Revista VEJA: "Sob Pressão Para Cortar Gastos, Lula Cria Uma Estatal Para Lançar Foguetes"

Prezados leitores e leitoras do BS!
 
Em matéria publicada na 'Revista VEJA' de 3 de janeiro de 2025 (edição nº 2925), intitulada "Sob Pressão Para Cortar Gastos, Lula Cria Uma Estatal Para Lançar Foguetes", o autor do texto não poupa críticas a criação do Desatino ALADA fazendo uma comparação com outra iniciativa deste mesmo Governo Lula (anterior), ou seja, o Desatino ACS. Leia abaixo na íntegra o texto em questão:
 
Sob Pressão Para Cortar Gastos, Lula Cria Uma Estatal Para Lançar Foguetes
 
O plano é que a ALADA atraia parcerias privadas para base no Maranhão, mas a última iniciativa do tipo causou um prejuízo de de meio bilhão de reais ao país
 
SONHANDO ALTO - Foguete é lançado da base de Alcântara: militares querem usar local estratégico para atrair parcerias (./Reprodução)

Por Bruno Caniato
Atualizado em 3 jan 2025, 15h09
Publicado em 3 jan 2025, 06h0
 
Antes mesmo de reassumir o comando do Planalto, na eleição de 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já dizia em alto e bom som que não só não privatizaria nenhuma das 123 estatais que o país possui, como, se possível, reestatizaria a Eletrobras, vendida no governo Jair Bolsonaro, ideia que felizmente não prosperou. Passados dois anos de mandato, o governo não só cumpriu a promessa de não privatizar nada como acaba de criar mais uma estatal, a ALADA — aprovada pelo Congresso em dezembro —, para explorar o lançamento comercial de foguetes e satélites privados a partir do território nacional.
 
Além do anacronismo de inventar outra estatal, ainda mais no momento em que o Brasil discute como cortar gastos, a ALADA nasce sob o signo da desconfiança. Em 2006, também no governo Lula, o país criou a Alcântara Cyclone Space (ACS), uma empresa pública binacional em parceria com a Ucrânia. A iniciativa visava lançar satélites internacionais a partir do Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão, usando foguetes de tecnologia do país do leste europeu. A empreitada, porém, não decolou. A crise econômica dos dois lados do oceano, a falta de aportes estrangeiros e a queda de braço com os Estados Unidos em tratados de cooperação tecnológica enterraram a ACS, extinta em 2015 com um saldo negativo de quase meio bilhão de reais e nenhum lançamento espacial registrado. Uma piada. 
 
Não bastasse a memória do prejuízo provocado por essa piada de mau gosto, a iniciativa do governo federal reacende preocupações sobre o negócio se tornar um novo ralo de dinheiro público. O projeto é que a companhia seja subsidiária da NAV Brasil, criada em 2019 para desenvolver sistemas de navegação aérea para venda ao setor privado de aviação. Embora seja certo que irá precisar de dinheiro e recursos humanos, o projeto da ALADA não esclarece quanto custará nem quantos funcionários demandará. Na justificativa ao Congresso, o governo diz que a empresa poderá contratar pessoal por tempo de até quatro anos para implantar a companhia, além de receber servidores civis e militares de outros órgãos. “O cheiro que eu sinto é de prejuízo”, alertou o deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), um especialista em orçamento público, durante audiência na Câmara no final de novembro. 
 
NÃO DECOLOU - Parceria Brasil-Ucrânia: prejuízo de quase meio bilhão de reais (//Divulgação)

A promessa (difícil de acreditar) é a de que a empresa irá tentar atrair recursos privados. O propósito é abrir para o mercado global os serviços de lançamento de foguetes e satélites a partir da baseno Maranhão. Menina dos olhos da Aeronáutica, o centro já realiza missões em cooperação com países como China, Estados Unidos e Coreia do Sul. A nova estatal terá o papel de tentar abocanhar um naco de um mercado em expansão nos últimos anos, na esteira de megaempresas como a SpaceX, de Elon Musk, e a Blue Origin, de Jeff Bezos. A chance de atrair investimentos internacionais para turbinar as pesquisas espaciais é o que mais agrada aos militares. Além de Alcântara, a Força Aérea Brasileira comanda também a base da Barreira do Inferno, em Parnamirim (RN).
 
Comparado aos bilhões de dólares que potências como Estados Unidos, China e Índia investem em exploração espacial, o orçamento brasileiro é um tanto modesto: em 2024, a Agência Espacial Brasileira (AEB) recebeu 135 milhões de reais para custeio direto das operações, chegando a 600 milhões de reais com verbas de fundos científicos e parcerias internacionais. Na teoria, o Brasil seria competitivo compensando a defasagem no desenvolvimento de foguetes com vantagens estratégicas: Alcântara é considerada um dos pontos mais favoráveis do planeta para lançamentos espaciais, já que a proximidade com a linha do Equador reduz o consumo de combustível para pôr objetos em órbita — a facilidade é particularmente rentável para pesquisas em microgravidade, com amplas aplicações na indústria farmacêutica. Além disso, a tecnologia brasileira de satélites para monitoramento de biomas é referência global em políticas ambientais. “A crescente participação do setor privado na economia espacial cria oportunidades para que o Brasil opere lançamentos de todo o mundo”, afirma o presidente da AEB, Marco Antonio Chamon.
 
Até 2035, a exploração espacial deve movimentar 1,8 trilhão de dólares, segundo as estimativas mais tímidas do Fórum Econômico Mundial. É incontestável que um programa espacial robusto, capaz de gerar contribuições financeiras, tecnológicas, militares e sociais, é de suma importância para a soberania de países que se propõem a ser potências no século XXI. O que provoca turbulência à primeira vista é a criação de mais uma estatal, que vai mandar recursos públicos para o espaço. O histórico recente não dá pistas de que o negócio pode realmente decolar.
 
Veja por esse link a Lei de Criação deste Desatino ALADA, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 03/01/2024: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-15.083-de-2-de-janeiro-de-2025-605414451
 
Aproveitamos para agradecer ao nosso leitor e apoiador Eugênio Preza pelo envio do link dessa Lei desastrosa.
 
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Comentários

  1. República Federativa do BRASIL

    As nações inovadoras estão aportando recursos em STARTUPS, impulsionando o progresso científico e tecnológico na área aeroespacial. Apenas o Brasil, através do seu grupo de oportunistas e irresponsáveis, estabeleceu mais uma Super Empresa Militar Estatal ALADA, com o propósito de desviar recursos públicos. Este "ALADA" funcionará como uma sistema de “cabides de emprego”. Existe alguma Dúvida?

    --> Portanto, convido o leitor a investigar (estudar e pesquisar) o caso da Alcântara Cyclone Space (ACS), uma corporação pública binacional que trabalha em colaboração com a Ucrânia. Desejo saber o que aconteceu com esta empresa pública (ACS)? Contribuam para a sociedade do Brasil.

    Chega de palhaçadas, já está de bom tamanho. Os "políticos" e militares da (FAB) desejam aniquilar o Brasil? Estou fazendo um pergunta! Será que vocês tem capacidade de dizer a VERDADE para a sociedade Brasileira? "Agora surgirão youtubers e grupos na rede social X, alegando desconhecimento dos fatos sobre a verdadeira intenção da ALADA"!

    Vocês são um vexame tanto a nível nacional quanto internacional.

    Brasil, um país concebido para fracassar.

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