Brasil Deve Lançar Dez Satélites até 2020, Diz Presidente da AEB; Confira Entrevista

Olá leitor!

Segue abaixo uma entrevista com o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), o Sr. José Raimundo Braga Coelho postada dia (31/01) no blog “Ceará Científico” do jornal Diário do Nordeste.

Duda Falcão

Desenvolvimento Científico, Exploração Espacial

Brasil Deve Lançar Dez Satélites até 2020,
Diz Presidente da AEB; Confira Entrevista

Adriano Queiroz
Publicado em 31/01/2014 - 12:19

Foto:  Valdevino Jr  - CCS/AEB
Buscar parcerias com programas espaciais estrangeiros
ou empresas privadas como a norte-americana SpaceX
(cuja diretora Stella Guillen aparece na foto) é uma das
iniciativas tomadas pelo presidente da AEB
José Raimundo Coelho para viabilizar o programa
espacial brasileiro, a despeito do baixo orçamento.

Prestes a completar 20 anos, a Agência Espacial Brasileira (AEB) convive com o desafio de tentar manter o país no seleto grupo de países com tecnologia aeroespacial, ao mesmo tempo em que conta com um baixíssimo orçamento.

Para se ter uma ideia, do Orçamento da União previsto para 2014 em R$ 2,5 trilhões, apenas 9,5 bilhões estão destinados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e desse total apenas R$ 300 milhões estão destinados à agência. Vale lembrar que apenas a sonda norte-americana Curiosity custou mais de R$ 5 bilhões (mais da metade de todo orçamento para ciência no Brasil).

A fim de entender como a AEB enfrenta as restrições orçamentárias e se prepara para lançar satélites produzidos em território nacional, o Blog Ceará Científico entrevistou, com exclusividade, o presidente da agência, José Raimundo Coelho.

Blog Ceará Científico - Qual o impacto da falha do lançamento do satélite CBers-3 no Programa Espacial Brasileiro? É mesmo viável antecipar o lançamento do CBers-4?

José Raimundo Coelho - É viável, sim, antecipar o lançamento do CBERS 4 para o final de 2014. Os brasileiros e chineses já estão empenhados nessa tarefa, desde o início deste ano. As imagens dos satélites da família CBERS fazem parte de um conjunto de dados muito utilizado pelos usuários brasileiros e chineses. Entretanto, a maioria das aplicações que necessitam desses dados, utilizam ao mesmo tempo, dados de outros satélites. Ainda não dispomos de um satélite, cujos dados sejam suficientes para todas as aplicações. O impacto da falha, portanto, existe e é considerável, mas não podemos afirmar que constitua um prejuízo irreparável, pelos motivos já mencionados. Os compromissos, do ponto de vista do programa, também não serão alterados. O CBERS 4 será lançado proximamente e já estamos estudando a possibilidade de desenvolver um outro satélite CBERS utilizando parte dos equipamentos sobressalentes dos CBERS3 e 4, além das futuras famílias que farão parte da nossa agenda decenal de parceria.

BCC -  Quando o Centro de Lançamentos de Alcântara deve retomar o ritmo que tinha antes do acidente de 2003?

JRC - As obras no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, não estão paradas. A Torre Móvel de Integração foi totalmente reconstruída. A obra foi concluída no final de 2012. Um teste de integração física da torre com um modelo “mock up” do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) também já foi realizado. É importante ressaltar que a torre está pronta para operação de lançamento.

BCC – Como está o desenvolvimento do VLM-1 (Veículo Lançador de Microssatélites)? Qual a previsão de lançamento?

JRC – O VLM-1 está na fase do projeto preliminar. A previsão do lançamento é para o biênio 2015/2016.

BCC - E qual a importância do desenvolvimento e lançamento do nanossatélite NanosatC-Br-1?

JRC - Desenvolver o programa de nanossatélites é iniciar a formação de uma massa crítica de especialistas, que será fundamental para a consolidação do programa espacial do país. O segundo nanossatélite brasileiro e primeiro Cubesat nacional, o NanosatC-Br1, será levado ao espaço em maio próximo pelo lançador russo DNPER.

BCC  - Em termos de percentual relativo do PIB, o Programa Espacial Brasileiro destina dez vezes menos recursos de seu orçamento que a Índia e 30 vezes menos que os EUA, segundo levantamento. Porque isso acontece? A falta de verbas por si só explica a diferença entre os programas espaciais desses países ou há como driblar a escassez de dinheiro e alavancar o setor aeroespacial no País?

JRC - É verdade que programas espaciais de vários países do mundo dispõem de recursos muito superiores ao nosso. Seria interessante, entretanto, examinar todas as razões e motivações que envolvem essas determinações. Prioridades nacionais, de naturezas distintas às brasileiras, devem estar envolvidas nessas decisões. Em algumas situações seria justo apelarmos para soluções criativas que envolvam compromissos financeiros de vários segmentos da sociedade.

BCC - Até que ponto, o crescimento econômico vertiginoso de Índia e China estão relacionados ao seu poderio aeroespacial? O Brasil pode se inspirar nesses países?

JRC - O desenvolvimento de ciência e tecnologia em áreas, tais como, a área aeroespacial, em geral está muito relacionada com o desenvolvimento como um todo de um país, porque se trata de um segmento cujo desenvolvimento envolve desafios em um conjunto muito variado e diversificado de objetos.

BCC – O incentivo ao desenvolvimento privado de tecnologia aeroespacial poderia ser uma alternativa para o Brasil crescer nessa área? Há alguma iniciativa nesse sentido sendo desenvolvida?

JRC - O incentivo ao desenvolvimento tecnológico da indústria aeroespacial do país faz parte da nossa política espacial. Os empresários são convidados a acompanhar e participar da elaboração de projetos, como do satélite de sensoriamento terra-água Sabia – Mar, a ser desenvolvido em parceria com a Argentina. As empresas também dialogam com a Agência Espacial Brasileira (AEB) com o intuito de estudar oportunidades de negócios com agências espaciais de outros países. Outra ação foi à articulação da AEB junto ao governo chinês para que empresas brasileiras participassem de encontros com indústrias do segmento aeroespacial do país para a troca de informações e possível formação de parcerias, não só com vistas ao mercado interno dos dois países, mas, também, do exterior, principalmente América Latina.

BCC – Quais os principais projetos que a AEB está desenvolvendo até 2016?

JRC - O Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) prevê o lançamento de cerca de dez satélites até 2020, incluindo os de observação da Terra (solos e oceanos), meteorológicos, comunicação e científicos. Também será dado forte incentivo para o desenvolvimento de pequenos satélites, até porque a atividade tem forte impacto na formação de recursos humanos, o que dará novo impulso ao desenvolvimento espacial do país nas próximas décadas.

BCC - O que faltou ao longo dos anos e o que deve ser feito nas próximas décadas para o Brasil diminuir o atraso em relação às potências espaciais?

JRC - Acreditamos que a motivação mais segura e correta para o desenvolvimento das atividades espaciais no Brasil está mais relacionada aos benefícios que esse desenvolvimento pode acarretar à sociedade brasileira e não necessariamente a qualquer corrida de potências espaciais.


Fonte: Blog do “Ceará Científico“ - 31/01/2014 - http://blogs.diariodonordeste.com.br/cearacientifico

Comentário: Sabe leitor, às vezes lendo na mídia as declarações comedidas e fantasiosas do Sr. José Raimundo Braga Coelho eu chego à conclusão de que ou o mesmo vive no mundo da Lua, ou está mal intencionado. Não é possível que na atual situação que se encontra o PEB, com dificuldades cada vez maiores e com um orçamento de brinquedo, o Sr. José Raimundo venha fazer previsões absurdas, basta o leitor observar o que diz os profissionais de outras instituições do programa. Só para exemplificar: VLM-1 no Biênio 2015/2016, ora Sr. José Raimundo o senhor perdeu o juízo? Não se faz foguetes sem dinheiro, programa espacial não é feito com mágica e no IAE não tem nenhum David Coperfield e muito menos Dynamo, lá sim tem profissionais sérios que estão se emprenhando para tentar desenvolver os nossos veículos lançadores a despeito de pessoas como o senhor que vão á mídia para aparecer e passar informações fantasiosas para o povo brasileiro. Isso é um absurdo. O senhor é presidente da Agência Espacial do país e se não queres ou não pode ajudar, que pelo menos tenha cuidado com o que diz na mídia, não fazendo promessas que o senhor bem sabe não serão cumpridas, e assim não piorar ainda mais a imagem que a sociedade tem desse importante programa para o país. SpaceX Sr. José Raimundo? Ora, faça-me uma garapa.

Comentários

  1. Essa Foto e minha Ok..
    Só para Constar...
    Junior CCS/AEB

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    1. Olá Junior!

      A César o que é de César, retificado.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  2. Sinceramente Duda, há muito não rio (gargalhadas) muito. Os seus comentários nos traz na memória outras peixadas de supostos experts em qualquer assunto desde que venham lá do planalto. Quanto mais a gente se interage em certos assuntos mais vemos que estamos feitos nas fotos. Por estes dias esteve por aqui Uberaba-MG o Sr. Ministro Raupp patrocinando com a sua presença o lançamento de um projeto de uma turbina a gás. O que você sobe a respeito.

    Um abroço,
    Att.

    Nelson Champs

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    1. Caro Sr. Nelson Champs!

      Sinceramente não sei, o acompanhamento de notícias e de projetos que não tenham algo haver com o PEB e suas ciências correlatas não são de minha competência e nem fazem parte da temática do blog. Assim sendo, dessa vez não tenho como responder a sua pergunta.

      Atenciosamente,

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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  3. Duda tenho observado um fato curioso. Você tem percebido que as entrevistas feitas nunca cobram das autoridades as promessas e afirmações mentirosas que fazem? Sempre se pergunta sobre o futuro e as respostas são promessas em que tudo parece cor de rosa. Está na hora de colacar essa gente na parede e mostrá-los que não somos otários. Cobrar ostensivamente do Sr. Raimundo as mentiras que ele conta. Que a AEB tem se negado a assinar os contratos para os lançadores brasileiros enquanto os assina para a ACS. Que o dinheiro prometido nunca chega. Em 2012 a Presidente Dilma declarou publicamente que havia liberado um valor para o PEB quando, na verdade, aquele valor foi o que foi solicitado. O liberado foi 10 vezes menos. E por aí vai. Cobrança já

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    1. Olá Sr. Heisenberg!

      Pois é caro amigo, algo precisa ser feito para lutar contra esses energúmenos vendedores de ilusões e politiqueiros de porta de botequim. Entretanto, sinceramente não sei o caminho, pois em minha opinião passa por uma mobilização popular que não tenho como organizar e muito menos liderar. Entretanto, continuamos na luta tentando esclarecer aos nossos leitores a verdade diante de tantas fantasias e mentiras divulgadas por esses brasileiros de moral duvidosa. Obrigado mais uma vez pelo seu comentário e vamos em frente.

      Abs

      Duda Falcão
      (Blog Brazilian Space)

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    2. Sobre isso, a única forma (em minha opinião), de se obter alguma divulgação para o público em geral, seria se houvesse algum interesse e desapego aos cargos públicos e seus benefícios. Ou seja, se aqueles diretamente envolvidos e prejudicados com essas coisas fizessem manifestações públicas contra esse estado de coisas.

      Ocorre, que na verdade estão todos "encostados" nos seus respectivos cargos públicos e as benesses e garantias oriundas dos mesmos.

      Então, eu sou muito cético quanto a isso. Se nem mesmo aqueles diretamente envolvidos dão a mínima para o programa, e se conformam em fingir que está tudo bem, não vejo grandes chances de a sociedade fazer essa cobrança.

      Aqui no Rio por exemplo, a sociedade está mais preocupada, motivada e efetivamente agindo contra os desmandos nas áreas de Segurança, Transporte, Abastecimento de Água e Energia.

      Nesse momento, a "massa" que chamamos de sociedade, em sua enorme maioria, sequer sabe que existe um PEB.

      É lamentável, mas é a nossa realidade.

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