Tempestade Cósmica é Medida Por Astronomos em Exoplaneta Com Ventos de 33.000 km/h
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[Imagem: ESO/L. Calçada]
No dia de ontem (22/01), o portal Inovação Tecnológica informou que astrônomos mediram uma tempestade cósmica com ventos de 33.000 km/h no Exoplaneta WASP-127b.
Aqui na Terra, um ciclone tropical possui rajadas de vento devastadoras, com o recorde registrado até hoje atingindo uma velocidade de 407 km/h. Tornados são muito mais localizados, mas sua velocidade radial pode ser ainda maior, com o recorde batendo em 486 km/h.
Agora, compare isso com os ventos que astrônomos acabam de medir na superfície do exoplaneta WASP-127b: 33.000 km/h, ou, se você preferir, 9 km por segundo.
São os ventos mais rápidos já medidos em qualquer lugar, neste caso em um exoplaneta gigante gasoso localizado a mais de 500 anos-luz de distância da Terra. Este planeta é ligeiramente maior do que Júpiter, mas tem apenas uma fração da sua massa, o que o torna "inchado".
"Parte da atmosfera deste planeta está se movendo na nossa direção a grande velocidade, enquanto outra parte se afasta de nós à mesma velocidade," explicou Lisa Nortmann, da Universidade de Gottingen. "Este sinal nos mostra que existe um vento de jato muito rápido, supersônico, que circula em torno do equador do planeta".
Esses ventos deslocam-se a uma velocidade quase seis vezes maior do que a velocidade com que o planeta gira em torno de si mesmo. "Isto é algo que nunca tínhamos observado anteriormente," disse Nortmann.
Trata-se do vento mais rápido já medido em uma corrente de jato circulando em volta de um planeta. Em comparação, o vento mais rápido já medido no Sistema Solar foi encontrado em Netuno, movendo-se a "apenas" 0,5 km por segundo (1.800 km/h).
A área de investigação dos exoplanetas está avançando rapidamente. Até poucos anos atrás, os astrônomos apenas podiam medir a massa e o raio dos planetas fora do Sistema Solar. Atualmente, telescópios como o VLT do ESO já permitem aos cientistas mapear o clima nesses mundos distantes e analisar suas atmosferas.
Ao medir a forma como a luz da estrela hospedeira viaja através da atmosfera superior do planeta, os astrônomos conseguiram determinar sua composição, confirmado a presença de vapor de água e moléculas de monóxido de carbono.
Mas, quando a equipe seguiu a velocidade desse material na atmosfera, observou um pico duplo, indicando que um lado da atmosfera está se movendo na nossa direção, enquanto o outro está se movendo para longe de nós a grande velocidade. O fenômeno que melhor descreve esse comportamento consiste em ventos de corrente de jato em torno do equador.
É interessante notar que, atualmente, estudos como este só podem ser realizados por observatórios terrestres, uma vez que os instrumentos existentes nos telescópios espaciais não têm a necessária precisão em velocidade. O telescópio ELT (Extremely Large Telescope), em construção perto do VLT, no Chile, permitirá aprofundar ainda mais os padrões climáticos de planetas distantes. "Isto significa que poderemos provavelmente resolver detalhes ainda mais finos dos padrões de vento e expandir esta investigação a planetas menores e rochosos," concluiu Nortmann.
Saiba mais:
Autores: L. Nortmann, F. Lesjak, F. Yan, D. Cont, S. Czesla, A. Lavail, A. D. Rains, E. Nagel, L. Boldt-Christmas, A. Hatzes, A. Reiners, N. Piskunov, O. Kochukhov, U. Heiter, D. Shulyak, M. Rengel, U. Seemann
Revista: Astronomy and Astrophysics
DOI: 10.1051/0004-6361/202450438
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