'Dona do Clima' Negocia Ações em Nome do Brasil
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessante entrevista com a Dra. Thelma
Krug (servidora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a negociadora
do Brasil nas discussões sobre às Mudanças Climáticas na ONU (Organização das
Nações Unidas)), postada hoje (22/03) no site
do jornal “O VALE”.
Duda Falcão
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'Dona do Clima' Negocia
Ações em Nome do Brasil
Ela admite que tem uma missão difícil, mas afirma que o
Brasil avançou na redução do desmatamento
Wagner
Matheus
Especial para O Vale
March 22, 2014 - 11:00
Foto: Flavio Pereira
Thelma Krug faz viagens constantes para vários países. |
A doutora Thelma Krug tem a difícil missão de negociar,
em nome do Brasil, as discussões na ONU (Organização das Nações Unidas) em
relação às mudanças do clima. Ela integra o grupo de negociadores que se reúnem
em torno do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).
Primeira mulher a chefiar um departamento no INPE
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ela sente orgulho quando vê o
Brasil ser elogiado pela sensível redução que conseguiu no desmatamento.
A seguir, os principais trechos da entrevista O VALE.
Como a senhora explica para o
público leigo as recentes alterações no clima do planeta?
Esta questão não é só para leigos não, é uma grande
pergunta para os cientistas também. No Hemisfério Norte, as três últimas
décadas foram as mais quentes dos últimos 1.400 anos. Por outro lado, no caso
do Brasil, janeiro foi um mês atipicamente quente em quase todo o país.
O clima mexe com as
pessoas...
Ele mexe com tudo. Mexe com a agricultura, com a
energia... O problema é que sempre existiram as variabilidades naturais. Não se
deve esperar ter todo ano aquela mesma condição climática que se teve no ano
passado. A questão é que hoje nós temos uma conjugação de alterações climáticas
naturais, mais uma componente de mudança do clima que hoje é inequívoca.
As duas situações acontecem
ao mesmo tempo?
A natural aconteceria de qualquer jeito. E a do clima, se
a gente olhar principalmente nos últimos 50, 60 anos, tivemos um aumento de
temperatura global, no mundo inteiro, da ordem de 0,6 a 0,7 grau centígrados.
A velocidade de 0,7 grau em
50 a 60 anos é uma coisa tão brutal?
É uma coisa absurda, uma coisa que nunca foi observada.
Então esse aquecimento é inequívoco, ou seja, hoje os cientistas são bastante
categóricos nisso.
Nos últimos 20 a 30 anos
estamos vendo isso com mais intensidade?
Nós estamos sentindo essa elevação, isso é global. Alguns
países estão sentindo mais, outros menos. Mesmo dentro do Brasil, a expectativa
que nós temos é que diferentes partes do país sofrerão de formas diferenciadas.
Contra a variação natural não
se faz nada, certo?
Contra essa não dá para fazer nada.
E quanto ao segundo
componente, a ação do homem?
O IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas] foi muito mais contundente no relatório que saiu no ano passado,
dizendo que a influência humana foi um dos fatores dominantes para o
aquecimento do planeta nos últimos anos.
Essa influência se dá devido
a quais ações humanas?
Principalmente devido à queima de combustível fóssil. O
desmatamento dá uma contribuição muito pequena. Juntando desmatamento e
agricultura, dá uns 30% de contribuição. Com a redução do desmatamento no
Brasil, esses números já podem ser sentidos no próprio relatório do IPCC. O
desmatamento contribuía muito com algo em torno de 75% das emissões. Hoje o
desmatamento passou a ter um papel secundário.
O que nós podemos esperar
para os próximos 10, 20, 30 anos?
Falando desses diferentes modelos que o IPCC roda, temos
diferentes cenários. Os negociadores na convenção do clima tentam chegar a um
cenário em que o aumento da temperatura média de superfície não excederia a 1
grau centígrado, 1,5 grau.
E o pior cenário, qual é?
É bem complicado. É um cenário onde se tem, em média,
algo em torno de 3,6 a 5,3 graus de aumento de temperatura. Isso causaria
impactos enormes.
O efeito-estufa é o grande
problema?
É o grande problema. Se você pegar um modelo para
projetar tudo o que está acontecendo em termos de temperatura ao longo dos
últimos 200 anos, não consegue explicar o que está acontecendo agora. Ele se
explica na hora em que você adiciona ao seu modelo a componente antrópica, a
ação do ser humano.
E a redução do desmatamento
no Brasil, é uma situação real?
Com relação às emissões, com esta queda muito
significativa do desmatamento, o Brasil não pode ser considerado o vilão dessa
história. O país tem, mesmo na agricultura, muitas áreas de mitigação que
outras nações só estão trabalhando agora, mas o Brasil já está doutorado nessas
áreas.
O pré-sal teria um potencial
agressivo para o ambiente?
A gente está tentando refrear as emissões fósseis e aí
vem um pré-sal. Mas o que se tem falado muito --e a Petrobrás tem investido também--
é nas pesquisas de CCS que é a tecnologia de captar e armazenar o CO2. O Brasil
já está fazendo estudo nessa área.
O que é um comportamento
ambientalmente adequado?
O que eu queria mesmo é que a gente pudesse ter formas de
ter transporte alternativo. O ideal seria nós termos um transporte de massa
decente e ter segurança. Preciso descer desse transporte e chegar em minha casa
com tranquilidade. Se a gente conseguisse equacionar esses dois problemas no
Brasil, já seria uma grande contribuição que o Brasil daria na questão
ambiental.
Como foi a sua opção pela
carreira?
Quando voltei do meu doutorado fui convidada para
coordenar a área de observação da Terra e sensoriamento remoto. Fui a primeira
mulher a assumir um cargo de chefia no INPE. Acabei indo para Brasília, no
Ministério da Ciência e Tecnologia, depois voltei ao INPE.
Hoje a senhora respira
clima...
Eu diria que respiro negociação. Negociação, dentro das
Nações Unidas, é um processo muito complicado, é tentar obter o consenso com
mais de 200 países. E o consenso leva anos.
Fonte: Site do jornal “O VALE” - 22/03/2014
E ninguém no Brasil comenta as más notícias - para a ACS - vindas da Ucrânia?
ResponderExcluirdelo.ua/business/ahmetov-otkljuchil-svet-raketnomu-zavodu-230581/
delo.ua/business/lishitsja-li-ukraina-statusa-kosmicheskoj-derzhavy-iz-za-dolgov-230610/
A Yuzhmash está em estágio falimentar. Cortaram a luz da empresa por falta de pagamento, trabalhadores sem receber, semana de apenas três dias de trabalho, sofrendo processo da Boeing pela falha no lançamento do Intelsat-27...
Olá Anônimo!
ExcluirHummmm, interessante noticia que não tínhamos conhecimento e que comemoramos entusiasticamente, pois pode agora significar o fim desse acordo desastroso. Entretanto, o bom seri que esses artigos estivessem pelo menos em inglês, para que assim pudêssemos publicar no blog. De qualquer forma anônimo agradeço pela ajuda.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)