Mais de 100 Pesquisadores Brasileiros Participam de Projeto de Supertelescópio Que Cobrirá Uma Área Observacional Equivalente a 40 Luas Cheias

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Imagem: Vera C. Rubin Onservatory / Divulgação

Ontem (08/06), o portal da Agência Brasil informou que mais de 100 pesquisadores brasileiros estão participando do projeto internacional Legacy Survey of Space and Time (LSST). Este projeto, que visa a construção de um supertelescópio, cobrirá uma área equivalente a 40 luas cheias quando apontado para o céu.
 
De acordo com a Agência Brasil, o supertelescópio será construído em Cerro Pachón, no Chile, e está previsto para entrar em operação em 2026. O LSST tem como objetivo criar o maior e mais completo mapa do universo, abrangendo 37 bilhões de estrelas e galáxias ao longo de dez anos.
 
O Brasil começou a participar do projeto em 2015, através de um acordo com o Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA), coordenado pelo Brazilian Participation Group (BPG-LSST). O LIneA é apoiado pelo Observatório Nacional (ON), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), e foi criado para dar suporte à participação brasileira em levantamentos astronômicos que geram grandes volumes de dados.
 
O LSST é uma colaboração internacional que envolve 28 países. Mais de 100 pesquisadores brasileiros de 26 universidades em 12 estados participam deste projeto. A pesquisa abrange várias áreas da astronomia e enfrenta desafios significativos devido ao grande volume de dados a ser analisado. Recentemente, três pesquisadores seniores do Brasil foram incluídos na equipe do LSST, entre eles Daniel de Oliveira, professor do Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF).
 
Foto: Daniel de Oliveira/Arquivo Pessoal
Professor da UFF Daniel de Oliveira participa do projeto LSST.
 
"Minha tarefa é apoiar os astrônomos na gestão dos dados, porque eles têm um volume muito grande de dados", explicou Daniel de Oliveira. Ele ajudará os astrônomos a extrair informações úteis dos dados rapidamente. "Minha função é auxiliar na parte computacional para resolver os problemas deles de astronomia, acelerando as análises para que tenham resultados o mais rápido possível", disse Oliveira à Agência Brasil.
 
Daniel de Oliveira realizará seu trabalho com seus alunos no Instituto de Computação da UFF. "Embora tenhamos reuniões com o pessoal do exterior, tudo é remoto, e podemos executar programas nas máquinas de outras universidades. Mas a pesquisa é feita aqui no Brasil, com alunos da UFF", afirmou. Ele trabalha junto com os pesquisadores do LIneA, que fornecem suporte na parte de astronomia.
 
Oliveira destacou que o LSST será o telescópio mais potente já construído, capturando informações do universo que antes eram inacessíveis devido a limitações de equipamento. "Isso gera um grande volume de dados. Minha participação é exatamente para processar esse volume de dados em tempo hábil, sem precisar esperar meses por uma conclusão." Ele desenvolverá algoritmos e tecnologias nas áreas de banco de dados, inteligência artificial e visualização.
 
O volume de dados capturado por noite é de aproximadamente 15 terabytes (TB), o que equivale a 3,2 bilhões de pixels. "Estima-se que o levantamento terá informações sobre áreas do universo nunca antes exploradas, identificando objetos que não podiam ser detectados antes do LSST", acrescentou Oliveira.
 
Devido ao grande volume de dados, o LSST terá três centros principais localizados na Califórnia (EUA), França e Escócia. O LIneA implantou um centro de dados chamado Independent Data Access Center (Idac-Brasil) para hospedar parte das informações do LSST. No total, serão dez centros regionais similares em todo o mundo. "Nós fomos selecionados para prestar esse serviço ao LSST", disse Luiz Nicolaci da Costa, diretor do LIneA e coordenador do Instituto Nacional de Tecnologia (INCT) do e-Universo.
 
Imagem: Vera C. Rubin Observatory/Divulgação
Câmera focal do projeto LSST.
 
A participação brasileira no projeto aumentará a inserção do país na comunidade astronômica internacional e contribuirá para a formação de novos recursos humanos de alto nível. O Idac-Brasil já está operando, mas está sendo aprimorado para lidar com a quantidade de dados esperada. "Estamos comprando novos equipamentos, preparando uma camada de software de suporte, treinando pessoal. A operação completa do LSST começa em 2026, com observações iniciando no próximo ano e o primeiro lote de dados disponível em 2026", explicou Nicolaci.
 
Nicolaci acredita que o LSST, em desenvolvimento desde 2000, representa uma mudança na forma de fazer ciência, tanto na obtenção de dados quanto no trabalho colaborativo. "É um projeto muito inovador, com um telescópio de 8 metros no Chile que fará o levantamento do céu do Hemisfério Sul por dez anos." Ele destacou que não haverá projeto semelhante no Hemisfério Norte, pois "o centro da nossa galáxia está no Hemisfério Sul", o que resultará em uma quantidade enorme de dados.
 
O telescópio funcionará de duas formas. A cada três dias, ele se volta para o mesmo lugar no céu, observando cada ponto mais de mil vezes em dez anos. "Vamos fazer um filme do universo dinâmico com as imagens adquiridas", explicou Nicolaci. As imagens coletadas serão somadas para criar uma imagem profunda de todo o Hemisfério Sul. "É uma quantidade de dados que a astronomia nunca teve. Um dilúvio de dados", afirmou. A câmera do LSST tem uma visão que corresponde a 40 luas cheias, permitindo capturar explosões e objetos em movimento.
 
Luiz Nicolaci da Costa destacou que a participação do Brasil no LSST pelos próximos dez anos precisará de apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A participação brasileira pode chegar a 175 pesquisadores, 80% jovens alunos, totalmente de graça. "O único custo será a operação de um centro de dados no Brasil. É uma oportunidade fantástica para a ciência brasileira."
 
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