Habitat Marte: Centro de Treinamento no Rio Grande do Norte Forma Aspirantes a Astronautas
Olá leitores e leitoras do BS!
Pois então, segue abaixo uma matéria publicada pelo site
do Jornal Correio Braziliense tendo como tema o ‘Habitat Marte’, um centro de treinamento de exploradores do espaço que
existe em pleno Sertão do Rio Grande do Norte e já abordado aqui no BS. Saibam mais dessa historia pela matéria
abaixo.
Pois então, não é
bem assim como sinaliza o sub-titulo da matéria. Vamos com calma, o Habitat
Marte não é replica de nada, já que para que uma copia seja feita é necessário que
exista algo para ser copiado, e até onde sabemos, fora das chamadas ‘Teorias da
Conspiração’ não existe ainda nenhuma Base Espacial em Marte e nem na Lua. Mas
enfim...
Entretanto isso
não desqualifica ou diminui em nada o grande trabalho que a equipe do professor Júlio Rezende vem
realizando com Habitat Marte como já sinalizamos em outras
oportunidades.
Brazilian Space
INÍCIO - EU
ESTUDANTE - TRABALHO & FORMAÇÃO
Centro de Treinamento no Rio Grande do Norte Forma Aspirantes a Astronautas
Réplica de
estação espacial no sertão nordestino simula vida em Marte com alunos que
desejam se profissionalizar em exploração espacial
Por Vicente Nunes
Correspondente
Postado em
03/12/2023 - 06:00
Atualizado em
03/12/2023 - 06:00
Fonte: Jornal
Correio Braziliense - https://www-correiobraziliense-com-br
(Crédito:
Divulgação)
Lisboa — Poucas
imagens conseguem atrair tanto a atenção mundo afora quanto a de um foguete
decolando rumo ao espaço. Por mais que a ciência e a tecnologia estejam
avançadas, com a inteligência artificial quebrando barreiras, o que existe fora
da Terra continua sendo um grande mistério. Não à toa, empresas privadas, ao
lado das agências de governos, como a NASA, dos Estados Unidos, estão se
aventurando por esse desconhecido, e algumas já falam em turismo ao redor do
planeta, quiçá, na Lua.
Pois o que era um
mercado profissional restrito a pouquíssimos eleitos, a ponto de se
transformarem em personalidades mundiais, está ganhando um impulso espetacular.
Nunca se precisou tanto de astronautas. E uma das principais escolas de
formação desses exploradores do espaço fica no sertão potiguar, mais
precisamente em Caiçara do Rio do Vento, a 100 quilômetros de Natal.
"Estamos bem no meio da caatinga", diz o professor Júlio Rezende, da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, criador do Habitat Marte.
A ideia de fazer
uma réplica de uma estação espacial — a única do Hemisfério Sul — no interior
do Rio Grande do Norte nasceu em 2017, quando uma equipe de pesquisadores
liderados por Rezende passou a trocar informações com representantes de um
centro de treinamento de astronautas no deserto de Utah, nos Estados Unidos.
"Nos aproximamos daquele grupo para ver como tudo funcionava, quais eram
os protocolos e como poderíamos adotá-los no Brasil. Tudo foi avançando até
que, em dezembro daquele ano, fizemos o primeiro curso", conta. Dali em
diante, mais de 900 pessoas já se formaram.
A Habitat Marte
simula o que seria a vida naquele planeta. "Na nossa estação, simulamos a
ocupação sustentável de Marte. O esgoto é tratado, a água reaproveitável e a
energia vem de placas solares", detalha o professor. Todo esse processo
foi facilitado porque, naquele local, já eram desenvolvidos estudos para a
ocupação mais sustentável da Terra. "Nossas construções só utilizam
resíduos, nada é retirado da natureza. E, nas nossas pesquisas, sempre visamos
resultados que possam ser usados no dia a dia da sociedade. Hoje, temos mais de
200 protocolos e muitos estudos em andamento", complementa ele, que
apresentou a estação espacial encravada na caatinga durante a Web Summit, a
maior feira de tecnologia do mundo.
Currículos Competitivos
(Foto: Vicente
Nunes Correspondente)
Nem mesmo a
pandemia do novo coronavírus interrompeu a formação de astronautas pela Habitat
Marte, que tem cursos programados para dezembro deste ano. Todas as simulações
foram feitas virtualmente, com participantes de várias partes do mundo.
"Temos alunos tanto do Brasil quanto do exterior. Já passaram pela nossa
estação pessoas de mais de 10 países", assegura o pesquisador. Entre elas,
a doutora Sian Proctor, astronauta norte-americana, escolhida como pilota para
a missão Inspiration 4, da SpaceX, em 2021.
A entrada da
SpaceX, de Elon Musk, e da Blue Origin, de Jeff Bezos, no mercado de pesquisas
espaciais, por sinal, provocou uma competição enorme por astronautas. "Por
isso, a procura por cursos aumentou", afirma Rezende. "As pessoas
querem estar preparadas para todos os processos seletivos que forem abertos,
sejam por parte das agências governamentais, sejam pelas companhias
privadas", emenda. Além da Habitat Marte, há estações semelhantes de
treinamento nos Estados Unidos, na Espanha e na Polônia. "Quanto melhores
e mais competitivos forem os currículos, maiores serão as chances de
contratação. Por isso, quem frequenta a nossa estação também participa de
cursos em outras localidades."
Outra vantagem
dos cursos é o aprendizado sobre como viver em ambientes extremos, assinala o
professor, preocupado com as rápidas mudanças climáticas pelas quais a Terra
está passando. "Ensinamos como produzir alimentos em ambientes
controlados, em estufas. Sabe-se que, com frio extremo ou calor extremo, a
produção de comida fica prejudicada. Portanto, precisamos de
alternativas", afirma. O Brasil, por exemplo, convive, neste momento, com
seca recorde no Amazônia e chuvas torrenciais no Sul do país, atrapalhando, nos
dois casos, o plantio e a colheita de alimentos.
Mas não é só. O
Habitat Marte tem uma enorme preocupação em estimular os jovens a se
interessarem pela ciência, pela matemática, pela engenharia e pela tecnologia.
Esse movimento ganha ainda mais relevância pelo fato de o projeto estar
instalado em uma região do semiárido, onde o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) deixa muito a desejar. "Mais conectados com a ciência, os jovens
terão condições melhores de disputar vagas em universidades públicas", diz
Rezende. "Temos tanto interesse nesse ponto, que estamos totalmente
abertos para visitas técnicas de escolas", acrescenta.
Complexo Espacial
(Foto: Arquivo
Pessoal)
Para Rezende, é
possível ampliar — e muito — os centros de pesquisas da Habitat Marte.
Atualmente, o projeto é mantido com recursos dos próprios pesquisadores e das
taxas pagas pelos alunos para os cursos. "Recentemente, tivemos um edital
aprovado pela Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), pelo
Sebrae e pela Fapern (Fundação de Amparo e Promoção da Ciência, Tecnologia e
Inovação do Rio Grande do Norte). Com os recursos, conseguiremos manter as
nossas instalações", destaca.
Um dos principais
passos que serão dados pelo projeto tem a ver com o funcionamento como um
complexo de pesquisas e treinamentos. "Temos o Habitat Marte e a Caverna
de Lava, que funciona em uma formação rochosa. Estamos construindo mais dois
centros, que serão complementares. Então, as pessoas poderão se sentir como em
uma vila em Marte. Os grupos vão ficar espalhados e poderão se comunicar,
trocando experiências e dividindo tarefas. Será um complexo aeroespacial",
conta. "E não há nada assim parecido no mundo", assegura.
A perspectiva é
de que, com esse complexo, mais visitantes estrangeiros aportem no sertão
potiguar interessados na experiência do que seria a vida em Marte. Há voos
diretos ligando Lisboa a Natal. "É interessante que temos registrado casos
de pessoas que nunca tinham viajado para fora de seus países e resolveram
conhecer nossas instalações. Um caso recente foi de uma jovem do México, que se
candidatou a uma missão. Mas temos participantes dos Estados Unidos, da Índia,
da Itália, da Alemanha, de Israel e da Polônia", revela.
O professor acredita
que a força do projeto é tão grande, que pode atrair o interesse de parceiros
privados."Temos conversados com algumas empresas",
afirma."Também estamos contactando algumas incubadoras, que trabalham com
internacionalização de empresas brasileiras, porque acreditamos que as missões
virtuais podem ser interessantes para a Europa, por exemplo, inclusive na área
educacional", frisa. "Queremos, ainda, atrair pesquisas de
universidades, pois todas as áreas de conhecimento têm algo que pode ser
aplicado no segmento aeroespacial", ensina.
Na Velocidade da Luz
Enquanto difundem
o conhecimento, Rezende e seu time de pesquisadores acompanham todos os
movimentos das agências espaciais e das empresas que operam no ramo para
identificar como e quando o homem efetivamente ocupará outros planetas.
Recentemente, houve um teste com o foguete Starship, da Space X. Esse veículo
era a esperança de que a ida a Marte ficaria mais perto. Mas o foguete explodiu
depois de quatro minutos da decolagem.
Esse insucesso em
nada diminuiu a esperança do professor e de demais cientistas de que, até 2030,
será possível a presença humana ou de robôs no planeta vermelho. "Estamos
na torcida. Nos próximos 10, 15 anos, haverá uma tecnologia para propulsores de
foguetes usando raios de luz, resultando em veículos muito mais rápidos. Hoje,
uma viagem para Marte leva de sete a oito meses e, com as novas técnicas,
poderá ser feita em um mês", explica. "São projetos que estão em
andamento, alguns em fase de testes, outros, bem avançados."
Conectada a tudo
o que de novo acontece no mundo da ciência e da tecnologia, Valéria Carrete,
diretora da startup r2u, vê com entusiasmo o trabalho conduzido pela equipe do
professor Rezende no sertão do Rio Grande do Norte. "Quando me deparei com
o Habitat Marte, fiquei impressionada. Não sabia que o Brasil estava tão
avançado nessa área espacial, a ponto de ter um centro de formação de
astronautas. Com certeza, esse projeto renderá muitos e bons frutos para o
país", sentencia.
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