Canal Caiafa Master Entrevista Representantes da Vaya Space do Brasil

Olá leitores e leitoras do BS!
 
Por Duda Falcão
 
O jornalista 'Roberto Caiafa' do canal 'Caiafa Master' realizou no último dia 16/03 uma live esclarecedora com os representantes da startup americana 'VAYA Space', o Srs. Cris Pinto (Diretor de Novos Negócios para a América Latina) e Darcton Damião (Vice-Presidente de Operação para América Latina), e o BS trás na integra essa live vocês.
 

Bom, nessa live os representantes da 'VAYA SPACE' confirmam, a instalação em breve de uma fabrica de foguetes híbridos no Brasil movidos por um propelente derivado de 'Garrafa Pet', e com a participação de 150 à 200 técnicos brasileiros, tendo este projeto contado até o momento com o apoio total do MCTI, FAB, DCTA, IAE, AEB entre outros, mas que este que vos fala acha bastante improvável de ocorrer, pelo menos da forma como foi colocado pelos representantes desta empresa.
 
Entretanto amigos leitores em dado momento uma das pessoas que acompanhavam a live, mais precisamente, o Sr. José Fernandes, fez uma pergunta bastante pertinente, apesar da mesma não ter tido a profundidade que deveria ter, quando o mesmo perguntou:  "​Se amanhã essa empresa eventualmente quisesse vender seus serviços para um determinado país os americanos poderiam vetar? Igual fazem com os Super Tucanos da Embraer por exemplo?"
 
Pois então em minha opinião a resposta dada pelo Sr. Dactom Damião demonstrou que o mesmo está muito mal informado, ou é inocente ou faltou com a verdade. Afinal amigos leitores e leitoras, o próprio acordo de Salvaguardas da Base de Alcântara assinado com os EUA, para um bom entendedor, já deixa claro que isso não seria possível, fora o tal ITAR (International Traffic in Arms Regulations), que apesar de ser um regime regulatório da área de Defesa, não se pode esquecer que um lançador de satélite e suas tecnologias associadas são 'duais', ou seja, podem ser utilizados por exemplo, para o desenvolvimento de um míssil intercontinental.
 
Assim sendo, amigos leitores, a instalação de uma fabrica no Brasil com tecnologia americana para construir foguetes no país com a participação de técnicos brasileiros não tem a mínima possibilidade de se concretizar, o máximo uma integradora de peças tipo sistema CKD, e mesmo assim com participação bastante restrita de brasileiros e que mesmo assim não acredito ser possível. Outra possibilidade (visando enganar tolos de plantão) seria desenvolver no Brasil equipamentos de apoio de lançamento, como por exemplo, uma carreta de transporte de motores e até peças de plataformas de lançamento, que convenhamos, não precisamos de americanos para isso.
 
Além disso, creio eu que, imprimir motores de foguetinhos em 'impressoras 3D' é uma coisa, já imprimir motores para um foguete orbital com 35 metros de altura é outra coisa muito diferente. Além disso, outra coisa amigos que não podemos esquecer de citar, e que os representantes da empresa ao que parece convenientemente esqueceram de abordar nessa entrevista, um fato muito interessante, ou seja, que na verdade a 'VAYA Space' era conhecida anteriormente como 'Rockets Crafters Inc', uma empresa que mudou de nome nos EUA após um acidente que ocorreu em Cocoa, na Flórida (EUA) em fevereiro de 2020, sede da empresa, quando a mesma estava realizando um teste de motor, o que resultou em um acidente que enviou detritos voadores para todos os lados, além de ter iniciado pequenos incêndios (veja aqui e aqui).

Pois então, pouco depois, o presidente da empresa veio a falar para o canal 'WKMG News 6' da Flórida, sobre este acidente (veja aqui) e agora a 'Rockets Crafters Inc', sem ter comprovado sequer ainda eficiência de sua tecnologia, e como num passe de mágica, aparece no Brasil como 'VAYA Space', e com os seus representantes dizendo que vão fazer e acontecer, além de garatirem que a sua tecnologia é segura. E o pior disso tudo amigos leitores, é que segundo eles, contanto com todo o apoio (engraçado em contrapartida as startups espaciais desta área no Brasil não tem esse mesmo apoio entusiástico) dos 'exemplares' órgãos que representam os interesses da atividades espaciais no país. Lamentável!
 
Amigos do BS, vamos deixar as fantasias de lado, se realmente o governo brasileiro estivesse interessado em dominar o ciclo completo de acesso ao espaço (coisa hoje que eu duvido muito até que me provem do contrário), o Brasil precisaria parar de tentar achar atalhos e fazer o que tem de ser feito, como ocorreu em outros países, ou seja, terá de apostar nas startups espaciais brasileiras da área de foguetes e de tecnologias associadas, que hoje, sem qualquer margem de duvida, são as que em um curto período de tempo (dois ou três anos) poderão dotar o Brasil de veículos lançadores de todas as ordens, e de forma competitiva internacionalmente.
 
Fora o fato, vale aqui lembrar, que precisamos fazer isso o mais breve possível (na verdade já devíamos ter feito), não só por questões comerciais, mas também e principalmente, como sabiamente vem dizendo há bastante tempo o Dr. Waldemar Castro Leite da startup 'CLC Consultoria', por questões estratégicas e de soberania nacional. Chega brasileiros de palhaçada e de vender fantasias, vamos fazer o que tem de ser feito.

No entanto, quero que fique bem claro a todos que, não quero dizer com isso que eu sou contrário a operação da 'VAYA Space' no Brasil, porém desde que a mesma seja realizada com segurança, sem qualquer espécie de favorecimento em detrimento a empresas realmente brasileiras, e somente e exclusivamente na prestação de serviços de lançamento de cargas úteis e satélites de Alcântara, como assim prevê o Acordo assinado com os EUA. Ou seja, chegada em Alcântara, realização de atividades de preparação para o lançamento, lançamento da carga útil, empacotamento dos seus pertences e do cliente e bye bye Brasil, como alias acontece em outros centros espaciais do mundo. E caso seja necessário um escritório no país para vender este serviço de lançamento para entidades brasileiras e sul-americanas, que assim seja, mas que fique somente restrito a este tipo de prestação de serviço, ponto.

Comentários

  1. Excelente entrevista, gostei das novidades que ouvi , parabéns ao Roberto Caiafa .

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  2. Concordo Duda.
    Gastamos fortunas com atalhos, o famoso ToT, mas nunca fazemos planejamento para o longo prazo.
    E isto não ocorre no PEB. Ocorre frequentemente também nas Forças Armadas.
    Existe uma preguiça governamental incrível no investimento em P&D. O resultado e retorno precisa ser sempre para curto prazo.
    Quando é fechado um contrato de ToT com uma empresa estrangeira, após o término do mesmo o processo e conhecimento adquirido raramente é fomentado. O conhecimento se perde.
    Uma das poucas exceções é a Embraer, que soube tirar proveito do contrato com os italianos.

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