Buraco Negro é Observado Por Astrônomos Entrando em Atividade em Tempo Real

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[Imagem: ESO/M. Kornmesser]
Esta impressão artística mostra o disco crescente de matéria que é puxado pelo buraco negro à medida que ele se alimenta do gás disponível na sua vizinhança, iluminando a galáxia inteira.
 
Ontem, em 19/06, o portal Inovação Tecnológica reportou a observação de um fenômeno extraordinário: um buraco negro entrando em atividade em tempo real.
 
Segundo o portal, no final de 2019, a galáxia SDSS1335+0728, até então pouco estudada, começou a emitir luz de forma intensa de maneira repentina.
 
Para entender o que estava acontecendo, astrônomos utilizaram dados de vários observatórios terrestres e espaciais, incluindo o VLT no Chile, monitorando as mudanças no brilho da galáxia nos dias seguintes. Eles concluíram que estavam testemunhando pela primeira vez o despertar instantâneo de um imenso buraco negro no núcleo de uma galáxia.
 
"A imagem que temos é a de uma galáxia distante que observamos por anos, sempre estável e quieta," explica Paula Sáez, astrônoma do ESO na Alemanha. "De repente, o núcleo começou a exibir variações de brilho enormes, completamente diferentes de qualquer evento anteriormente observado."
 
Isso é exatamente o que ocorreu com a SDSS1335+0728, agora categorizada como possuindo um "núcleo galáctico ativo" - uma área compacta e brilhante alimentada por um buraco negro de grande massa.
 
Embora explosões de supernovas ou eventos de maré possam aumentar temporariamente o brilho de uma galáxia, essas variações geralmente duram apenas algumas dezenas ou centenas de dias. No entanto, a SDSS1335+0728 ainda continua a brilhar intensamente, mais de quatro anos após seu primeiro registro de "ativação".
 
Além disso, as variações observadas nesta galáxia, localizada a 300 milhões de anos-luz de distância na constelação de Virgem, são únicas e exigem uma explicação à parte.
 
[Imagem: ESO/M. Kornmesser]
Esta imagem artística mostra duas fases do evento: O núcleo desta galáxia acendeu-se em 2019 e continua ainda hoje a aumentar de brilho.
 
Para entender melhor essas mudanças de brilho, os astrônomos combinaram dados antigos com novas observações de vários observatórios ao redor do mundo. Comparando os dados antes e depois de dezembro de 2019, eles descobriram que a galáxia começou a emitir radiação muito mais intensamente, especialmente em ultravioleta, óptico e infravermelho, além de ter começado a emitir raios X em fevereiro de 2024.
 
"Esse comportamento é sem precedentes," disse Sáez. Lorena Hernández García, da Universidade de Valparaíso, no Chile, complementa: "A explicação mais provável para esse fenômeno é que estamos testemunhando o início da atividade no núcleo galáctico. Se isso for confirmado, será a primeira vez que observamos em tempo real a ativação de um buraco negro de grande massa."
 
Buracos negros massivos, com massas superiores a cem mil vezes a do Sol, residem no centro da maioria das galáxias, incluindo a nossa Via Láctea. "Esses gigantes normalmente estão adormecidos e são invisíveis," explicou Claudio Ricci, da Universidade Diego Portales, no Chile. "No caso da SDSS1335+0728, vimos o despertar súbito do buraco negro massivo, que começou a 'alimentar-se' intensamente do gás ao seu redor, tornando-se muito brilhante."
 
Observações anteriores já documentaram galáxias inativas que se tornaram ativas ao longo de anos, mas esta é a primeira vez que o processo de ativação de um buraco negro foi observado diretamente em tempo real. "Isso poderia acontecer também com o nosso Sgr A*, o buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea," disse Ricci, embora a probabilidade disso ainda não seja clara.
 
Novas observações são necessárias para descartar outras explicações possíveis. Existe a possibilidade de que tenhamos presenciado um evento de ruptura de maré de longa duração, ou até mesmo um fenômeno completamente novo. Se for um evento de maré, será o mais longo e fraco já registrado.
 
Saiba mais:
 
Autores: P. Sánchez-Sáez, L. Hernández-García, S. Bernal, A. Bayo, G. Calistro Rivera, F. E. Bauer, C. Ricci, A. Merloni, M. J. Graham, R. Cartier, P. Arévalo, R. J. Assef, A. Concas, D. Homan, M. Krumpe, P. Lira, A. Malyali, M.L. Martínez-Aldama, A. M. Muñoz Arancibia, A. Rau, G. Bruni, F. Förster, M. Pavez-Herrera, D. Tubín-Arenas M. Brightman
Revista: Astronomy & Astrophysics
DOI: 10.1051/0004-6361/202347957
 
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