Foguete Ucraniano Custará R$ 1 Bilhão ao Brasil

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria publicada hoje (11/09) no jornal “Folha de São Paulo” destacando que o foguete Cyclone-4 custará R$ 1 bilhão ao Brasil.

Duda Falcão

Ciência

Foguete Ucraniano Custará R$ 1 Bi ao Brasil

CLAUDIO ANGELO

ENVIADO ESPECIAL A Alcântara

11/09/2010

A empresa criada por Brasil e Ucrânia para lançar satélites da base de Alcântara deve custar ao país quase R$ 1 bilhão. O valor é dez vezes maior do que o estimado inicialmente para o capital da parte brasileira da empresa, cerca de R$ 100 milhões.

Especialistas ouvidos pela Folha têm apontado que, com a escalada de custos e com o tamanho limitado do mercado de lançamentos comerciais de satélites, a empresa pode ficar deficitária por até duas décadas.

Os custos incluem a construção do sítio de lançamento do foguete ucraniano Cyclone-4 no CLA (Centro de Lançamentos de Alcântara), no Maranhão, orçado em R$ 519 milhões.

Esse valor é o capital brasileiro da empresa. Um aporte de igual monta é esperado da Ucrânia, país que enfrenta dificuldades financeiras após a crise de 2008.

Além disso, há obras dentro e fora do CLA que servirão à binacional ACS (Alcântara Cyclone Space) e que são de responsabilidade do governo brasileiro.
Entre elas estão um porto e uma estrada no valor de R$ 180 milhões; construções que servirão tanto ao CLA quanto à ACS, de R$ 110 milhões; e obras dentro do próprio sítio do Cyclone de R$ 145 milhões.

Segundo o diretor de Licenciamento da AEB (Agência Espacial Brasileira), Nilo Andrade, a agência já pediu crédito suplementar para essas ações, além do previsto na proposta de Orçamento da União para 2011.

ATIVO TÓXICO

Um ponto polêmico das obras que o Brasil fará no sítio do Cyclone é a construção de um depósito de combustível para o foguete ucraniano, orçado em R$ 35 milhões.

Esse combustível, a hidrazina, é tóxico e não é usado pelos foguetes brasileiros.

A responsabilidade de pagar pelo depósito era da ACS, mas a empresa transferiu a conta para o Brasil, com anuência da AEB. A ACS, que teve sua pedra fundamental lançada anteontem pelo ministro Sergio Rezende (Ciência e Tecnologia), prevê iniciar as operações em 2012.

CONTRA O TEMPO

Será uma corrida contra o tempo: as obras no sítio ainda não começaram, nem o foguete está pronto.

Abandonados pelos seus parceiros russos na fase de desenvolvimento, os ucranianos tiveram de refazer o sistema de controle do Cyclone-4 com tecnologia própria.

Segundo o diretor ucraniano da empresa, Oleksandr Serdyuk, o sistema novo já foi testado com sucesso, mas faltam US$ 70 milhões para completar o foguete, que devem vir de bancos europeus.

"O problema agora não é o lançador, é o sítio de lançamento", disse.

Mesmo iniciando as operações no prazo, não há clareza ainda sobre que fatia do mercado a ACS abocanharia.

Rezende diz que a empresa fará de quatro a cinco lançamentos por ano. O diretor brasileiro da ACS, o ex-ministro Roberto Amaral, fala em seis. Segundo ele, a empresa começaria a dar retorno em seis anos, cobrando até US$ 50 milhões por lançamento.

Um ex-diretor da ACS, João Luiz Azevedo, fez outra conta na reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em julho.

Segundo ele, os custos crescentes da empresa e o mercado reduzido fariam com que a ACS ficasse 28 anos deficitária. Outros partilham sua opinião.

A principal limitação é o fato de que 40% dos satélites do mundo são americanos. Como o Brasil não tem um acordo de salvaguardas tecnológicas com os EUA, a ACS ficaria vedada a essa fatia.

"Tudo é arriscado", afirmou Rezende sobre montar uma empresa mesmo sem mercado garantido.

Ele considera que a ACS vale o risco por ser estratégica. Ela daria a chance ao país de ter um foguete próprio, já que há uma promessa da Ucrânia de repassar tecnologia do Cyclone ao país e o VLS-1 não servirá para lançar os satélites brasileiros.

O ministro afirmou que pretende propor um novo acordo com os EUA, só para a área de satélites.

O jornalista CLAUDIO ANGELO viajou a convite do MCT

Fonte: Jornal Folha de São Paulo - 11/09/2010

Comentário: Pois é leitor, a verdade começa a ser estabelecida e o curioso é que no caso dessa matéria do jornal Folha de São Paulo a mesma é apresentada por um jornalista que foi a Alcântara a convite do próprio Ministério da Ciência e Tecnologia. Note a colocação feita pelo ex-diretor da própria ACS, João Luiz Azevedo, sobre essa mal engenhada empresa. E o pior disso tudo leitor é que quando a bomba estourar os responsáveis não serão responsabilizados judicialmente por esse rombo no erário público brasileiro, ou seja, como sempre a festa acabará em pizza. Na verdade uma pena para o Programa Espacial Brasileiro (onde militam muita gente incompetente nos cargos decisórios e a já interferência política danosa), pois como já havia dito em comentários anteriores a idéia de criação de uma empresa bi-nacional é muito boa e o Brasil perdeu uma grande chance de dar uma alavancada no seu programa espacial. Desde o inicio, a criação dessa mal engenhada empresa foi pautada em erros sucessivos e como tudo que começa errado só pode acabar errado. Além da mesma ser um mastodonte bi-nacional público quando deveria ser uma empresa de capital misto (privado e público) sob a direção de executivos que entendam do assunto e não de políticos com histórico administrativo desastroso como no caso do senhor Roberto Amaral, a escolha errada do sócio (deveriam ser os russos que haviam apresentado um acordo de parceria muito interessante que poderia evoluir para algo ainda melhor), a escolha errada da tecnologia a ser empregada pelo foguete que diferentemente do que é dito é altamente tóxica e ultrapassada, a não participação da industria brasileira no desenvolvimento do foguete ou mesmo a transferência de tecnologia para o Brasil (é uma mentira deslavada da ACS/MCT, não existe nenhum acordo nesse sentido com os ucranianos e de bom samaritano o inferno está cheio), a falta de um planejamento de mercado adequado realizada por profissionais competentes para um mercado fechado, pequeno e dinâmico como é o mercado de lançamento de satélites comerciais, e como citado pela matéria a falta de um acordo de Salvaguardas com os Estados Unidos transformam as chances de êxito dessa empresa em algo tão verdadeiro quanto a existência de Papai Noel. Restará à mesma atender aos satélites do PNAE e do Programa Espacial Ucraniano e mesmo assim por decisão política e não econômica. Há que ponto nós Chegamos?

Comentários

  1. É incrível que a cada dia fica mais clara a má administração e a falta total de estrutura desta empresa binacional. Iremos todos pagar a conta de um elefante branco espacial. O pior e que a falta de credibilidade que virá ao longo dos anos, acabará por sepultar definitivamente nosso programa espacial, já que vão pegar, o mais fraco na jogada, o nosso VLS.

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  2. Olá Ricardo!

    Vamos torcer que apesar dessa trapalhada toda o PEB haverá de sobreviver, já que as pessoas passam, mais as instituições permanecem e as mesmas haverão de sobreviver. Infelizmente o atraso será enorme, mais continuo acreditando que a grupo Edge Of Space é a nossa salvação nos próximos anos e em breve deverá anunciar uma notícia bombástica. Aguarde.

    Abs

    Duda Falcão

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