São Paulo Integra Projeto Internacional de Megatelescópio
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada hoje (22/07) no site da
“Agência FAPESP”, destacando que o estado de São Paulo integrará projeto
internacional de Megatelescópio.
Duda Falcão
Especiais
São Paulo Integra Projeto
Internacional de Megatelescópio
Por Diego Freire
24/07/2014
FAPESP anuncia entrada no
consórcio internacional do
Giant Magellan Telescope
com investimento de US$
40 milhões (GMT).
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Agência FAPESP – Um dos principais telescópios do mundo terá
a participação de pesquisadores do Estado de São Paulo em suas operações,
resultado da integração da FAPESP no consórcio internacional do Giant Magellan Telescope
(GMT), que começará a ser construído em 2015, nos Andes chilenos.
O GMT, que
deverá funcionar plenamente em 2021, ampliará em cerca de 30 vezes o volume de
informações acessíveis aos telescópios atualmente em operação.
A FAPESP
investirá US$ 40 milhões no projeto, o que equivale a cerca de 4% do custo
total estimado. O investimento garantirá 4% do tempo de operação do GMT para
trabalhos realizados por pesquisadores de São Paulo, além de assento no
conselho do consórcio.
De acordo
com Hernan Chaimovich, membro da Coordenação Adjunta de Programas Especiais e
coordenador dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão da FAPESP, estão sendo
conduzidas negociações com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI) para cofinanciamento e ampliação da participação a instituições de todo
o Brasil.
“Há o
interesse genuíno de ambas as partes que pesquisadores de todos os estados
possam usufruir do telescópio e se beneficiem das possibilidades de pesquisa
abertas”, disse Chaimovich.
Foram quase
três anos de análises desde a solicitação inicial para participação da FAPESP
no consórcio, feita por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em
outubro de 2011. Em julho de 2012, a proposta foi submetida à avaliação de
assessores internacionais, e os pareceres, todos positivos, foram recebidos em
janeiro de 2013.
Em novembro
do mesmo ano, como parte das avaliações da proposta, a FAPESP organizou um
workshop científico sobre o projeto na sede da Fundação. “O objetivo foi aferir
o interesse e o potencial da comunidade científica paulista na área”, explicou
Chaimovich.
Participaram
do evento diretores e cientistas do GMT, astrônomos do Estado de São Paulo e
pesquisadores e gestores do Laboratório Nacional de Astrofísica, do Observatório
Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entre outros.
Também foi
realizado um workshop com representantes de indústrias interessadas em
participar do projeto. “O Brasil tem grandes empresas capazes de atuar em
diversos setores do processo, desde a produção de peças mecânicas para o
telescópio até a construção civil”, disse Chaimovich.
Em junho de
2014, a Coordenação Adjunta de Programas Especiais da FAPESP deu parecer
favorável e o Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da Fundação aprovou o
financiamento, assim como a continuidade do diálogo com o MCTI para obtenção de
cofinanciamento. Também está sendo tratado com a USP o estabelecimento de um
Centro de Gestão de Grandes Projetos de Astronomia na universidade.
Novos Horizontes
Para o
astrofísico João Evangelista Steiner, professor do Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, o GMT abrirá novas fronteiras
em quase todas as áreas da astronomia contemporânea.
“Com essa
medida, a FAPESP assegura que a comunidade astronômica brasileira estará na
vanguarda por muitas décadas, com grandes oportunidades de descobertas
científicas, atraindo novos talentos e também levando inovação para a nossa
indústria por meio de parcerias internacionais. Trata-se de um salto
quantitativo e qualitativo que firmará a posição do país como participante
pleno da astronomia mundial”, disse à Agência FAPESP.
De acordo
com Steiner, o trabalho seguirá os moldes da participação brasileira em outros
grandes projetos da área, também financiados pela FAPESP: o Gemini, em operação
desde 2004 com dois telescópios “gêmeos”, um nos Andes chilenos e outro no
Havaí; e o Southern Observatory for Astrophysical Research (Soar), operando nos
Andes desde 2005.
“O Brasil
levará ao GMT as experiências e os conhecimentos acumulados no Gemini e no
Soar, que foram de extrema importância para os pareceres positivos da
comunidade científica internacional nas avaliações feitas pela FAPESP sobre o
projeto”, disse Steiner.
O acesso a
um telescópio das proporções do GMT será decisivo na formação da comunidade
acadêmica brasileira, segundo Steiner. “Participar de pesquisas em instalações
de classe mundial será essencial para atrair estudantes e para manter a qualidade
da investigação científica na área no mais alto nível”, disse.
Para o
pesquisador, o cenário já está em transformação. “Antes de o Brasil ingressar
no Gemini e no Soar, os programas de pós-graduação em astronomia não eram muito
atraentes. Mas, com a perspectiva de ter acesso a essas instalações
internacionais, o interesse dos alunos aumentou, tanto em quantidade como em
qualidade. Os jovens, em geral, têm anseio pelo desafio. A chance de atuar com
um telescópio de 25 metros de diâmetro, como o GMT, certamente oferece um
futuro desafiador”, disse.
O Brasil tem
19 programas de pós-graduação em astronomia, seis deles no Estado de São Paulo.
O Megatelescópio
O GMT será
instalado no Observatorio Las Campanas, na região do Atacama, na Cordilheira
dos Andes, próximo à cidade chilena de Vallenar – região privilegiada para
observações astronômicas por conta da altitude de mais de 2.500 m, da escuridão
do céu do hemisfério Sul e do clima seco.
Os
equipamentos permitirão aos astrônomos investigar a formação de estrelas e
galáxias logo após o Big Bang, medir a massa de buracos negros e mapear o
ambiente imediato em torno deles. Com o GMT será possível descobrir e
caracterizar planetas em torno de outras estrelas, com possibilidade de
detecção de exoplanetas semelhantes à Terra, e estudar a natureza da matéria e
da energia escuras.
“Embora a
descoberta de novos exoplanetas esteja crescendo exponencialmente, questões
relevantes sobre como são formados os sistemas planetários e o quanto eles são
estáveis requerem grande abertura e alta resolução espacial. Os estudos no GMT
poderão mostrar, por exemplo, se planetas gasosos se formam como o nosso”,
estima Steiner.
O GMT usará
sete dos maiores espelhos ópticos já construídos para formar um único
telescópio de 25,4 metros de diâmetro. Lasers potentes serão usados para medir
e corrigir distorções induzidas pela atmosfera da Terra, produzindo imagens de
objetos celestes distantes com clareza sem precedentes.
A área
coletora de fótons será cem vezes maior que a do telescópio espacial Hubble e a
nitidez das imagens, no infravermelho, será dez vezes melhor.
Mais de uma
centena de engenheiros e cientistas dos escritórios do GMT – localizados em
Pasadena, na Califórnia (Estados Unidos) e nas instituições parceiras
– estão envolvidos no desenvolvimento do projeto. O primeiro espelho
óptico, de 8,4 metros, já foi finalizado no Steward Observatory Mirror Lab da
University of Arizona. Outros dois estão sendo lixados e polidos, e o vidro do
quarto espelho deverá ser derretido no forno do laboratório em março de 2015.
Também são
parceiras do projeto as instituições Astronomy Australia Limited, Australian
National University, Carnegie Institution for Science, Harvard University,
Korea Astronomy and Space Science Institute, Smithsonian Institution, Texas
A&M University, University of Chicago, University of Texas at Austin e, com
a entrada da FAPESP no consórcio, a USP.
Além do GMT,
há outros dois projetos de telescópios gigantes sendo desenvolvidos
internacionalmente: o European Extremely Large Telescope (E-ELT), coordenado
pelo Observatório Europeu do Sul (ESO), e o Thirty Meter Telescope (TMT),
administrado pelo California Institute of Technology e pela University of
California. A participação do Brasil no E-ELT, aprovada pelo MCTI em 2010, aguarda
aprovação do Congresso Nacional.
Mais
informações sobre o GMT em www.gmto.org.
Fonte: Site da Agência FAPESP
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