Alcântara e o Espaço - Editorial

Olá leitor!

Segue abaixo um editorial publicado dia (23/09) no jornal “O Estado do Maranhão”, destacanto o papel do ex-presidente e atual senador José Sarney na consolidação do Programa Espacial e Nuclear do país.

Duda Falcão

Editorial

Alcântara e o Espaço

O Estado do Maranhão
23/09/2010

A empresa brasileira-ucraniana Alcântara Cyclone Space (ACS) inicia no próximo mês as obras que deverão transformar a base de Alcântara em um dos principais centros de lançamento de foguetes do planeta. O empreendimento é de tal forma promissor que as duas partes já discutem a integralização do capital da empresa não mais em torno de U$$ 100 milhões, mas na altura de U$$ 375 milhões.

Ao anunciar no Senado a retomada do projeto de Alcântara pela empresa brasileiro-ucraniana, o senador Edison Lobão destacou o papel do presidente José Sarney na fixação dos objetivos que o empreendimento deveria se dar para atender aos justos anseios de progresso dos maranhenses. “Na verdade, de maneira mais abrangente, deve-se a sua visão de mundo prospectiva e aguda, própria de um estadista, o Programa Espacial Brasileiro. Neste, ele incluiu a base de Alcântara e garantiu os recursos e equipamentos para a primeira etapa de sua implantação”, assinalou o senador. E acrescentou que, “nos momentos mais difíceis dessa grande empreitada, como aquele do desastre de agosto de 2003, Sarney se manteve firme, com a inabalável convicção de que o projeto iria para a frente, ganharia o prumo e rumo agora desenhados no acordo brasileiro-ucraniano”.

Deve-se a sua visão de
mundo prospectiva e
aguda (de Sarney),
própria de um
estadista, o Programa
Espacial Brasileiro

Não foi diferente sua reação ao assumir a Presidência da Republica em 1985 e ao verificar a estagnação do Programa Espacial Brasileiro. Sem delongas, tratou de relançá-lo com investimentos da ordem de U$$ 100 milhões por ano durante os cinco anos de seu governo. Ao mesmo tempo, criou o Ministério da Ciência e Tecnologia, para coordenar os esforços pelo desenvolvimento do país nesses domínios. O primeiro titular da pasta foi o maranhense Renato Archer. Durante sua gestão ministerial, soube traduzir em atos a preocupação do presidente em assegurar ao país um avanço significativo no setor aeroespacial e em matéria de tecnologia nuclear autônoma.

Sarney entendia que a tecnologia aeroespacial era fundamental para o Brasil. Daí o projeto por ele concebido de cooperação Brasil-China, para a produção de satélites destinados à coleta de informações nos campos da geologia, hidrologia, monitoramento ambiental, das atividades agrícolas e de urbanização. Nessa perspectiva, o presidente Sarney, sobretudo, reforçou o pólo aeroespacial de São José dos Campos, com os laboratórios de integração e testes de satélites e de monitoramento destes. Lançou a produção do foguete brasileiro VLS, que permite o lançamento de satélites. Isso, apesar das tentativas dos Estados Unidos de bloquear a iniciativa. Washington alegava que o Brasil poderia adaptar o foguete para fins militares.

Na expansão do programas aeroespaciais e de enriquecimento de urânio para a produção de energia, ele incrementou a produção e utilização da fibra ótica e do cíclotron ou acelerador de partículas. E ensejou o desenvolvimento de mísseis militares teleguiados. Sem falar das providências que tomou para a fabricação de outros equipamentos e componentes de alta complexidade que entram na produção aeroespacial. Era natural que a execução desse projeto estratégico exigisse o recrutamento de um pessoal de alto nível. Para a qualificação da mão de obra, foi adotado ambicioso programa de concessão de bolsas de estudo com excelentes resultados.

Em suma, o governo Sarney fez a sua parte com a eficiência e o senso inovador - que a comunidade científica reconhece - para ampliar e modernizar a base tecnológica sobre a qual o desenvolvimento autônomo do Brasil nas áreas nuclear e aeroespacial, o que não dispensa a cooperação com outros países.


Fonte: Jornal O Estado do Maranhão - pág. 04 - 23/09/2010

Comentário: Apesar do excesso de confete jogado pelo autor desse editorial do jornal maranhense (já que na realidade historicamente a administração pública brasileira sempre foi de ruim para péssima) não se pode tapar o sol com a peneira, e realmente foi no período do governo do ex-presidente José Sarney que o “Programa Espacial Brasileiro” alcançou um nível de desenvolvimento bem satisfatório, mas que infelizmente nos governos subseqüentes não foi dado à continuidade necessária para sua consolidação. Diante disto, hoje somos obrigados a conviver com esse estágio de atraso em que se encontra o programa e o que é pior, acreditando em histórias da carochinha. Lamentável. Aproveito para agradeçer ao leitor maranhense Edvaldo Coqueiro pelo envio desse editorial.

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