Novo Estudo de Astrofísicos da 'Universidade da Califórnia', Aponta Ser Possível Identificar a Existência de Vida nas 'Plumas de Água Ejetadas' Pela Lua Encélado', de Sem Precisar Pousar Uma Espaçonave Por Lá
Olá leitores e leitoras do BS!
Pois então, no dia de ontem (13/11) foi postada uma notícia
no site Inovação Tecnológica destacando
que um novo estudo de Astrofísicos da
Universidade da Califórnia aponta ser possível fazer uma boa avaliação da
existência de vida nas plumas de água ejetadas pela Lua Encélado,
do Planeta Saturno, sem precisar pousar uma espaçonave por lá. Entendam
melhor essa história pela matéria abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Sinais de Vida em Luas Geladas Podem Ser Coletados do
Espaço
Redação do Site
Inovação Tecnológica
07/12/2023
[Imagem: NASA]
Renderização artística destacando as plumas de gelo que de fato são ejetadas de Encélado a velocidades de até 1.300 quilômetros por hora - elas não são assim tão densas e visíveis na realidade. |
Vida em Luas Geladas
Astrofísicos
demonstraram que é possível fazer uma boa avaliação da existência de vida nas
plumas de água ejetadas pela lua Encélado,
de Saturno, sem precisar pousar.
A lua é apontada
por alguns cientistas como o provável abrigo da vida
extraterrestre mais próxima da Terra porque ela parece abrigar um oceano
global por baixo de suas extensas camadas de gelo.
A ideia mais
considerada até agora consiste em enviar uma sonda
para pousar em Encélado e pesquisar seu oceano mergulhando nele, embora
alguns especialistas apostem que uma sonda
orbital pode mapear moléculas indicadoras de vida presentes nas famosas
plumas que são continuamente ejetadas de sua superfície rumo ao espaço.
Mas Sally Burke e
colegas da Universidade da Califórnia de San Diego acreditam que uma missão
orbital pode fazer muito mais, efetivamente capturando amostras dessas plumas e
analisando-as em laboratórios a bordo de uma nave - e isto é muito melhor do
que usar espectroscopia ou outras técnicas para analisar as moléculas à
distância.
Estas plumas
proporcionam uma excelente oportunidade para recolher amostras e estudar a
composição dos oceanos de Encélado e a sua potencial habitabilidade. No
entanto, até agora não se sabia se a velocidade das plumas, somada à velocidade
da própria sonda, fragmentaria quaisquer compostos orgânicos contidos nos grãos
de gelo, degradando ou mesmo destruindo as amostras.
Burke demonstrou
agora experimentalmente que eventuais aminoácidos transportados nestas plumas
de gelo podem sobreviver a velocidades de impacto de até 4,2 km/s, o que
viabiliza sua coleta e detecção por naves espaciais.
[Imagem: Sally
E. Burke et al. - 10.1073/pnas.2313447120]
Capturando Vida Sem Destruí-la
O experimento
começou com a imitação das plumas, criando grãos de gelo usando ionização por
eletroaspersão, onde a água é empurrada através de uma agulha mantida em alta
voltagem - a forte carga elétrica quebra a água em gotículas cada vez menores.
Depois de injetar
as gotículas em uma câmara de vácuo, onde congelam, a equipe mediu sua massa e
carga e, em seguida, usou detectores de imagem para observar os grãos enquanto
voavam pelo espectrômetro. Um elemento-chave do experimento foi a instalação de
um detector de íons, uma placa repleta de microcanais, para cronometrar com
precisão o momento dos impactos com precisão de nanossegundos.
Os resultados
mostraram que os aminoácidos - frequentemente chamados de blocos de construção
da vida - podem ser detectados com fragmentação limitada até velocidades de
impacto de 1.500 km/h (4,2 km/s).
Em 2024 a NASA
planeja lançar a sonda
espacial Europa Clipper para visitar outra lua, Europa, só que de Júpiter.
Europa é outro mundo oceânico que possui uma composição gelada semelhante à de
Encélado. Há esperança de que a Clipper ou quaisquer futuras sondas sejam
capazes de identificar uma série específica de moléculas nos grãos de gelo, que
possam apontar se existe vida nos oceanos subterrâneos dessas luas.
Mas as moléculas
precisam sobreviver à sua rápida ejeção da lua e à coleta pela sonda. Agora
sabemos que elas podem sobreviver, e isso pode fundamentar o desenvolvimento de
instrumentos científicos específicos para futuras sondas.
"Para ter
uma ideia de que tipo de vida pode ser possível no Sistema Solar, você quer
saber se não houve muita fragmentação molecular nos grãos de gelo amostrados,
para que você possa obter aquela impressão digital do que quer que seja que a
torne uma forma de vida autocontida," disse o professor Robert Continetti.
"Nosso trabalho mostra que isso é possível com as plumas de gelo de
Encélado."
Bibliografia:
Artigo: Detection
of intact amino acids with a hypervelocity ice grain impact mass spectrometer
Autores:
Sally E. Burke, Zachary A. Auvil, Karl A. Hanold, Robert E. Continetti
Revista:
Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: 120
(50) e2313447120
DOI:
10.1073/pnas.231344712
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