O Nascimento da ITA Rocket Design
Olá leitor!
A pioneira equipe de fogueteiros ‘ITA Rocket Desing’ do “Instituto
de Tecnológico de Aeronáutica (ITA)” publicou recentemente em suas redes sociais um
interessante artigo resgatando a sua história e a dos pioneiros desta equipe que
serviu de exemplo para varias outras que hoje existem no país. Veja abaixo na
integra o artigo em questão.
Duda Falcão
O Nascimento da ITA Rocket Design
A ideia de Formar Uma Nova Iniciativa (2010/2011)
Com o início do ensino de Engenharia Aeroespacial no ITA
em 2010, surgiu a necessidade de uma iniciativa técnica focada em de fato atuar
na área. Muitos dos futuros engenheiros da época faziam outras iniciativas
técnicas, pois não havia nenhuma dedicada ao setor espacial.
Isso mudou quando dois alunos, Danilo Miranda, na época
no 3º ano (1ºPROF) de AESP e Oswaldo Loureda, então aluno de mestrado em
engenharia aeroespacial, tiveram a ideia de competir na chamada IREC
(Intercollegiate Rocket Engineering Competition), com um foguete feito por
alunos do ITA. Danilo e Oswaldo já se conheciam, mas a ideia toda surgiu quando
Oswaldo voltou dos Estados Unidos e conversou com Danilo, representante da
turma de engenharia aeroespacial, para formar uma equipe para a construção do
foguete.
Oswaldo contribuiu com muita experiência, agindo como um
guia para o resto da equipe. Algumas habilidades, como a confecção de
propelente, das quais os alunos da graduação não tinham conhecimento, foram
ensinadas pelo Oswaldo. Assim, juntando a experiência prática proporcionada por
ele e a parte mais teórica, bem forte nos alunos da graduação do ITA,
construiu-se uma equipe bem funcional.
No início, por ser uma iniciativa ainda muito pequena,
não foi possível conseguir qualquer patrocínio e nem muita atenção dos alunos
da graduação. Então tanto a montagem do foguete, quanto a viagem para os
Estados Unidos, aonde acontece a IREC, foram bancados com o dinheiro dos
próprios membros. Devido a essas restrições financeiras, só foi possível que Oswaldo
e Danilo fossem para a competição.
O Foguete e a Competição em 2011
A principal preocupação da equipe era a propulsão. Foram
feitos 4 cases (tubos) de alumínio para o motor a propelente sólido. Desses,
três foram usados em testes, sendo que os dois primeiros falharam e apenas o
terceiro funcionou. O quarto e último case foi levado para a competição, não
havendo, portanto, nenhuma margem de segurança caso alguma falha ocorresse com
aquele case.
Oswaldo e Danilo foram para os Estados Unidos. Como não
era possível viajar com um foguete montado e carregado, ele foi levado
desmontado e sem qualquer combustível. Chegando por Los Angeles (tradição que
se mantém até hoje), aonde puderam comprar as ferramentas e insumos necessários
para terminar a montagem do foguete (era inviável levar muita coisa, pois eram
apenas duas pessoas levando suas malas, com capacidade bem limitada), passaram
um tempo em um hotel, antes de partirem para a cidade de Green River (Utah), em
que era realizada a competição. Hoje em dia o local de realização da IREC já
mudou, sendo feita agora no Novo México, e sendo rebatizada como Spaceport
America Cup.
Foto oficial das equipes. A dupla brasileira está vestida
de preto e se encontra na direita.
|
Ao chegarem em Green River, o quarto do hotel em que
ficaram foi transformado em um laboratório de química, para possibilitar que o propelente
fosse “cozinhado”, toda a parte eletrônica programada, os circuitos fechados e
o foguete pintado e integrado. Todo esse trabalho exigiu três dias de
dedicação, com os membros trabalhando até durante as madrugadas. A falta de
outros membros também sobrecarregou os dois membros de trabalho. Enquanto as
outras equipes geralmente tinham pessoas especializadas nos subsistemas
específicos do foguete, na Rocket os dois faziam de tudo, atuando em todas as
áreas.
Mesa do quarto de hotel, transformada em uma “bancada
química”.
|
Como esse era o primeiro ano em que equipes não
americanas participavam da competição, a “correria” enfrentada pelos
brasileiros para terminar a montagem do foguete foi um fato até então inédito
na competição, pois a parte logística para as equipes americanas sempre foi
muito mais fácil. Afinal, lá eles podem se deslocar de carro até a competição,
sem se preocupar com as restrições em aeroportos a respeito do propelente e do
motor, os foguetes sendo levados praticamente montados. Por conta disso, todo
esse processo de transformação do quarto de hotel acabou chamando a atenção das
outras equipes e até mesmo dos juízes da competição. Formalmente, a Rocket
acabou perdendo alguns pontos na competição por conta disso, pois afinal,
ninguém deseja que a competição acabe em um hotel sendo explodido por alguns
universitários. Mas no fundo, todos admiraram a coragem e perseverança da
equipe brasileira, o que acabou rendendo o prêmio informal “Never Give Up”
(nunca desista, em tradução livre), concedido para a equipe que, apesar de
todos os desafios que encontrou à sua frente, seguiu firme.
Antes do voo, a equipe ainda fez uma apresentação oral do
trabalho para os juízes, os quais ficaram muito impressionados com a qualidade
técnica do projeto. Essa qualidade do projeto foi responsável pela conquista do
prêmio “Jim Furfaro Award for Technical Excellence”, concedido à equipe com
melhor projeto.
Durante a montagem do foguete, no entanto, houve alguns
problemas relacionados à integração do foguete. Durante o transporte até os
EUA, parte do corpo de alumínio do foguete acabou amassando, o que prejudicou a
montagem e a performance do foguete no voo.
No voo, as coisas não correram tão bem quanto no projeto.
O paraquedas não abriu e o foguete nunca foi recuperado (reza a lenda que ele
foi encontrado algum tempo depois e guardado em uma universidade americana, mas
não se sabe de fato o paradeiro dele). Por conta disso, não foi possível fazer
uma medição precisa da altura atingida, apenas uma aproximação feita em solo,
que indicou um apogeu relativamente próximo do alvo de 10.000 pés.
Os excelentes resultados obtidos pela equipe em sua
primeira participação possibilitaram a consolidação de muitas parcerias e
impulsionaram o crescimento da iniciativa.
Foto da dupla de engenheiros do ITA, Danilo Miranda
(esquerda) e
Oswaldo Loureda (direita), com o foguete ITARocket v2.
|
Fonte: Equipe ITA Rocket Design do Instituto Tecnológico de aeronáutica (ITA)
Comentário: Quero aqui nesse momento parabenizar os membros da equipe 'ITA Rocket Desing' por essa iniciativa. O registro da história e o reconhecimento aos seus pioneiros, heróis e bons exemplos de conduta é de fundamental importância para a construção de uma verdadeira nação. Parabéns pelo exemplo dado!
Comentários
Postar um comentário