Dados Recentes do 'Telescópio Espacial James Webb' de Galáxias Que Não Deveriam Existir Questionam Modelo do Big Bang
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma notícia postada ontem (23/02), no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando que dados do Telescópio Espacial James Webb
estão rapidamente contestando as descrições dos primórdios do Universo feitas
com base no Modelo do Big Bang. Saibam mais sobre essa notícia pela
matéria abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Galáxias Que Não Deveriam Existir Questionam Modelo do
Big Bang
Redação do Site Inovação Tecnológica
23/02/2023
[Imagem: G. Brammer/University of
Copenhagen-NASA/ESA/CSA/I. Labbe]
Agora será necessário obter espectros dos seis candidatos, para confirmar que são mesmo galáxias e checar sua composição. |
Contra Fatos...
Talvez seja melhor você se acostumar com manchetes desse
tipo: Os dados do telescópio espacial James Webb estão rapidamente contestando
as descrições dos primórdios do Universo feitas com base no modelo do Big Bang.
Os primeiros astrônomos que viram as primeiras imagens do
Webb rapidamente anunciaram que teríamos que rever todo o nosso modelo padrão
da cosmologia, mas isso gerou uma reação igualmente rápida, com as maiores
autoridades da comunidade astronômica tentando colocar panos quentes na
situação, afirmando que poderíamos salvar nossas melhores teorias apenas
ajustando algumas questões, como o processo de formação das galáxias.
Mas a publicação dos artigos científicos descrevendo
aquelas primeiras imagens, um processo que começou há poucas semanas, está
rapidamente esgotando os estoques de panos aquecidos de posse dos mais apegados
às teorias atuais.
Agora, uma equipe internacional de astrofísicos
identificou nas imagens do Webb vários corpos celestes que não deveriam
existir, segundo as teorias atuais: São seis candidatos a galáxias - será
necessário confirmar que são mesmo - que surgiram tão cedo na história do Universo
e que são tão massivas que nenhuma vertente da teoria cosmológica atual
consegue explicar.
Embora não sejam as galáxias
mais antigas fotografadas pelo Webb, estas são enormes, pelo menos uma
delas mais ou menos do tamanho da Via Láctea, e brilham em vermelho, mostrando
que suas estrelas constituintes são antigas, derrubando o pano quente de que só
precisaríamos ajustar nossos modelos quanto à velocidade de formação das
galáxias.
"É insano," disse Erica Nelson, da Universidade
do Colorado em Boulder. "Você simplesmente não espera que o Universo primitivo
seja capaz de se organizar tão rapidamente. Essas galáxias não deveriam ter
tido tempo de se formar."
Luz Vermelha Demais e Matéria Demais
Como sabemos pelo conhecido fenômeno do desvio
para o vermelho, em astronomia uma luz vermelha tipicamente significa uma
luz mais antiga.
Como o Universo vem se expandindo desde o início dos
tempos, as galáxias e outros objetos celestes estão continuamente se afastando,
fazendo com que a luz que eles emitem se estique. Conforme o comprimento de
onda da luz é esticado por esse fenômeno, ela aparece aos nossos olhos cada vez
mais vermelha, enquanto a luz de objetos que se aproximam de nós vai ficando mais
azulada.
Assim, ninguém esperava observar galáxias com luz
majoritariamente vermelha tão no início do Universo - os seis candidatos a
galáxias parecem ter surgido em uma janela entre 500 e 700 milhões de anos após
o Big Bang.
Mais do que isso, os cálculos da equipe indicam que são
todas gigantescas, abrigando de dezenas a centenas de bilhões de estrelas do
tamanho do Sol, o que lhes daria uma massa equivalente à da Via Láctea. "A
Via Láctea forma cerca de uma a duas novas estrelas a cada ano," disse
Erica. "Algumas dessas galáxias teriam que formar centenas de novas
estrelas por ano durante toda a história do Universo."
Outra evidência do caráter revolucionário destas
observações é que não deveria haver matéria normal suficiente naquela época
para formar tantas estrelas tão rapidamente - os primeiros cálculos indicam
duas ordens de grandeza mais matéria do que os modelos cosmológicos mais
corajosos propunham.
É bom lembrar que os primeiros resultados do telescópio
espacial Hubble também foram avassaladores para as teorias e modelos
cosmológicos: Até então, os astrônomos acreditavam que as primeiras galáxias só
poderiam ter-se formado bilhões de anos após o Big Bang.
"Embora já tenhamos aprendido nossa lição com o
Hubble, ainda assim não esperávamos que o James Webb visse tais galáxias
maduras existindo tão longe no tempo," disse Erica.
Bibliografia:
Artigo: A
population of red candidate massive galaxies ~600 Myr after the Big Bang
Autores: Ivo
Labbé, Pieter van Dokkum, Erica Nelson, Rachel Bezanson, Katherine A. Suess,
Joel Leja, Gabriel Brammer, Katherine Whitaker, Elijah Mathews, Mauro Stefanon,
Bingjie Wang
Revista: Nature
DOI:
10.1038/s41586-023-05786-2
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