Segundo Estudo Liderado Pela 'Universidade de Washington', 'Relâmpagos' Podem Desempenhar Um Papel Importante em Marte
Olá leitores e leitoras do BS!
Pois então, segue uma notícia postada ontem (24/02) no
site ‘Olhar Digital’ destacando que a
uma pesquisa liderada pela cientista planetária Alian Wang, da Universidade
de Washington, EUA, sugere que os Relâmpagos
em Marte podem ser a principal força motriz do ciclo do cloro em Marte, o que explicaria produtos químicos encontrados
lá por missões robóticas Saibam mais dessa história pela matéria abaixo.
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CIÊNCIA E ESPAÇO
Relâmpagos Podem Desempenhar Um Papel Importante em
Marte
Pesquisa sugere que eles podem ser a principal força
motriz do ciclo do cloro em Marte, o que explicaria produtos químicos encontrados
lá por missões robóticas
Flavia Correia
24/02/2023 - 16h32
Via: Website Olhar Digital - https://olhardigital.com.br
Há séculos, o clima de Marte tem sido objeto de interesse
científico. Apesar de ser menor e bem mais distante do Sol que a Terra, o Planeta Vermelho apresenta similaridades
climáticas importantes com o nosso mundo, tais como a presença de uma
atmosfera, capa de gelo nos polos, mudanças sazonais e a presença observável de
padrões climáticos.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
Um redemoinho de poeira na superfície de Marte, capturado pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), da NASA, em 2012. |
Por lá, tempestades e redemoinhos de poeira acontecem
regularmente, mas é no período do verão no hemisfério sul de Marte que elas se
tornam bastante perigosas, cobrindo áreas imensas durante semanas.
Uma vez a cada três anos marcianos (equivalente a cerca
de cinco anos e meio terrestres), as tempestades podem se tornar grandes o
suficiente para abranger todo o planeta e durar até dois meses.
Especialistas dizem que essas tempestades desempenham um
papel importante nos processos dinâmicos que moldam a superfície marciana.
Quando elas são especialmente fortes, o atrito entre os
grãos de poeira faz com que eles se tornem eletrificados, transferindo cargas
positivas e negativas através da eletricidade estática.
Uma pesquisa publicada nesta sexta-feira (24) na revista Geophysical Research Letters, liderada pela
cientista planetária Alian Wang, da Universidade de Washington, EUA, sugere que
essa potência elétrica pode ser a principal força motriz do ciclo do cloro
marciano.
Esse processo poderia explicar os abundantes percloratos
e outros produtos químicos que as missões robóticas já detectaram no solo do
planeta.
Wang e sua equipe demonstraram em seu estudo como a
descarga elétrica causada por tempestades de poeira poderia ser responsável
pela decomposição de sais de cloreto e pela criação de cloro atmosférico e
outros compostos químicos encontrados na superfície (cloratos, percloratos e
carbonatos).
O Cloro de Marte
Em Marte, o cloro é considerado um dos cinco “elementos
móveis”, sendo os outros hidrogênio, oxigênio, carbono e enxofre. Isso
significa que o cloro é transferido entre a superfície marciana e a atmosfera em diferentes formas.
Ele existe na forma gasosa na atmosfera, enquanto
depósitos de cloreto são encontrados em toda a superfície. Esses depósitos são
semelhantes às salinas encontradas em toda a Terra.
Assim como acontece por aqui, esses depósitos de cloreto
provavelmente são restos secos de poças salgadas de água que existiam na superfície.
Acredita-se que eles se formaram a partir de interações entre a superfície e a
atmosfera durante o chamado “período amazônico” – era geológica iniciada há
cerca de 3 bilhões de anos, quando Marte ainda estava em transição de um
ambiente mais quente e úmido para o que vemos lá hoje (extremamente frio e
seco).
Como não há mais troca entre a superfície e a atmosfera,
os cientistas se perguntavam como os depósitos atmosféricos de cloro e cloreto
poderiam estar ligados.
Em seu novo estudo, Wang e seus colegas demonstraram que
as descargas elétricas causadas por tempestades de poeira são uma maneira
eficiente de troca de cloro entre a superfície e o ar.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
Imagem de uma tempestade de poeira marciana adquirida pela Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), da NASA, em 2007. |
Segundo o site Science Alert, a hipótese de que
tempestades de poeira possam ser uma fonte de química reativa em Marte foi
proposta pela primeira vez quando as missões Viking 1 e 2 pousaram no planeta,
na década de 1970.
No entanto, os efeitos químicos das atividades de poeira
foram difíceis de estudar desde que o módulo de pouso Schiaparelli, da Agência Espacial Europeia (ESA) – que estudaria o fenômeno
– caiu na superfície, em 2016.
Como resultado, os cientistas tiveram que se ater à
modelagem climática e aos estudos experimentais, incluindo pesquisas que o
próprio Wang e outros cientistas planetários fizeram nos últimos anos.
Esses estudos mostraram que quando as descargas
eletrostáticas interagem com sais de cloro em um ambiente rico em dióxido de
carbono (como a atmosfera marciana), o gás cloro é liberado e percloratos e
carbonatos podem ser gerados.
Um Relâmpago Diferente
Com a abordagem mais recente de Wang, foi a primeira vez
que cientistas planetários tentaram quantificar quanto desses produtos químicos
são produzidos durante as tempestades de poeira marcianas.
Isso foi feito por meio de uma série de experimentos na
Câmara de Análise e Ambiente Planetário da Universidade de Washington (PEACh),
onde a equipe submeteu vários sais minerais de cloreto comuns a descargas
elétricas em condições semelhantes às de Marte.
Eles descobriram que as descargas elétricas foram
responsáveis pelas concentrações globais muito altas de compostos de perclorato
e carbonato no solo marciano – embora as taxas de formação fossem ligeiramente
menores. O experimento também mostrou que as faixas de concentração observadas
poderiam ser acumuladas dentro da metade do período amazônico.
Por fim, os altos rendimentos podem explicar as altas
concentrações atmosféricas de cloreto de hidrogênio observadas durante as
tempestades de poeira de 2018 e 2019.
“A alta taxa de liberação de cloro de cloretos comuns
revelada por este estudo indica um caminho promissor para converter cloretos de
superfície para as fases gasosas que agora vemos na atmosfera”, disse Kevin
Olsen, pesquisador da Universidade Aberta e coautor do novo estudo. “Essas
descobertas oferecem suporte de que as atividades de poeira marciana podem
impulsionar um ciclo global de cloro”.
Outra conclusão interessante deste estudo foi como a
equipe teorizou como as descargas eletrostáticas poderiam se parecer em Marte.
Segundo a pesquisa, a descarga não se pareceria com um raio. Em vez disso,
seria mais como um brilho, devido à fina atmosfera marciana. “Pode ser um pouco
como a aurora em regiões polares da Terra, onde elétrons energéticos colidem
com elementos químicos atmosféricos diluídos”, disse ela.
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