AEB - Discurso Comemorativo 20 Anos Agência Espacial Brasileira
Olá leitor!
Segue abaixo o discurso comemorativo dos 20 anos da
Agência Espacial Brasileira (AEB) realizado pelo presidente da agência dia
10/02 e postado ontem (13/02) no site “Defesanet.com”.
Duda Falcão
COBERTURA
ESPECIAL - Especial
Espaço - Tecnologia
AEB - Discurso Comemorativo 20 Anos
Agência Espacial
Brasileira
Defesa.net
13 de Fevereiro, 2014 - 14:27 ( Brasília )
Discurso Comemorativo dos 20
Anos
Agência Espacial Brasileira – AEB
10 fevereiro 2014 - Brasília DF
Raimundo
Coelho,
Presidente
da AEB
Senhores
e Senhoras
Hoje
nos reunimos para refletir sobre os vinte anos de existência da Agência
Espacial Brasileira. Nada mais justo do que tentar situá-la em seu histórico contexto.
Pois
bem, a primeira tentativa de sistematização do programa aconteceu quando
brasileiros e franceses discutiram a possibilidade de criação de uma Missão
Espacial Brasileira (MEB), a ser executada em parceria com o CNES.
Interessante
observar um pressuposto: a implantação de uma empresa que gradativamente
deveria transformar-se em uma Contratante Principal.
No
início dos anos 80, por motivos considerados estratégicos – acesso autônomo ao
espaço - a Comissão Brasileira de Atividades Espaciais (COBAE) teve aprovada a
Missão Espacial Completa Brasileira – MECB.
Um
programa integrado, visando o projeto, o desenvolvimento, a construção e a
operação de satélites de fabricação nacional, a serem colocados em órbitas
baixas por foguetes projetados e construídos no país e lançados de uma base
situada em território brasileiro.
Em1988
acontece um fato interessante. Brasil e China decidem desenvolver uma família
de Satélites de Observação da Terra (CBERS).
Inicia-se
então um outro tipo de integração – a integração por necessidade e
oportunidade, valendo-se de parcerias estratégicas, baseadas em dois fatores
considerados de extrema importância – benefícios mútuos e desenvolvimento
conjunto.
Ações,
como essa, foram também bastante utilizadas no início das atividades espaciais
no Brasil, nos anos 60, a partir de iniciativas de parcerias internacionais
envolvendo
lançamentos de experimentos suborbitais, permanecendo até hoje e estabelecendo
um alto padrão de inserção global do Brasil neste seguimento.
Passados
tempos, em 1994, surgiu então a Agência Espacial Brasileira (AEB), como parte
do Sistema , para coordenar, executar e fazer executar a Política Espacial
Brasileira.
Trouxe
consigo a herança do programa sob supervisão da COBAE e implantou, baseado
nele, o que hoje denominamos Programa Nacional de Atividades Espaciais - PNAE.
Uma
peça de planejamento estratégico com orientação explicitamente voltada aos
interesses nacionais, aos benefícios da população brasileira.
Audacioso
sob o ponto de vista de metas. Comedido do ponto de vista de resultados,
encontra-se hoje em sua quarta edição.
Ajustes
de rota foram introduzidos ao longo do tempo, em todos os seguimentos básicos
do programa: satélites, lançadores e sítios de lançamentos.
Além
do CBERS, uma plataforma multimissão, a PMM, está sendo desenvolvida para o
atendimento a antigas e novas missões.
Ajustes
na área de lançadores estão em curso com o propósito, dentre outros, de
integração à iniciativa de parceria com o Governo Ucraniano, no âmbito do
projeto Cyclone 4, com implicações diretas, também, sobre a extensão da infraestrutura
do Centro Espacial de Alcântara.
A
Missão de coordenação efetiva atribuída à AEB, em seu decreto de criação, teve
seu momento de grande inflexão em 2005, quando o orçamento do PNAE foi
transferido à gestão direta da agência.
Inicia-se,
a partir desta determinação, uma nova fase de relacionamento entre os agentes
ativos do programa. Integração passa a ser e continua sendo, o grande objetivo.
Aquilo
que foi preconizado na lei institutiva, como coordenar, EXECUTAR e fazer
executar, temos interpretado como coordenar e fazer executar.
Executar,
apenas quando se tratam de operações coletivas cuja participação da agência
seja considerada absolutamente imprescindível.
Elementos
novos passaram a constituir o grupo de agentes ativos do programa. Refiro-me,
especialmente à base industrial, elemento primordial para a sustentabilidade do
sistema.
O
desafio é transformá-lo em agente ativo e não, passivo, submisso. É assim, em
todos os países espaciais do mundo, assim terá que ser no Brasil.
O
Programa Espacial Brasileiro de hoje ultrapassa as fronteiras do PNAE.
Estende-se a necessidades outras ditadas por segmentos importantes da nação. A
segurança Nacional, com sua envoltória operacional magnificamente abrangente, é
um dos mais ilustres exemplos.
Qual
a postura desta agencia?
Total
aderência!
Colocar
à disposição da Estratégia Nacional de Defesa, em especial do Programa
Estratégico de Sistemas Espaciais – PESE, todos os instrumentos do PNAE e muito
mais do que isto: promover os ajustes e acomodações necessárias visando à
otimização e integração de todas as concorrentes iniciativas nacionais na área
espacial.
Foi
assim que acolhemos a ideia do SGDC. A maioria conhece a obstinação com que
tratamos nessas três últimas décadas da questão da inserção dos nossos agentes
em assuntos relacionados a desenvolvimento de satélites geoestacionários.
O
despontar de uma iniciativa do Governo brasileiro, relacionada a questões de
segurança nacional e inclusão digital criou essa grande iniciativa.
A
Agência não poderia desperdiçar essa oportunidade. Está aqui empenhada nas
ações de um plano de Absorção e Transferência de Tecnologia, com isto
preparando a nossa base industrial e as nossas instituições para um
comprometimento progressivo e efetivo nas próximas missões.
Eis
então que daí surge, também, outra oportunidade, e a tão necessária e almejada
Empresa Contratante Principal é criada, com o nome de Visiona, em uma
articulação que inspira todo o sucesso – a Parceria Público Privada (PPP).
Cumprido
o pressuposto dos anos 80, cabe a nós, agora, promover e estimular a
capacitação e a qualificação do conceito em benefício da consolidação de nossa
Base Industrial, para que a mesma possa exercer um papel importante no cenário
competitivo mundial. Em outra frente desafiadora, estamos agora terminando os
estudos para o desenvolvimento de uma solução que atenda à Rede
Hidro-meteorológica da Agência Nacional de Águas (ANA).
O
Sistema atual que ainda utiliza os satélites nacionais, desenvolvidos pelo
INPE, SCD1 e SCD2, lançados em 1993 e 1998, respectivamente e outros satélites
estrangeiros, carece de aprimoramentos.
Não
faltou também o apego à formação de recursos humanos e ao compromisso junto às
Universidades e Centros de Pesquisas ao engajamento espacial, como foi descrito
pelo nosso Diretor Gurgel.
Há,
entretanto, muito pela frente, a jornada não é simples, os óbices tem que ser
transformados em desafios e os desafios tem que ser vencidos, todos vencidos.
Em
junho de 2013 tivemos, finalmente aprovada, a lei que promoverá a consolidação
da capacitação da Agência para o exercício da competência que lhe confere o seu
ato institutivo: a constituição de um quadro próprio de recursos humanos.
Neste
momento, após o cumprimento de todos os trâmites, o processo encontra-se na
Secretaria Executiva do Ministério do Planejamento, para que seja expedida a
autorização que permitirá a promoção do nosso primeiro concurso público.
Mesmo
com isto, não seremos capazes de eliminar os riscos a que nos submetemos em
nossos empreendimentos. Eles são, infelizmente, inerentes à intimidade da nossa
lide. Todos os países do mundo sofreram e continuam sofrendo o impacto do risco
de operar no espaço.
O
mais próximo evento aconteceu em 9 de dezembro de 2013 no Centro de Lançamento
Chinês de Taiyuan quando por uma falha ocorrida no terceiro estágio do lançador
Longa Marcha 4B, perdemos o nosso satélite CBERS 3.
O
lançamento do CBERS 4, que deveria acontecer em 2015, foi antecipado para o
final de 2014 como uma demonstração de que não aceitamos a perda como derrota,
pois não desistimos.
Os
braços que contamos são os braços que temos. Foram eles que, junto àqueles dos
outros seguimentos do Sistema, nos permitiram chegar até onde chegamos.
E
serão eles que nos permitirão vencer, antes de tombar.
E
é por isso, que no dia de hoje, a eles dedicamos a nossa mais sincera, profunda
e justa homenagem.
Com
muito orgulho, Parabéns Servidores da Agência Espacial Brasileira!
Muito
obrigado
Fonte: Site Defesanet.com - http://www.defesanet.com.br
Comentário: Pois é leitor, uma verdadeira pérola o discurso
do Sr. José Raimundo Braga Coelho, mas deixarei que o próprio leitor avalie o que
foi dito pelo presidente da AEB. Entretanto gostaria de chamar a atenção do leitor para algo muito preocupante dito pelo Sr. José Raimundo em relação aos
veículos lançadores, ou seja: “Ajustes na área de lançadores estão em curso com o propósito,
dentre outros, de integração à iniciativa de parceria com o Governo Ucraniano,
no âmbito do projeto Cyclone 4, com implicações diretas, também, sobre a
extensão da infraestrutura do Centro Espacial de Alcântara”. O que o presidente
da AEB quis dizer com isso? Se os militares do COMAER realmente tem interesse em seus
projetos de veículos lançadores é melhor abrir o olho puxado e deslumbrado do
seu comandante locado em nossa obscura Capital Federal, cidade esta corrompida
por uma classe política de nenhum compromisso com o país. Além disso, gostaria
de dizer ao Sr. José Raimundo que eu guardarei essa pérola sobre o lançamento
do CBERS-4 dita por ele: “O lançamento do CBERS 4, que deveria acontecer em
2015, foi antecipado para o final de 2014 como uma demonstração de que não
aceitamos a perda como derrota, pois não desistimos”, e cobrarei quando chegar o
momento adequado, esperando é claro, que o mesmo ainda esteja a frente da AEB.
Será?
falou e não disse nada Zé Raimundo....
ResponderExcluirsó conversa pra boi dormir....
e sobre o VLS...nada a dizer?
Continuo sem entender: ele finaliza o discurso parabenizando com muito orgulho os "Servidores da Agência Espacial Brasileira", uma agência que não tem quadro próprio de recursos humanos.
ResponderExcluirÉ tão absurdo que chega a ser cômico. Ou seria trágico?
Olá Marcos!
ExcluirComo eu disse é esquisito ao mesmo tempo em que é trágico. Mas enfim, no país dos absurdos tudo é possível e esse absurdo trágico é mais uma clara evidência da falta de seriedade de quem deveria estar compromissado na luta contra as forças contrárias ao PEB. O Sr. José Raimundo infelizmente é apenas uma peça de uma maquina política corrupta e sem compromisso com o futuro da nação brasileira, isto é, se é que podemos chama-la assim.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)