Após 50 Anos, Experimento Mostra Como Extrair Energia de Buraco Negro
Olá leitor!
Segue abaixo uma notícia postada ontem (25/06) no
site do “Olhar Digital” destacando que após 50 anos, experimento
mostra como extrair energia de Buraco Negro.
Duda Falcão
CIÊNCIA E ESPAÇO
Após 50 Anos, Experimento Mostra Como Extrair Energia de Buraco
Negro
Teoria foi comprovada agora por uma equipe de físicos da
Escócia
Por Vinicius Szafran
Editado por Fabiana Rolfini
Olhar Digital
Fonte: Science Alert
25/06/2020 - 16h42
Um processo teórico de 50 anos para a retirada de energia de um buraco negro rotativo finalmente foi comprovado
experimentalmente. Usando componentes parecidos com os necessários, os físicos
mostraram que o processo de Penrose é realmente plausível para consumir parte
dessa energia rotacional - se criarmos os mecanismos para isso.
Apesar de improvável, o trabalho mostra que teorias
peculiares podem ser brilhantemente usadas para explorar as propriedades
físicas de alguns dos objetos mais extremos do universo. Os buracos negros são a última etapa da vida de
uma estrela maciça, tão grande que, ao virar uma supernova, o núcleo não consegue mais suportar sua própria
gravidade e desmorona em uma singularidade - um ponto unidimensional de
densidade infinita.
Essa singularidade fica dentro de uma região chamada
horizonte de eventos - ponto em que a gravidade ao redor do buraco negro é tão
forte que nem mesmo a luz consegue escapar. Fora do horizonte de eventos, uma
região estendida do espaço-tempo é distorcida à medida que é arrastada com a
rotação do buraco negro, um efeito chamado "arrastamento de quadros".
Processo de Penrose
É aí que entra o processo de Penrose. Em 1969, o físico
matemático Roger Penrose propôs que uma região fora do horizonte de eventos
chamada ergosfera, onde o "arrastamento de quadros" é mais forte, poderia
ser explorada para extrair energia.
Segundo seus cálculos, se um objeto lançado na ergosfera
se dividisse em dois, uma parte seria lançada além do horizonte de eventos. A
outra parte, no entanto, seria acelerada para o exterior, com um empurrão adicional
do buraco negro. Se tudo desse certo, sairia da ergosfera com 21% a mais de
energia do que quando entrou.
Imagem: Wikimedia
O problema é que não podemos simplesmente atravessar um
buraco negro para testar isso. Em 1971, o físico soviético Yakov Zel'dovich propôs um experimento mais prático,
substituindo o buraco negro por um cilindro de metal rotativo e disparando
raios de luz torcidos nele. Se ele estivesse girando na velocidade certa, a luz
seria refletida de volta com energia extra obtida da rotação do cilindro,
devido ao efeito Doppler rotacional.
Esse efeito ocorre quando uma fonte rotativa emite ondas,
que aumentam e diminuem dependendo da direção de rotação. É assim que os
astrônomos medem as rotações de estrelas e galáxias.
Mas havia um problema na proposta de Zel'dovich: a
velocidade do cilindro precisaria ser de pelo menos um bilhão de rotações por
segundo. Ser mais prático que um buraco negro real não significa que seja algo
praticável.
Isso perdurou até uma equipe de físicos da Escola de
Física e Astronomia da Universidade de Glasgow, na Escócia, aparecer. Eles
criaram um experimento baseado na proposta de Zel'dovich, mas usaram ondas de
som em vez de ondas de luz.
Imagem: Cromb et al., Nature Physycs, 2020
Experimento Com Ondas de Som
O experimento consistiu em um anel de alto-falantes
configurado para introduzir uma torção nas ondas sonoras, da mesma forma que a
luz se torce na proposta de Zel'dovich. O "buraco negro" era um
absorvedor de som rotativo feito de um disco de espuma, cuja rotação aceleraria
à medida que as ondas de som o atingissem. Uma série de microfones do outro
lado do disco detectaria as ondas após elas passarem por ele. O mecanismo que
comprovaria o processo de Penrose era uma mudança no tom e amplitude das ondas
sonoras depois de passarem pelo disco.
"Se a superfície gira rápido o suficiente, a
frequência do som pode fazer algo muito estranho - pode passar de uma
frequência positiva para uma negativa e, ao fazer isso, rouba energia da
rotação da superfície", explicou a física e astrônoma Marion Cromb,
principal autora do artigo publicado na Nature Physics.
Os resultados surpreenderam. Conforme a rotação do disco
acelerava, o tom do som captado nos microfones diminuía até ficar inaudível. Em
seguida, começou a voltar ao tom original - mas 30% mais alto que o som dos
alto-falantes. Isso mostrou que as ondas sonoras captaram energia adicional do
disco rotativo.
Imagem: Universidade de Glasgow
Agora, a equipe planeja como estender essa pesquisa à
luz, mas o resultado é um passo importante na compreensão dos buracos negros. O
estudo mostra como suas propriedades extremas podem ser investigadas em
laboratório, caso você tenha as ferramentas certas.
Pesquisas como essa também podem levar a novas
tecnologias, se for possível descobrir uma maneira de aproveitar esse fenômeno.
Fonte: Site Olhar Digital - https://olhardigital.com.br
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