Cientistas Estão Defendendo Que a ONU Estabeleça Um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável Para a Órbita da Terra

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Imagem: Space Daily
Ilustrativo.
 
No dia de ontem (10/01), o portal Space Daily noticiou que Cientistas estão defendendo que as Nações Unidas (ONU) estabeleçam um novo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) focado na proteção da órbita da Terra e na redução do acúmulo de detritos espaciais.
 
Atualmente, a ONU reconhece 17 ODS, introduzidos em 2015 para inspirar esforços globais no combate à pobreza, na proteção do meio ambiente e na promoção da prosperidade. No entanto, a crescente presença de satélites e outros objetos na órbita da Terra está gerando preocupações sobre seu futuro. Sem uma ação internacional coordenada, esse ambiente espacial, que antes era imaculado, pode sofrer danos irreversíveis.
 
Em um estudo publicado na revista One Earth, uma equipe internacional de especialistas em áreas que vão de tecnologia de satélites a poluição por plásticos nos oceanos propôs a criação de um 18º ODS dedicado ao ambiente orbital da Terra.
 
Os pesquisadores enfatizam a necessidade urgente desse novo ODS, dada a participação de cerca de 100 países em atividades espaciais e o lançamento de quase 20.000 satélites desde a década de 1950. Embora os satélites proporcionem benefícios significativos—incluindo comunicação global, monitoramento de ecossistemas e serviços essenciais como TV por satélite e bancários digitais—sua fase de fim de vida frequentemente deixa para trás componentes abandonados. Esses satélites descartados, estágios de foguetes e detritos de colisões ou explosões contribuem para o emaranhado orbital, aumentando o risco de novas colisões.
 
"A necessidade de proteger e conectar nossos ambientes naturais, desde o oceano até a órbita da Terra, nunca foi tão urgente. Ambos são vitais para a saúde do nosso planeta, mas estão cada vez mais ameaçados pelas pressões que exercemos sobre eles", disse a Dra. Imogen Napper, pesquisadora da Universidade de Plymouth e autora principal do estudo. "Um acordo apoiado pela ONU seria um passo crucial para proteger a órbita da Terra no futuro."
 
A proposta da equipe se inspira no ODS14: Vida na Água, que trata da gestão de detritos marinhos. As lições aprendidas no combate à poluição por plásticos nos oceanos poderiam orientar esforços para evitar uma crise similar na órbita. Esse novo ODS complementaria a estrutura existente, que reconhece as contribuições da tecnologia espacial na resolução de desafios globais, mas ainda não aborda os riscos representados pelos detritos orbitais.
 
A professora Heather Koldewey, chefe de Oceanos e Conservação FAIRER da ZSL, explicou: "Assim como a poluição por plásticos e as mudanças climáticas, o lixo espacial é uma questão que transcende fronteiras. Nossos esforços contínuos para proteger os oceanos destacam o quão importantes são os acordos apoiados pela ONU para gerenciar essa crise. É fundamental aprendermos com os desafios e soluções na luta contra os detritos marinhos e agirmos agora para proteger a órbita do nosso planeta."
 
Os autores também destacaram paralelos entre os ambientes oceânicos e orbitais. "Não faz tanto tempo, nossos oceanos eram vistos como recursos infinitos a serem explorados e como sumidouros infinitos para nosso lixo", disse o Dr. Thomas Dowling, professor de Sensoriamento Remoto e Ciências Geoespaciais da Universidade de Auckland. "A órbita da Terra é um ambiente finito semelhante ao oceano, e explorar de forma irresponsável o ambiente orbital é repetir os erros do passado. É hora de criar políticas para regular o que estamos colocando no espaço."
 
O estudo dá continuidade a um trabalho anterior publicado na revista Science em março de 2023, onde muitos dos mesmos pesquisadores defenderam um tratado legalmente vinculativo para proteger a órbita da Terra à medida que a indústria global espacial continua a se expandir.
 
Os co-autores do artigo representam instituições como a Universidade de Plymouth, PBL Works, Arribada Initiative, Universidade de Auckland, Universidade do Texas em Austin, Anturus Ltd, Universidade do Maine, NASA Jet Propulsion Laboratory, Spaceport Cornwall, Slingshot Aerospace Ltd e ZSL (Zoological Society of London).
 
 
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