Estudo Liderado Por Pesquisador Brasileiro do 'Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA)' Descobre 'Dois Sistemas Planetários' em Estrelas Parecidas Com o Sol
Olá
leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo
uma notícia postada no dia (15/12) no site oficial do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) destacando que um estudo liderado
pelo Dr. Eder Martioli, pesquisador
titular deste Laboratório Brasileiro,
e publicado na Revista Astronomy &
Astrophysics, revelou a descoberta de dois
novos sistemas planetários orbitando estrelas
semelhantes ao nosso Sol. Entenda melhor.
Brazilian
Space
LABORATÓRIO
NACIONAL DE ASTROFÍSICA
Descoberta de Dois Sistemas Planetários em Estrelas Parecidas Com o
Sol
Estudo
liderado pelo Dr. Eder Martioli, pesquisador titular do Laboratório Nacional de
Astrofísica (LNA/MCTI), revela a descoberta de dois novos sistemas planetários
orbitando estrelas semelhantes ao nosso Sol.
Publicado
em 15/12/2023 - 07h22
Atualizado
em 15/12/2023 - 14h10
Fonte: Site
do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) – https://www.gov.br/lna/pt-br
Um estudo
publicado hoje na revista Astronomy & Astrophysics
revela a descoberta de dois novos sistemas planetários orbitando estrelas
semelhantes ao nosso Sol, também conhecidas como análogas solares. O estudo foi
liderado pelo Dr. Eder Martioli, pesquisador titular do Laboratório
Nacional de Astrofísica (LNA/MCTI) e pesquisador associado do Institut
d'astrophysique de Paris (IAP), e pelo Dr. Guillaume Hébrard,
pesquisador do Institut d'astrophysique de Paris (IAP). As
observações responsáveis pela detecção desses dois sistemas, denominados
TOI-1736 e TOI-2141, foram realizadas com o telescópio espacial TESS da NASA e com o espectrógrafo SOPHIE instalado no telescópio
de 1.93 m do Observatoire de Haute-Provence (OHP) no sul da França,
ambos ilustrados na Figura 1. Sistemas planetários como esses não apenas
ampliam nosso conhecimento sobre a formação e evolução de planetas ao redor de
estrelas semelhantes ao Sol, mas também possibilitam medições mais precisas das
propriedades físicas dos planetas, aproveitando a semelhança entre a estrela
hospedeira e o nosso Sol.
Crédito da
imagem: Eder Martioli.
Figura 1: O quadro menor à esquerda mostra uma ilustração do telescópio espacial TESS da NASA, responsável pela primeira identificação dos exoplanetas TOI-2141b e TOI-1736b. A imagem de fundo é uma foto do observatório OHP com a cúpula do telescópio de 1,93 m, onde está instalado o instrumento SOPHIE, responsável pela detecção e caracterização dos exoplanetas TOI-2141b, TOI-1736b e TOI-1736c. |
Os Exoplanetas
A
descoberta do primeiro exoplaneta, 51 Pegasi b, em 1995, realizada com o mesmo
telescópio de 1,93 m no OHP e que resultou no Prêmio Nobel em Física para os
astrônomos Michel Mayor e Didier Queloz,
marcou o início de uma revolução em nossa compreensão sobre a existência de
sistemas planetários no Universo. Hoje, mais de 5500 exoplanetas são
conhecidos, e essa contagem cresce diariamente. A descoberta desses objetos
oferece uma oportunidade para estudar a presença de planetas ao redor das
estrelas e a variedade de características físicas que podem ser encontradas em
diferentes sistemas. Uma das lições aprendidas desde a descoberta do primeiro
exoplaneta é que o Sistema Solar não é único e não abarca todos os tipos de planetas
possíveis. Por exemplo, o planeta 51 Pegasi b é do tamanho de Júpiter, mas
orbita bem mais próximo de sua estrela do que qualquer outro planeta no Sistema
Solar, por isso é chamado de Júpiter-quente. Outros tipos de planetas comuns em
sistemas exoplanetários são as super-Terras e os mini-Netunos, ambos sem
equivalentes no nosso Sistema Solar. Outra descoberta importante é que a
diversidade de tipos estelares, seja grande ou pequena, quente ou fria, não
impede a formação de planetas. No entanto, o tipo de estrela pode influenciar
na frequência de certos tipos de planetas. O trabalho desenvolvido pela equipe
do Dr. Eder Martioli teve como objetivo principal estudar duas estrelas muito
semelhantes ao Sol, nas quais foram detectados planetas do tipo mini-Netuno e
super-Júpiter, ambos sem similares no Sistema Solar. Isso permitiu uma
compreensão mais aprofundada da presença de planetas com diferentes
características e de como esses corpos evoluem em um ambiente semelhante ao do
nosso Sol.
O Sistema Planetário TOI-2141
O primeiro
sistema desta descoberta, TOI-2141, consiste em uma estrela situada a 250
anos-luz de distância, com um tamanho praticamente idêntico e uma idade
ligeiramente mais avançada que a do nosso Sol. Sua composição química também
revela uma escassez de elementos mais pesados em comparação com o Sol. A
quantidade de elementos mais pesados é um importante fator para o processo de
formação de planetas.
O planeta
TOI-2141b foi detectado através do método de trânsitos, no qual o planeta passa
em frente à estrela, gerando pequenos eclipses periódicos que permitem sua
detecção pelo monitoramento das variações no brilho da estrela. Esse planeta
possui um diâmetro três vezes maior que o da Terra e uma massa cerca de 24
vezes maior que a da Terra, sendo classificado como um mini-Netuno. Completa
uma órbita em torno da estrela a cada 18,26 dias, mantendo-se a uma distância
de apenas 13% da distância entre a Terra e o Sol. Devido à sua proximidade à
estrela, estima-se que o planeta possua uma temperatura de cerca de 450 graus
Celsius. Sua densidade sugere a presença de um núcleo rochoso e uma atmosfera
com uma grande quantidade de vapor de água, porém, apenas na forma gasosa
devido às altas temperaturas. Não foram identificados outros planetas neste
sistema, mas a possibilidade de encontrar outros planetas menores ainda não
pode ser descartada devido às limitações dos métodos de observação.
O Sistema Planetário TOI-1736
O segundo
sistema desta descoberta, TOI-1736, revelou-se um tanto exótico. A estrela
principal está a uma distância de 290 anos-luz e é muito similar ao Sol,
principalmente em termos de temperatura e idade, sendo apenas cerca de 15%
maior que o Sol e com uma concentração ligeiramente maior de elementos químicos
mais pesados. Observou-se que o sistema TOI-1736 possui uma estrela
companheira, menor e mais fria, caracterizando-se, portanto, como um sistema
estelar binário. No entanto, a estrela mais fria está distante o suficiente
para não interferir no sistema planetário, que orbita apenas em torno da
estrela principal, semelhante ao Sol. Foram detectados pelo menos dois
planetas neste sistema, como ilustrado na Figura 2.
Crédito da
imagem: Leandro de Almeida.
Figura 2: Ilustração artística do sistema planetário TOI-1736, com representações fora de escala dos planetas TOI-1736c (à esquerda) e TOI-1736b (no centro). |
O primeiro,
TOI-1736b, também é um mini-Netuno, com um diâmetro 2,5 vezes maior que o da
Terra e uma massa 13 vezes superior à da Terra. Apresenta trânsitos e orbita a
uma distância da estrela correspondente a apenas 7% da distância entre a Terra
e o Sol, completando uma órbita a cada 7,1 dias. Devido a essa proximidade, o
planeta recebe significativamente mais radiação da estrela, resultando em uma
temperatura estimada de 800 graus Celsius.
O segundo
planeta, TOI-1736c, não apresenta trânsitos, porém possui uma massa 2800 vezes
maior que a da Terra, quase 9 vezes maior que Júpiter - o maior planeta do
sistema solar. Com esse tamanho, o TOI-1736c é classificado como um
super-Júpiter e por pouco não se tornou uma estrela. Ele completa uma órbita a
cada 570 dias. Localizado a apenas 30% a mais de distância do que a Terra
está do Sol, este planeta encontra-se na chamada zona habitável da estrela
TOI-1736. Essa zona é definida como a região ao redor da estrela com
temperatura adequada para permitir a existência de água líquida na superfície
do planeta. O TOI-1736c é provavelmente um gigante gasoso, similar a Júpiter,
portanto, não se espera que tenha uma superfície sólida como a da Terra. No
entanto, se por acaso o planeta TOI-1736c abrigar uma lua, esse corpo sólido
poderia ter uma atmosfera, potencialmente permitindo a presença de água líquida
e, quem sabe, ser um mundo habitável.
As
observações de TOI-1736 revelaram indícios de um possível terceiro planeta em
órbita mais distante, necessitando de monitoramento por um período prolongado
para sua confirmação. Assim, a equipe continua observando o TOI-1736 com o
espectrógrafo SOPHIE no OHP, na esperança de, em breve, obter mais informações
sobre essa estrela tão semelhante ao Sol, mas com um sistema planetário tão
diverso.
Grupo de Pesquisa
Esta
pesquisa foi conduzida por uma colaboração internacional liderada pelos
pesquisadores Dr. Eder Martioli, do LNA & IAP, e Dr. Guillaume Hébrard, do
IAP, juntamente com seus colaboradores diretos, Dr. Leandro de Almeida e Dr.
Diego Lorenzo de Oliveira, ambos do LNA, e a Dra. Neda Heidari, do IAP. A
equipe é composta por membros de diversas instituições na França vinculados aos
projetos instrumentais do OHP e nos EUA vinculados à missão espacial
TESS. Além de membros que contribuíram com observações complementares dos
observatórios Gemini, SOAR, LCOGT,
FLWO e GAIA.
Mais detalhes sobre este trabalho podem ser encontrados no artigo científico, cujo link
segue abaixo. Outros links e referências para todas as facilidades utilizadas
neste trabalho encontram-se ao final deste artigo.
A pesquisa
do Dr. Eder Martioli é apoiada pela Fundaçāo de Amparo à Pesquisa do Estado de
Minas Gerais (FAPEMIG) sob o número do projeto APQ-02493-22 e pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), bolsa de
produtividade em pesquisa número 309829/2022-4.
Contatos:
Eder Martioli emartioli@lna.br
Pesquisador titular do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA/MCTI) e
pesquisador associado do Institut d'astrophysique de Paris (IAP).
Guillaume Hébrard hebrard@iap.fr
Pesquisador do Institut d'astrophysique de Paris (IAP) & Observatoire de
Haute-Provence (OHP)
Links:
Artigo
científico: https://www.aanda.org/10.1051/0004-6361/202347744
Laboratório
Nacional de Astrofísica (LNA) : https://www.gov.br/lna/pt-br/
Institut
d'astrophysique de Paris (IAP) : https://www.iap.fr/
Missão
espacial Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) da NASA: https://science.nasa.gov/mission/tess/
Observatoire
de Haute-Provence (OHP) : https://www.obs-hp.fr/
Observatório
Gemini : https://www.gemini.edu/
Observatório
Southern Astrophysical Research (SOAR) : https://noirlab.edu/public/programs/ctio/soar-telescope/
Las Cumbres
Observatory Global Telescope (LCOGT) : https://lco.global/
Fred
Lawrence Whipple Observatory (FLWO) : https://www.cfa.harvard.edu/facilities-technology/cfa-facilities/fred-lawrence-whipple-observatory-mt-hopkins-az
Missão
espacial Gaia da ESA: https://sci.esa.int/web/gaia
Comentários
Postar um comentário