceu e desde quando é professor na FIAP?

ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Sou engenheiro químico formado pela Escola Politécnica em 1990, sou Mestre em Engenharia Aeronáutica pelo ITA em 1994, minha especialidade é propulsão por foguete por propulsão sólida ou líquida. Nasci em Jaú estado de São Paulo, sou professor na FIAP desde 2008 mas sou professor universitário desde 1998.

BRAZILIAN SPACE: Como surgiu à idéia da criação da “Edge Of Space” e por quê?

ENG. JOSÉ MIRAGLIA: A “Edge of Space” é uma idéia muito antiga dos anos 90, assim que terminei meu mestrado no ITA, surgiu como grupo de pesquisa em 2006, o objetivo sempre foi o desenvolvimento de lançadores de baixo custo baseado numa tecnologia 100% nacional. Desde o ano passado a “Edge of Space” tornou-se uma empresa, a “Edge of Space Indústria e Comércio Ltda” visando o mercado aeroespacial.

BRAZILIAN SPACE: Engenheiro, como anda o projeto “Desenvolvimento de Propulsor Catalítico Utilizando Propelentes Pré-Misturados” que conta com o apoio da FAPESP, através do “Programa PIPE” e quando o mesmo será finalizado?

ENG. JOSÉ MIRAGLIA: O projeto já foi finalizado em novembro de 2011, mas continuamos o desenvolvimento com recursos próprios.

BRAZILIAN SPACE: Existe algum interesse por parte da “Edge Of Space” em dar continuidade a este projeto da FAPESP?

ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Sim, provavelmente um PIPE Fase III, eu já coordenei dois projetos PIPE, um para o desenvolvimento de fibras óticas poliméricas (Fase I)  e o projeto “Desenvolvimento de Propulsor Catalítico Utilizando Propelentes Pré-Misturados” (Fase I e FAE II).

BRAZILIAN SPACE: Engenheiro é sabido pelos nossos leitores que o grupo “Edge Of Space” tem entre seus projetos o desenvolvimento de um foguete de sondagem suborbital chamado “Edge”. Como vai o desenvolvimento deste foguete, qual a previsão otimista para o seu primeiro lançamento e de onde o mesmo será realizado?

ENG. JOSÉ MIRAGLIA:  O foguete suborbital Edge já foi dimensionado, sofreu alterações desde sua concepção inicial, a dificuldade maior não é tecnológica e sim financeira, se outros projetos que a “Edge of Space” está envolvida derem resultado teremos recursos para rapidamente finalizar este projeto. O local de lançamento não foi definido ainda.

BRAZILIAN SPACE: Engenheiro, um dos projetos mais esperados pelos nossos leitores que acompanham com interesse as atividades do grupo “Edge Of Space” é o projeto do lançador “PI” de picosatélite. Este projeto tem avançado?

ENG. JOSÉ MIRAGLIA:  O lançador “PI” é derivado diretamente do foguete suborbital “Edge” assim dependerá do resultado positivo deste foguete e também de recursos financeiros.

BRAZILIAN SPACE: Engenheiro, em 2010 o grupo “Edge Of Space”  assinou um acordo  com a empresa sérvia “EdePro” para o desenvolvimento de alguns projetos importantes e entre eles a de um motor-foguete líquido de 50kN movido a propelente verde.  De lá para cá houve avanços nesse acordo e se houve quais foram esses avanços?

ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Sim, estamos em contato com a “EdePro” o motor de 50 kN já está dimensionada, será um motor de quatro câmaras de combustão e uma turbo bomba, a qual a EdePro já fabricou, se tivéssemos mais recursos este motor já estaria pronto na metade deste ano.

BRAZILIAN SPACE: Engenheiro é sabido que a “Edge Of Space” está envolvida com projetos educacionais. Qual é o objetivo do grupo com esses projetos e como anda o desenvolvimento dessas iniciativas?

ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Nosso objetivo é motivar o jovem desde cedo para área aeroespacial, nos Estados Unidos esta prática é comum, é fundamental para motivar os jovens e despertar a vocação para o setor.

BRAZILIAN SPACE: Engenheiro existe interesse por parte do grupo “Edge Of Space” em estabelecer novos acordos com empresas nacionais ou estrangeiras na área espacial e caso sim, o que essas empresas interessadas devem fazer para entrar em contato com o grupo?

ENG. JOSÈ MIRAGLIA: Com certeza, basta entrar em contato no email do site.

BRAZILIAN SPACE: Engenheiro existe algum projeto em andamento ainda não divulgado pelo grupo que o senhor gostaria de destacar para os leitores do blog?

ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Temos projetos em parceria com a IMBEL e em breve com a Petrobras, mas infelizmente não posso divulgar detalhes pois envolve contratos empresariais e propriedade intelectual.

BRAZILIAN SPACE: Finalizando engenheiro com a chegada do Marco Antônio Raupp ao MCTI, qual é agora a sua expectativa com relação ao futuro de nosso programa espacial e do setor espacial como um todo?

ENG. JOSÉ MIRAGLIA: Qualquer profissional que assumir o MCTI tem um grande desafio, poucos recursos para vários setores importantes. O PEB vem derrapando em falta de objetividade e recursos, inúmeros projetos de satélites...........mas não temos um lançador sequer para colocar um parafuso em órbita, não adianta fabricar satélites e não ter a capacidade de colocá-los em órbita. Vejamos o exemplo mais recente o Iran que surpreendeu o mundo com seus lançadores. Temos muito pessoal competente mas um gerenciamento sem objetivos claros, precisamos focar no desenvolvimento de um veículo lançador, não atirar para todos os lados e desperdiçar recursos com pesquisas que no momento são mera ficção científica.

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