Brasil Quer Se Tornar Membro do CERN

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria postada dia (05/02) no site “G1” do globo.com destacando que o Brasil quer se tornar membro de Centro Europeu que cuida do LHC, laboratório onde ocorre a busca pela 'Partícula de Deus'.

Duda Falcão

Ciência e Saúde

Brasil Quer se Tornar Membro de
Centro Europeu que Cuida do LHC
Laboratório é Onde Ocorre a Busca
Pela 'Partícula de Deus'.

Ministério estuda como obter verba para pagar cota de participação.

Eduardo Carvalho
Do G1, em São Paulo
05/02/2012 - 12h14
Atualizado em 05/02/2012 - 12h14

Sede do Cern (Centro Europeu de Pesquisas
Nucleares), em Genebra, na Suíça (Foto: AP
Photo / Anja Niedringhaus / Arquivo)
O Brasil está estudando como ter dinheiro para se tornar membro associado do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN, na sigla em francês), que é responsável pelo Grande Colisor de Hádrons (LHC), segundo uma comissão de trabalho convocada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para negociar a entrada do país na organização. A pasta está na fase final da avaliação da melhor forma de obter a verba para a filiação do país ao projeto.

Em entrevista concedida ao G1, o ministro da Ciência, Marco Antonio Raupp, recém-empossado, afirmou que o governo trabalha em uma forma de “engenharia financeira” para conseguir a aprovação do investimento necessário para a entrada no CERN.

"Estamos trabalhando para construir uma ‘engenharia financeira’ para [...] a vinculação do Brasil ao CERN. Precisamos reforçar nossa base de conhecimento, visando a ampliação e qualificação da mão de obra científica", afirmou Raupp.

Após a entrevista, o repórter do G1 conversou com Ronald Cintra Schellard, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e presidente da comissão que prepara a documentação necessária -- que deve ser entregue ao centro europeu até março.

Se for aprovado, o país terá que pagar uma cota anual para ser considerado membro do projeto -- esse valor ainda precisa ser definido pelo CERN, mas há dois anos era de aproximadamente US$ 15 milhões ao ano.

O número é obtido a partir de um cálculo já estipulado pelo conselho do CERN, que utiliza o Produto Interno Bruto (PIB) das nações como referência. No caso do Brasil, que será membro associado, será equivalente a 10% do total pago pelos países que já possuem cadeira efetiva no conselho como Alemanha, Reino Unido e Portugal.

O CERN é uma organização internacional que gerencia o maior laboratório de física de partículas do mundo. A estrela desse laboratório é o acelerador de partículas LHC, o maior projeto de cooperação científica mundial e também a maior ferramenta já construída pelo homem (entenda seu funcionamento). É no LHC que dois grupos de pesquisa independentes estão à procura do bóson de Higgs, apelidado de a "partícula de Deus".

De acordo com Schellard, esse relatório terá dados sobre estrutura de pesquisa, número de cientistas e indústrias voltadas ao setor existentes no país. "Nós negociamos os termos com o CERN, mas devido à falta de recursos [do ministério], esse ingresso ficou interrompido por um tempo", disse Schellard.

Segundo ele, mesmo sem ser membro efetivo, o Brasil já conta com mais de cem pesquisadores ligados aos experimentos realizados pelo Centro Europeu. "É a maior equipe entre as nações que não são membros permanentes no Conselho Superior", afirma.

De acordo com Sérgio Novaes, professor da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) e pesquisador do CERN, o país teria vantagens científicas ao participar efetivamente do projeto. “Abre possibilidades interessantes de retorno do investimento feito pelo Brasil. Não somente em bolsas científicas e posições de pesquisa, mas também em relação à indústria nacional, que passa a ter ‘carta branca’ para participar de licitações para fornecimento de serviços e equipamentos em diversas áreas do CERN [entre elas o LHC]”, disse.

Uma das instalações do Grande Colisor de Hádrons
(LHC), megatúnel para colidir partículas
(Foto: Andrew Strickland / cortesia Cern 7-8-2010)

Entrevista com o Ministro

Marco Antonio Raupp durante cerimônia de posse,
em 2 de janeiro (Foto: Reprodução)
11 dias no cargo, Marco Antonio Raupp substituiu Aloizio Mercadante, que foi para o Ministério da Educação.

Além do CERN, Raupp conversou com o G1 sobre outros temas da nova gestão do ministério.

Segundo ele, as decisões tomadas por seu antecessor serão continuadas “já que o governo é o mesmo”. A meta é cumprir entre 2012 e 2015 o que foi definido na Estratégia Nacional de Ciência e Tecnologia e Inovação. “Vamos nos esforçar para executar essa programação”, disse.

O físico afirma que vai tentar elevar a quantidade de recursos humanos na área científica do país e estabelecer nova infraestrutura para pesquisa. Isso tendo nos cofres um montante de R$ 8,5 bilhões, que corre risco de sofrer restrições devido à recessão econômica no exterior.

“Ano passado tivemos cortes. Esse ano já superamos, mas estamos na expectativa se vamos executá-lo [o orçamento] plenamente ou com restrições. Está em jogo a gestão da política econômica, a qual vamos nos adaptando.”, disse o ministro.

Ex-presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Raupp afirma que o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) vai se tornar um braço da agência.

A proposta anterior, de fusão das duas instituições, foi descartada. “Saímos desse modelo porque achamos que não era conveniente. O que será encaminhado não só para o INPE, mas para todos os institutos do MCTI é uma vinculação com as agências e secretarias. O INPE ficará vinculado à AEB. [...] O INPE mantém sua identidade como instituição de pesquisa do MCT”, afirmou.

Um dos principais desafios da agência espacial é a construção de um veículo lançador de satélites nacional. O VLS terá lançamentos não-operacionais até o final de 2012, segundo o ministro, com o apoio de empresas russas. Se tudo der certo, a fabricação do foguete completo deve acontecer a partir de 2018.

Raupp falou também sobre a produção de iPads no Brasil, pela multinacional Foxconn. Segundo ele, a pasta espera que as questões burocráticas sobre a instalação da fábrica se resolvam até o fim de junho.

“Este processo corre nos ministérios da Indústria e Comércio e Fazenda. Teve um esforço do ministro Mercadante em atrair a empresa, que tem a intenção de implantar fábricas. Mas agora, na negociação entra os municípios candidatos e os estados que vão oferecer condições para atrair a companhia. O MCT articulou tudo, mas sobre os agentes de financiamento e outras questões, outros ministérios têm que resolver. A nossa expectativa é que até o fim do primeiro semestre tudo se resolva”, afirmou.


Fonte: Site G1 do globo.com

Comentário: Não é de se estranhar que o Raupp sendo físico de formação, tenha o interesse de transformar o Brasil membro desse importante centro europeu de pesquisas físicas. Fazer parte desse esforço europeu é extremamente importante e o custo benefício é em nossa opinião muito favorável ao Brasil. Quanto à parte do texto que fala sobre o VLS, quero tranquilizar aos leitores sobre a data citada (2018), pois muito provavelmente o Raupp estava se referindo aos VLS-Alfa e Beta e não ao VLS-1. Aproveito para agradecer de público ao leitor Heverton Freitas pelo envio dessa matéria.

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