Universidades Se Unem Para Projetar e Construir Foguete 100% Nacional

Olá leitor!

Abaixo uma matéria postada ontem (22/02) no site “Globo Universidade” do globo.com, destacando universidades brasileiras se unem para projetar e construir foguete 100% nacional.

Duda Falcão

Universidades Se Unem Para Projetar
e Construir Foguete 100% Nacional

Trabalho começou em 2009 e foi idealizado por engenheiro aeroespacial

Globo Universidade
22/02/2014 - 05h26
Atualizado em 22/02/2014 - 07h13

(Foto: Thinkstock/GettyImages)
Foguete Universitário pesará até 100kg e atingirá
pelo menos 1km de altura.

Quando se trata de ciência e tecnologia, o setor espacial é um dos que mais despertam curiosidade e fascinação no público. Apesar disso, são poucos os países que dominam as tecnologias de construção e lançamento de foguetes, e o Brasil não faz parte deste grupo. Agora, uma iniciativa independente está unindo universidades do país em torno dessa atividade.

O projeto do Foguete Universitário (FogUni) é uma ação conjunta em que cada instituição fica responsável por desenvolver um equipamento. Atualmente, participam a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), a UniBH, a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG).

Apesar de congregar tantas universidades, o projeto começou com expectativas mais modestas. Em 2009 o engenheiro aeroespacial Rene Nardi, que trabalhou por mais de 10 anos na Embraer, percebeu que muitas vezes os universitários brasileiros não têm oportunidade de aplicarem diversos conhecimentos na prática. Junto com a engenheira mecânica Vladia Perez, ele criou a INOTECH, uma empresa sem fins lucrativos destinada a fomentar estas atividades.

(Foto: Divulgação/Rene Nardi)
Primeira turma da UNIVAP no projeto do Foguete Universitário.

A ideia, a princípio, era apresentar a um grupo de universitários o desafio de projetar e construir um motor de foguete a combustível líquido. A primeira turma foi composta por 4 alunos de Engenharia Aeroespacial da UFMG. Conforme o trabalho foi se desenvolvendo, professores e estudantes de outras universidades também se interessaram em participar, e a possibilidade de construir um foguete foi se desenhando.

Uma turma de Engenharia Aeronáutica da UNIVAP também ficou encarregada de trabalhar no desenvolvimento do motor, que será movido a etanol e oxigênio líquido. A peça, projetada para levantar um foguete de até 100 kg, já foi desenvolvida, mas ainda não pode ser posta à prova. “Há dois bancos de testes sendo construídos, um pelos alunos de Engenharia Mecatrônica da PUC-MG e outro na UFMG; os dois já deveriam estar prontos, mas, infelizmente, isso ainda não aconteceu”, afirma Nardi.

A situação é diferente com a injetora de propelente, parte do motor encarregada de levar o combustível até a câmara de combustão. O equipamento foi avaliado com sucesso em um banco de testes construído por uma turma de Design Mecânico do SENAI.

As últimas instituições a entrarem no projeto foram a UFSJ, com uma turma de Engenharia Mecânica responsável por desenvolver as válvulas que regulam a saída de combustível da injetora, e a UniBH, que desenvolve os computadores encarregados de controlar o voo do foguete.

O coordenador do curso de Engenharia Elétrica da universidade, Euzébio Souza, explica que a função deste sistema é permitir ao foguete se manter em uma trajetória específica. “Trabalhamos com três eixos principais: os computadores têm que evitar que haja movimento lateral, rotação, e que o foguete se afaste da rota original”, diz.

“É uma grande oportunidade de os alunos conseguirem aplicar o que eles aprendem em disciplinas de cálculo e física, muitas vezes vistas como puramente teóricas”, destaca Souza. A previsão é que o primeiro protótipo do computador já possa ser testado em fevereiro.

Embora a falta de tradição do país na área de lançamentos espaciais gere muitos problemas, como a dificuldade em comprar algumas peças, o FogUni vai, aos poucos, se tornando realidade. Outra turma da UFMG está encarregada de projetar o corpo do foguete, que está sendo pensado para atingir pelo menos 1 km. No entanto, ainda não há um prazo para que o trabalho seja concluído. “Tudo depende de conseguirmos o dinheiro para os materiais e serviços”, explica Nardi.

Para o engenheiro, a expectativa é de que o projeto traga muito mais frutos do que a construção do FogUni. “Já formamos entre 40 e 50 engenheiros capazes de projetarem motores de foguetes e torço para que alguns deles se tornem empreendedores na área”, ressalta. “O Brasil adora comprar tecnologia, mas, dessa forma, vamos sempre ter equipamentos de segunda mão e depender dos estrangeiros”, completa.


Fonte: Site Globo Universidade - http://redeglobo.globo.com/globouniversidade

Comentário: Venho acompanhando essa iniciativa do Eng. Rene Nardi desde o início de 2011 e tive até a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente durante a realização do "5º SePP&D" em abril de 2011 na cidade de São José dos Campos-SP (veja aqui), mas infelizmente devido a correria do evento não pude conversar com o mesmo como gostaria. De qualquer forma, de lá pra cá tenho divulgado diversas notícias sobre essa iniciativa que considero exemplar e que poderia estar obtendo apoio de nossa Agência Espacial (AEB). Cadê o presidente José Raimundo? Desculpe-me leitor, deve estar fazendo turismo em algum lugar do mundo. É lamentável que uma iniciativa como essa tenha de passar por dificuldades financeiras por pura inércia de quem deveria estar ajudando, mas enfim... esta é a realidade brasileira e a verdadeira cara do nosso PEB, ou seja, muita fantasia e pouca ação.

Comentários

  1. Disse tudo. Se a AEB fosse uma agência séria e, se houvesse um real interesse em desenvolver a tecnologia aeroespacial no Brasil, estas universidades já estariam há muito tempo colaborando com o programa espacial brasileiro (se é que existe um)

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  2. Dou todo o meu apoio e incentivo a iniciativas como essa, e folgo em ver que além das federais, fazem parte do grupo algumas universidades privadas.

    Na verdade, em minha modestíssima opinião, o caminho é esse mesmo. Sugiro incluir o pessoal de marketing e administração no projeto e começar a buscar patrocínios privados. Quanto maior a distância desse "governo" e suas instituições melhor.

    Abs.

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