Artigo: Como Projetar Uma Vela Que Não Vai Rasgar ou Derreter em Uma Viagem Interestelar
Olá
leitores e leitoras do BS!
Por Duda
Falcão
Segue
abaixo um interessante artigo postado ontem (30/03)
no site ‘Inovação Tecnológica’ destacando que uma equipe responsável pela Iniciativa Starshot está levando a
sério a ideia de enviar Nanonaves para fazerem a Primeira Viagem Interestelar.
Bom leitores do BS, quem me conhece sabe bem que eu não sou um
entusiasta desta tecnologia de ‘Propulsão a Vela’, mas tenho de
reconhecer que a mesma esta num estágio de conceito bem mais avançado do que a Propulsão
Nuclear já abordada essa manhã que no BS, inclusive já tendo
realizado alguns voos espaciais como bem citado pelo artigo abaixo.
Além disso, e como evidentemente era de se esperar, essa tecnologia vem
sendo muito pesquisada por varias equipes de cientistas, engenheiros e
pesquisadores ao redor do mundo, inclusive aqui no Brasil, onde a
startup espacial brasileira CRON Sistemas e Tecnologias Ltda, locada na cidade
de São José dos Campos-SP, e já abordada aqui no BS em outras
oportunidades, vem lutando já há algum viabilizar um projeto de um nanossatélite científico movido por Propulsão a Vela, mas neste caso especifico uma Vela
Solar.
ESPAÇO
Como Projetar Uma Vela Que Não Vai Rasgar ou Derreter em Uma Viagem Interestelar
Redação do
Site Inovação Tecnológica
30/03/2022
[Imagem: Masumi
Shibata/Breakthrough Initiatives]
Concepção artística da espaçonave Starshot durante a aceleração por uma matriz de lasers disparados da Terra. |
Velas Impulsionadas a Laser
A equipe
responsável pela Iniciativa Starshot está
levando a sério a ideia de enviar nanonaves para fazerem a primeira viagem
interestelar.
Enquanto
uma nave impulsionada por um foguete levaria 80.000 anos para chegar à estrela
mais próxima de nós, Alfa Centauro, a expectativa da equipe é usar uma versão
modificada das velas solares para fazer a
viagem em meros 20 anos.
Para isso,
porém, não dá para ficar dependendo dos fótons emitidos pelo Sol para
impulsionar a vela solar: A ideia é dirigir poderosos feixes de laser, que
terão energia suficiente para levar as minúsculas naves até frações significativas
da velocidade da luz.
Ao tentar
colocar a ideia em prática, contudo, começaram a surgir as complicações, como,
por exemplo, que material usar para fabricar uma vela solar que não apenas
sobreviva à viagem interestelar - não rasgando - e que simplesmente não derreta
com a incidência do laser.
No projeto
Starshot, dado que o alvo dos lasers, fornecendo uma intensidade de luz milhões
de vezes maior que a do Sol, seria uma estrutura de três metros de diâmetro e
mil vezes mais fina que uma folha de papel, descobrir como evitar que a vela
rasgue ou derreta é um grande desafio de projeto.
A equipe
acaba de publicar dois artigos, nos quais eles apresentam as melhores soluções
que encontraram até agora.
Velas de Luz em Formato de Paraquedas
A primeira
surpresa é que as velas de luz da Starshot - que se pretende construir com
folhas ultrafinas de óxido de alumínio e dissulfeto de molibdênio - não poderão
ser planas como as velas solares já testadas no espaço por missões da NASA e da
JAXA, e nem mesmo se contentarão com o já sugerido formato parabólico.
[Imagem: Matthew
F. Campbell et al. - 10.1021/acs.nanolett.1c03272]
Em vez
disso, elas lembrarão mais um paraquedas muito fundo. A equipe chegou a uma
estrutura curva, tão profunda quanto larga, porque ela seria mais capaz de
suportar a tensão da hiperaceleração da nave, o que deverá gerar um puxão
milhares de vezes maior que a gravidade da Terra, o que forçaria muito o
material se ele ficar muito distendido.
"Os
fótons do laser encherão a vela como o ar infla uma bola de praia,"
ilustrou o pesquisador Matthew Campbell. "E sabemos que recipientes leves
e pressurizados devem ser esféricos ou cilíndricos para evitar rasgos e
rachaduras. Pense em tanques de propano ou mesmo tanques de combustível em
foguetes."
[Imagem: John
Brewer et al. - 10.1021/acs.nanolett.1c03273]
Dissipação Térmica
E, como a
equipe mostra em seu segundo artigo, tampouco a vela poderá ser lisa como as
que têm sido testadas, e como a própria equipe havia projetado até agora,
porque o calor poderia ameaçar a integridade da vela.
O
pesquisador John Brewer projetou então um padrão em nanoescala que deverá ser
"impresso" sobre o tecido, juntamente com nanofuros toda a extensão
da vela, garantindo uma maior eficiência na dissipação do calor que vem junto
com um feixe de laser um milhão de vezes mais intenso que a luz do Sol.
Um ganho
adicional deste projeto é que, fazendo o espaçamento dos furos corresponder ao
comprimento de onda da luz, e o espaçamento das nano-ranhuras corresponder ao
comprimento de onda da emissão térmica, a vela poderá suportar um impulso
inicial ainda mais forte, reduzindo o tempo que os lasers precisarão permanecer
em seu alvo.
"Alguns
anos atrás, até mesmo pensar ou fazer um trabalho teórico sobre esse tipo de
conceito era considerado absurdo. Agora, não temos apenas um projeto, mas um
projeto baseado em materiais reais disponíveis em nossos laboratórios. Nosso
plano para o futuro será fabricar essas estruturas em pequena escala e
testá-las com lasers de alta potência," disse o professor Deep Jariwala,
membro da equipe.
Bibliografia:
Artigo: Relativistic
Light Sails Need to Billow
Autores:
Matthew F. Campbell, John Brewer, Deep Jariwala, Aaswath P. Raman, Igor Bargatin
Revista:
Nano Letters
Vol.: 22,
1, 90-96
DOI:
10.1021/acs.nanolett.1c03272
Artigo: Multiscale
Photonic Emissivity Engineering for Relativistic Lightsail Thermal Regulation
Autores:
John Brewer, Matthew F. Campbell, Pawan Kumar, Sachin Kulkarni, Deep Jariwala, Igor
Bargatin, Aaswath P. Raman
Revista:
Nano Letters
Vol.: 22,
2, 594-601
DOI:
10.1021/acs.nanolett.1c03273
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