Duas Cientistas Brasileiras Enviaram Recentemente Um Experimento Para ISS Que Pode Ajudar no Combate ao Autismo e o Alzheimer, Bem Como Enfrentar Certos Problemas Cósmicos Que Afetam Astronautas
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma matéria publicada ontem (07/12) no site “BBC News Brasil”, destacando que duas
cientistas brasileiras lançaram ao espaço recentemente um experimento que
tanto pode ajudar a combater graves males mundanos, como o Autismo e o Alzheimer, quanto a enfrentar problemas cósmicos, a exemplo do
envelhecimento precoce do cérebro de astronautas quando estão fora da Terra. Entendam melhor esta história pela
matéria abaixo.
Pois então as cientistas brasileiras Lívia Luz e Luísa
Coelho estão de parabéns, realmente sensacional o trabalho que elas vêm
realizando. Entretanto entusiastas do BS, a parte da matéria que afirma que o
seu chefe, o cientista brasileiro Alysson
Muotri, será enviado até o final de 2024 para a Estação Espacial Internacional (ISS), tá
muito difícil de engolir.
Até porque amigos
e amigas, se fácil assim fosse, qualquer cientista do mundo com uma pesquisa significativa
teria o mesmo privilégio, e não é assim que a banda toca. Ou seja, dito de
outra forma, se assim fosse, não haveria vaga que desse pra todo mundo, né
verdade? Além do que, vale lembrar que o processo de seleção para Astronauta não é feito através
de uma reunião com astronautas, kkkkkkkk, isso não tem nem pé nem cabeça, fora o fato de que
se a NASA (por uma decisão estapafúrdia qualquer) viesse quebrar o seu
Protocolo, o escolhido evidentemente não seria um cientista brasileiro.
Enfim... nada como o tempo para comprovar o que eu digo, e como eu não sou
engenheiro de obra pronta, vamos para frente, afinal 2024 é logo ali, né verdade Sr. Alysson
Muotri?
Brazilian Space
Espaço - Espaço sideral – Mulheres - Ciência - Brasil
As Cientistas Brasileiras Que Lançaram Experimento na
Estação Espacial Internacional
Por Filipe Vilicic
De São Paulo para a BBC News Brasil
7 dezembro 2023
Fonte: Site BBC News Brasil - https://www.bbc.com/portuguese
Foto: ARQUIVO PESSOAL
Duas cientistas brasileiras
acabam de enviar para o espaço um
experimento que pretende levar a descobertas que tanto podem ajudar a combater
graves males mundanos, como o autismo e o Alzheimer,
quanto a enfrentar problemas cósmicos, a exemplo do envelhecimento precoce do
cérebro de astronautas
quando estão fora da Terra.
"São organoides cerebrais
criados em laboratório, mas com células humanas de verdade", explica a
biomédica paulista Livia Luz, de 30 anos, em entrevista à BBC Brasil.
"Vamos testar, ao longo de trinta dias, o efeito da microgravidade e quais
são as consequências possíveis para, por exemplo, um ou uma astronauta que
passe muito tempo lá fora, no espaço."
Ao lado de sua colega e conterrânea, a bióloga fluminense
Luisa Coelho, Livia operacionaliza o projeto. Elas enviaram três payloads, como
se chamam, no termo em inglês, as cargas com o material de pesquisa, em um
foguete lançado pela empresa americana SpaceX em 9 de novembro. Cada um deles
contém milhares desses organoides
cerebrais, que foram popularmente apelidados de minicérebros.
Os minicérebros são recriações minúsculas de redes
neurais que simulam o desenvolvimento desse órgão em humanos. Após decolarem
com o foguete no Kennedy Space Center, base da NASA, a agência espacial
americana, na Flórida, eles foram entregues com quase 3 toneladas de materiais
a duas astronautas que estão na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla
em inglês).
"A ciência ainda sabe muito pouco dos efeitos da
microgravidade nos nossos corpos e mentes", avalia Luisa Coelho, de 24
anos. "Se a NASA quer mesmo enviar em breve a primeira viagem tripulada a
Marte, isso precisa mudar."
A agência espacial americana tem planos de mandar ao planeta
vizinho uma espaçonave com astronautas no ano de 2033. A ideia inicial é
orbitar Marte e, na volta, fazer o mesmo com Vênus, antes do regresso à Terra.
A proposta é ser a abertura do caminho para uma missão espacial que venha a
pousar no Planeta Vermelho, programada para 2037.
Mais Velhos no Espaço
A dupla de cientistas brasileiras trabalha para o
laboratório Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD). O
departamento é liderado por outro brasileiro, o neurocientista paulistano
Alysson Muotri, de 49 anos.
A equipe de Muotri tem enviado experimentos para a ISS
desde 2019. Para arcar com os custos do primeiro deles, há quatro anos, o cientista
chegou a hipotecar sua casa para levantar o dinheiro necessário ao
financiamento da empreitada.
O envolvimento dele com os estudos espaciais começou três
anos antes, em 2016. Após ler pesquisas da NASA de experimentos realizados na
ISS, o brasileiro discordou de parte das conclusões.
Para ele, estava provado que nossas células envelhecem
mais rápido no espaço. Só que a Nasa achava que era um efeito temporário,
enquanto o brasileiro teorizava que, no cérebro, seria permanente.
Na primeira vez em que alertou a NASA da problemática,
não lhe deram atenção. Depois dos resultados promissores do experimento
financiado por ele próprio, porém, Muotri conseguiu financiamento para os
outros. Em 2020, enviou outro para a ISS e, no ano seguinte, mais um.
O trabalho do qual agora participam Livia e Luisa é o
quarto do laboratório que é mandado para o espaço, em parceria com a NASA. "Foram
materiais com variabilidades genéticas bem variadas. A ideia é ver como cada
indivíduo pode reagir ao ambiente de microgravidade e, quem sabe, assim
descobrir organismos mais resistentes e que podem nos levar a tratamentos
eficazes para astronautas", diz Alysson Muotri à BBC Brasil.
Os experimentos feitos até agora revelaram que as células
neuronais envelhecem mais rápido no espaço. Em um mês, avançam o equivalente a
dez anos, de acordo com o cientista. Na volta para a Terra, chegam a se
regenerar um pouco, mas não completamente.
Foto: ARQUIVO PESSOAL
Foram testadas algumas formas de manipular o material
frágil dos minicérebros na ISS. No escritório de Muotri em San Diego é exposto
um modelo de um robô desenvolvido pelo laboratório e que é responsável por
replicar as experiências que ele e equipe realizam aqui na Terra. Ou melhor,
assim era até agora.
"Os organoides cerebrais são muito sensíveis e a
máquina não consegue mexer neles com a delicadeza necessária", diz a
biomédica Livia Luz. "Desta vez testamos outro método."
A equipe de cientistas calculou formas de aproveitar a
microgravidade do espaço para instigar as alterações que esperam ver. Assim,
desta vez ninguém, nem máquina nem humano, terá de manipular o material na ISS.
Compreender como envelhece nosso cérebro e, ainda mais,
quais são os mecanismos que podem acelerar ou conter esse processo pode levar a
diversos achados. Como no campo do combate a doenças ligadas ao processo
degenerativo de nossas células, como o autismo e a esquizofrenia, quem sabe
levando a novos tratamentos para esses males.
"Tem quem não acredite, mas eu acredito na cura para
o autismo", afirma Muotri, pai de um menino autista.
Além dessas pesquisas, o laboratório que leva seu nome
realiza diversos experimentos com os minicérebros. Uma linha pioneira de
estudos, por exemplo, reproduziu como eram esses órgãos em neandertais, espécie
humana extinta há 40 mil anos, inaugurando um novo campo para a ciência, a
neuroarqueologia.
Um 'Lab' de Brasileiros
Foto: ARQUIVO
PESSOAL
O Lab Muotri na
UCSD tem 39 cientistas, dos quais em torno de 80% são brasileiros.
"Há uma
prevalência maior porque profissionais de nosso país, ao saber de mim aqui,
acabam por me procurar, por querer trabalhar comigo", afirma Muotri.
Luisa Coelho
nasceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e, após se formar no colegial, se
mudou para San Diego por incentivo de uma tia que morava na cidade
californiana. Lá ingressou na UCSD, onde formou-se bióloga, fez o mestrado e
conheceu os trabalhos do colega brasileiro.
"No segundo
ano da graduação, minha família me encaminhou uma reportagem sobre o trabalho
do Muotri", recorda ela. "Queria estudar questões espaciais e enviei
um e-mail a ele. Comecei estagiando de graça e, hoje, trabalho como técnica no
laboratório e pretendo iniciar meu doutorado aqui."
Já a biomédica
Livia Luz começou a colaborar com Muotri durante o curso de doutorado na
Universidade de São Paulo (USP). Após se formar, sugeriu uma pesquisa de
pós-doutorado para a UCSD. Desde o ano passado, ela trabalha no laboratório.
Muotri e sua
equipe participaram de estudos pioneiros. Por exemplo, além da fundação do
campo da neuroarqueologia e dos experimentos espaciais, ele integrou o time que
descobriu, em 2016, a relação do vírus da Zika circulando no Brasil com casos
de microcefalia.
"Queremos
trazer os melhores cérebros do mundo para cá e é importante termos mentes que
sejam oriundas de experiências diversas", afirma a epidemiologista Corinne
Peek-Asa, vice-reitora da UCSD, e responsável pela área de pesquisas
científicas da universidade, em entrevista à BBC Brasil. "Há a questão da
'fuga de cérebros', tanto de países como Brasil quanto dos Estados Unidos, pois
temos sofrido com isso nos últimos anos. Não sei qual é a solução, mas acredito
que parta de incentivar parcerias transnacionais."
Sobre o
laboratório majoritariamente de brasileiros liderado por Muotri, ela diz que vê
no neurocientista um "pesquisador clássico, em busca de resolver problemas
reais". E acrescenta:
"É um time
preocupado em influenciar a experiência humana, resolvendo questões urgentes de
nossas vidas."
O Cientista-Astronauta
Foto: DIVULGAÇÃO
Os minicérebros são recriações minúsculas de redes neurais que simulam o desenvolvimento desse órgão em humanos. |
Para 2024 está
programado um passo ainda mais ambicioso para Muotri. Há alguns procedimentos
dos experimentos espaciais que, delicados, seriam melhores feitos por mãos
humanas. A solução encontrada: Muotri está treinando para ser astronauta.
O convite para ir
para o espaço veio no fim de 2022, em uma reunião com dois astronautas da NASA.
"A ideia inicial era treiná-los para realizar o trabalho na ISS. Mas aí
perceberam que seria mais fácil e rápido me preparar para ser astronauta do que
ensinar a eles técnicas avançadas que usamos", recorda o brasileiro.
Aí propuseram que
Muotri embarcasse em um foguete para realizar os experimentos neurocientíficos
na ISS, o laboratório espacial que orbita a Terra a 400 quilômetros de
altitude. Ele topou e o voo está programado para ocorrer até o fim de 2024.
Será o primeiro
cientista brasileiro a embarcar para o espaço. Os dois outros conterrâneos que
realizaram o feito foram o hoje senador Marcos Pontes, ex-piloto da Força
Aérea, em 2006, e o engenheiro Victor Hespanha, como turista, em 2022.
Está nos planos
que Livia Luz, uma das cientistas que enviou os minicérebros para o espaço,
seja treinada com ele, como sua substituta na missão caso ocorra alguma
eventualidade. "Também procuro conseguir mais uma cadeira nesse foguete,
quem sabe para ela ir comigo", comenta Muotri.
Além dessa
primeira viagem, devem ser realizadas outras depois, para prosseguir com o
trabalho.
"Minha
ambição é transformar membros do laboratório em astronautas. Luisa é a segunda
da lista, depois de Livia", afirma ele, citando o nome da outra brasileira
envolvida com as pesquisas com os organoides cerebrais.
Por ora, a missão
espacial, apesar de envolver brasileiros, é uma iniciativa primariamente dos
Estados Unidos. "Provavelmente devemos ter, no fim, financiamento
multinacional. Há interesse de países como Canadá e Coreia do Sul", diz o
neurocientista. Ele tem se esforçado para que o Brasil também entre na jogada.
Em junho, após
conversas com representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação,
chegou a se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo conta,
houve promessa de que o país ingressaria de alguma forma.
"Há poucas
semanas, porém, recebi uma ligação na qual me disseram que o orçamento para
esse projeto foi reduzido. Então, não sei dizer ao certo se o Brasil entrará,
nem como", diz Muotri.
Cotada para ir
também na missão, Livia Luz pontua que preferia fazer a viagem "com a
bandeira do Brasil no uniforme". Se não for possível, porém, topará a
aventura de qualquer forma, "mesmo que representando outro país".
Comentários
Postar um comentário