A Importância da 'Operação EUGÊNIO DE MELO – C' e os Seus Desdobramentos

Olá leitores e leitoras do BS!
 
Por Duda Falcão
 
Pois então, apesar de estar muito chateado e perdendo novamente a motivação de continuar trazendo para Sociedade Brasileira notícias sobre o nosso 'Patinho Feio', este cada vez mais estagnado nas fantasias de um ministro falastrão, moroso e incompetente, temos ciência de que muitos que acompanham o BS ficam esperando os nossos artigos (meu e do Prof. Rui Botelho) no intuito de se informar melhor sobre o que acontece nos bastidores desta velha senhora obesa e cheia de vícios, ou no intuito de saber o quanto sabemos da verdade sobre esta 'fantasia direcionada' que se tornou as atividades espaciais governamentais. Portanto caros amigos leitores, as essas duas correntes me direciono dizendo: Continue nos acompanhando para que assim possamos satisfazer a Gregos e Troianos, rsrsrsrsrs.
 
Dito isso, gostaria de lembrar aos leitores que dias atrás eu disse em um de meus artigos que, devido ao meu afastamento do BS, levaria ainda um tempo até que pudesse voltar a velha forma e trazer as informações que vocês não acham em nenhum outro lugar, nem na mídia tradicional nem na mídia alternativa brasileira, informações que fizeram o nome do BS nesses quase 13 anos online (completaremos 13 anos no próximo 30/04) e que transformaram o Blog no que é hoje, uma  grande fonte de informação (até mesmo para grande mídia) que agrada há muitos, bem como também preocupa aqueles que usam o PEB para vender fantasias ou como um meio único de obter retorno financeiro.
 
Mas vamos lá, o que abordarei neste artigo de hoje é uma ação importante realizada em setembro de 2021 pelo cada vez mais inoperante 'Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)', já que esta ação estar não só ligada (pelo que parece pelo menos) a fase final de desenvolvimento de um novo produto por este instituto, bem como também diretamente a realização da 'Operação Santa Branca' (denominação esquisita e que pode gerar problema com essa gente que costuma exagerar em defesa da luta contra o racismo e inclusão social), operação esta que é muito importante para as atividades espaciais do país. Afinal caros amigos, a mesma parece finalmente representar o fim de uma grande novela e a realização do primeiro voo de qualificação (não sei se haverá outros) da tão aguardada 'Plataforma Suborbital de Microgravidade (PSM)', plataforma esta que é o resultado de um projeto do IAE em parceria com a empresa 'Orbital Engenharia' (empresa do 'Old Space' contratada para fabricação da plataforma através de um 'Termo de Convênio' assinado entre as duas partes em 21/12/2007) e que infelizmente se arrastou por mais de uma década como se pode notar.
 
Fonte: IAE
Concepção do Modelo de Qualificação da PSM.

Modelo de Qualificação da PSM Integrado.

Porém amigos leitores, a ação do IAE realizada em setembro do ano passado que eu me refiro foi a 'Operação EUGÊNIO DE MELO – C' (continuada), que na verdade tratou-se dos ensaios em voo associados ao projeto do 'Módulo de Recuperação de Cargas Espaciais por Paraquedas (MRCEP)', módulo este importantíssimo para a operacionalização da própria PSM, bem como acredito eu também da PSR (projeto este que abordarei mais abaixo), afinal sem um sistema de recuperação por paraquedas que fosse eficiente, o esforço tremendamente 'moroso' da empresa 'Orbital Engenharia' ao final de nada valeria.
 
Fotos: Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)
Fotos da 'Operação EUGÊNIO DE MELO – C'.
 
Vale esclarecer aos nossos leitores que este 'Projeto MRCEP' é 100% nacional e foi desenvolvido pelo IAE com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC) através da politicamente desprestigiada Agência Espacial de Brinquedo (AEB).
 
E para que os leitores menos antenados com o setor possam melhor entender a importância deste módulo, vale esclarecer também que, até então, o sistema de recuperação utilizado pelo PEB era adquirido internacionalmente conjuntamente com as plataformas, através das famosas permutas do IAE com o DLR alemão. Assim sendo, diante de um cenário como este, o desenvolvimento de um 'Sistema Modular de Recuperação de Cargas Espaciais por Paraquedas' (paraquedas estes que vale dizer foram desenvolvidos pela empresa AEROVERTICAL–Sistema) tem como objetivo suprir estas necessidades brasileiras, permitindo assim que diversos experimentos embarcados em foguetes suborbitais de missões nacionais, possam finalmente ser recuperados com tecnologia e mão-de-obra nacional, e segundo o IAE, a custos reduzidos, coisa que duvido muito tendo a 'Orbital Engenharia' como parte integrante deste projeto como um todo.
 
Quanto a tal 'Operação EUGÊNIO DE MELO – C', segundo nota do IAE (veja na íntegra aqui), os ensaios em voos foram realizados com vários 'mockups' com diferentes massas e configurações de paraquedas (PQD) viabilizando assim a caracterização dos PQD através:
 
* do código computacional
 
* da análise da dinâmica de voo dos PQDs
 
* da estabilidade
 
* do modo de extração de PQD
 
* da velocidade de queda
 
* entre outros aspectos.
 
Ainda segundo o IAE, é importante também salientar que os mockups lançados serviram para realizar o 'preset da operação', que tratou do treinamento da tripulação do helicóptero H-36 usado na operação, treinamento da equipe de resgate SAR e da configuração de lançamentos dos mockups.
 
Dentre os 'mockups' usados nesta campanha de ensaios destacou-se o da PSR (Plataforma Suborbital de Reentrada) que apresenta similaridade (em termos de massa e geometria) com as cargas úteis utilizadas em missões de lançamentos nacionais.
 
Vale dizer que o lançamento do mockup PSR que foi o objeto principal da análise desta campanha de voos, ocorreu a uma altitude de 6500 ft (2 km), tendo este lançamento apresentado três eventos. Foram eles:
 
(I) queda livre por 17 seg após a separação, atingindo uma velocidade de 587 km/h;
 
(II) abertura do PQD Piloto de Estabilização do mockup; e 
 
(III) abertura do PQD principal. 
 
Ressalta-se também que na fase (II) deste lançamento foi utilizado o subsistema Pistão ejetor para extração do PQD Piloto e a Guilhotina para corte e liberação do referido PQD.
 
Complementando, a velocidade terminal do mockup da PSR induzida pela ação PQD Principal foi da ordem de 10 m/s até o impacto na água. Sendo assim importante salientar que o mockup PSR é hermético, e assim capaz de manter sua flutuabilidade durante toda a fase de resgate no mar.
 
Para finalizar, ainda segundo a nota do IAE, dentre os subsistemas desenvolvidos neste Projeto do MRCEP e integrados no mockup PSR, se destacaram:
 
(I) PQD Piloto, dimensionado para atuar em regime de altas velocidades. Sua função é a vetorização da carga, redução de velocidade e extração do PQD Principal. O PQD Piloto apresenta resistência estrutural da ordem de 4000 kgf;
 
(II) PQD principal, que tem como função estabilizar a carga na velocidade de 10 m/s até o impacto na água;
 
(III) Pistão Ejetor, responsável pela extração do PQD Piloto;
 
(IV) Guilhotina de Corte de Umbilical, utilizado para a liberação do PQD Piloto e, consequentemente, a extração do PQD Principal durante o voo;
 
(V) Guilhotina de Retardo Pirotécnico, utilizada no processo de reefing do PQD Principal. O reefing é uma técnica que promove a abertura do PQD Principal em duas etapas, minimizando os esforços durante o processo de abertura. Além desses subsistemas foram testados modo de abertura das bolsas dos PQD e dressings (procedimentos de fixação dos PQD no canister - tubo que aloja o PQD).
 
A nota do IAE também é acompanhada por outras informações menos relevantes, bem como as opiniões dos militares sobre este 'Projeto MRCEP', e caso os nossos leitores queiram vê-la na integra, use o link disponibilizado mais acima, ou então vá direto ao site do IAE.
 
Plataforma Suborbital de Reentrada (PSR)
 
Já quanto a tal PSR, o uso da mesma nesta campanha de pré-lançamento do 'Projeto MRCEP', não me surpreende, afinal esta plataforma fez seu voo de qualificação durante a realização da 'Operação Mutiti', realizada no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) de 19/11 à 09/12/2018, quando então um foguete VS-30 (V14) levou ao espaço 5 experimentos, um dos quais inclusive ligado ao próprio Projeto da PSM.
 
Vale esclarecer que a Plataforma Suborbital de Reentrada (PSR), segundo fiquei sabendo através de uma de minhas fontes tempos atrás, é uma plataforma mais simples que oferece menos serviços aos experimentos em comparação à PSM, totalmente nacional e que foi desenvolvida dentro do próprio IAE, sendo inclusive muito similar a plataforma que foi lançada durante a 'Operação Brasil-Alemanha' (realizada no CLBI entre novembro e dezembro de 2011).
 
Foto: Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)
Foto da 'Plataforma Suborbital de Reentrada (PSR)', durante a realização da 'Operação Mutiti'.

O engraçado nessa historia toda é que, pelo que parece, com a demora da 'Orbital Engenharia' em entregar a PSM, do Instituto precisar de uma plataforma, pois não dispunha de nenhuma naquele momento, e o fato da 'Operação Mutiti' ter sido adiada por diversas vezes, isso fez com que o próprio instituto, sem fazer nenhum alarde,  resolvesse se mexer, e assim desenvolver esta Plataforma, para assim permitir a realização da operação citada. E caso esta nossa observação esteja próxima da realidade, vale aqui ressaltar amigos leitores que, pelo menos neste caso especifico, esta atitude o IAE não só demonstrou na época dinamismo, bem como amadurecimento, dando uma solução rápida para o problema, e principalmente sem atuar como uma agencia de publicidade. Afinal caros leitores, neste setor 'Discrição' é também e principalmente uma das bases do sucesso. A 'Operação Mutiti' que o diga.
 
Para finalizar, vale informar que a tal 'Operação Santa Branca', caso não haja mais atrasos, deverá ser realizada no terceiro semestre deste ano, do agora denominado Centro Espacial de Alcântara (CEA), fiquem atentos!

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