Russos Propõem Aproximação de Indústrias Espaciais
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada ontem (17/07) no site da Agência
Espacial Brasileira (AEB) destacando que os russos estão querendo cooperar com o Brasil na Área Espacial.
Duda Falcão
Russos Propõem Aproximação
de Indústrias Espaciais
Coordenação de Comunicação
Social (CCS-AEB)
Fotos:
Valdivino Jr/AEB
Diretores da AEB (direita) recebem dirigentes da Roscomos.
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Brasília, 17 de julho de 2014 – A realização de um
evento conjunto entre Brasil e Rússia reunindo representantes da área
industrial aeroespacial dos dois países foi proposta pelo vice-presidente da
Agência Espacial Russa (Roscosmos), Sergei Saveliev, na terça-feira (15) em
encontro com o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo
Braga Coelho, em Brasília (DF).
Do encontro, a ser organizado até o final do ano no
Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP), também participariam
pesquisadores, acadêmicos e estudantes em formação na área espacial, uma vez
que a formação de recursos humanos para o setor integraria a programação do
evento.
Saveliev disse ao presidente que a Rússia tem interesse
em aumentar as vagas em suas universidades para bolsistas do programa Ciência
sem Fronteiras Espacial (CsF-Espacial), bem como as oportunidades de estágios e
pesquisa em laboratórios e empresas do segmento espacial.
Outros dois convites feitos pelo dirigente da Roscosmos
foram para que AEB incentive as instituições nacionais envolvidas em pesquisa
espacial a participarem dos estudos e prospecções desenvolvidas na Rússia em
relação ao espaço profundo; e para que se envolvam de forma mais ampla nas
atividades científicas realizadas no módulo de pesquisa que o país mantem
agregado a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
Participação – A
instalação e o aproveitamento científico de estações de calibragem do sistema
de navegação por satélite de tecnologia russa (Glonass) na Universidade Federal
de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, e no Instituto Tecnológico de
Pernambuco (INTEP), em Recife, e a que já foi inaugurada na Universidade de
Brasília (UnB), também foram itens da reunião.
A Rússia também tem interesse na implantação de uma
estação de rastreio de detritos espaciais junto ao Laboratório Nacional de
Astrofísica (LNA), em Itajubá (MG), instituição vinculada ao Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Também participaram do encontro o diretor da área de
satélites da AEB, Carlos Gurgel, o chefe da Assessoria de Cooperação
Internacional, José Monserrat Filho, o vice-diretor da área internacional da
Roscosmos, Alexander Bochkarev, e Juri Roy, representante de uma empresa russa
da área espacial.
Russos apresentaram proposta de aproximação entre
os
segmentos espaciais do Brasil e da Rússia.
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Fonte: Agência Espacial Brasileira
(AEB)
Comentário: Olha ai leitor uma agência
espacial de verdade e que sabe o que quer. Pena que o contato foi feito com uma
pessoa despreparada (apesar do mesmo estar acompanhado por profissionais competentes e que merecem nosso respeito) e sem qualquer força política para garantir a realização de
qualquer dessas propostas russas, algumas das quais parecem ser muito boas. Entretanto,
vamos torcer para que dessa nova tentativa russa possa realmente surgir algo de
positivo e não mais uma expectativa frustrada por esses energúmenos. Pois é
leitor, a Rússia é mais um país de ponta na área que demonstra interesse em
cooperar com o Brasil, e neste momento para nossa infelicidade na direção de
nossa agência espacial de brinquedo está um tecnocrata comprometido com esse
desgoverno desastroso, invés de um cientista apaixonado e comprometido com a
sua função. Lamentável, mas vamos ver o que pode resultar dessa nova oportunidade
surgida.
Nos últimos anos, a indústria espacial russa não está apresentando o melhor dos tempos. Isto pode ser visto por lançamentos de emergência repetidos dos diversos satélites. Por exemplo, em dezembro de 2010, como resultado de uma falha no lançamento, ao mesmo tempo três satélites GLONASS caíram no Oceano Pacífico.
ResponderExcluirEm fevereiro de 2011, a Rússia não conseguiu levar à órbita o satélite geodésico militar Geo-IK-2. No mesmo ano, em agosto, foi realizado o lançamento mal sucedido do satélite Express AM4. Em seguida, o cargueiro russo Progress M-12M logo depois de ser lançado da base de Baikonur (Cazaquistão) caiu no sul da Sibéria.
Em novembro de 2011, a Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos) não conseguiu lançar a Marte a estação interplanetária automática Phobos-Grunt, e em dezembro de 2011 foi perdido o satélite de comunicações Meridian 5.
Em agosto de 2012 aconteceu um novo fracasso – desta vez, não foi possível lançar os satélites Express MD2 e Telkom 3. Em julho de 2013, o veículo lançador Proton-M, que transportava três satélites para o sistema de navegação russo GLONASS, explodiu logo após seu lançamento.
O lançamento do satélite Yamal-402 em dezembro de 2012, ao custo de 16 bilhões de rublos, quase tornou-se num dos maiores fracassos espaciais da Rússia dos últimos anos. O veículo lançador Proton com o bloco acelerador Briz-M colocou o satélite mencionado em órbita errada. Eventualmente, o Yamal-402 integrou sua órbita programada com seus próprios motores, mas o gasto de combustível durante estas manobras reduziu a vida do satélite de 19 a 12 anos.
Em julho de 2014 foi perdido o contato com o satélite científico russo Foton-M4, projetado para pesquisa e testes nos campos da física de microgravidade, biologia espacial e biotecnologia, inclusive a pesquisa de amostras biológicas no espaço aberto. O satélite tem 21 aparelhos científicos, indicando sobre o seu custo considerável.
ResponderExcluirNo dia 22 de agosto de 2014, a partir do centro espacial na Guiana Francesa foi lançado o veículo lançador russo Soyuz-ST com uma carga útil de dois satélites do sistema de posicionamento global europeu GALILEO. Os satélites ficam no espaço, mas numa órbita elíptica mais abaixo do que foi previsto. Desta vez, quem falharam foram os blocos aceleradores Fregat-MT, produzidos pela empresa russa Lavochkin. Como resultado, os satélites são perdidos porque não podem operar em órbita não programada.
Então, o que exatamente está acontecendo com a tecnologia espacial russa? O que é a causa do funcionamento não confiável dos lançadores? Na verdade, se rejeita a lenda da Rússia poderosa e impecável, tudo cai rapidamente em lugar e parece muito simples e banal.
Apesar da aura de grandeza da indústria espacial russa, com nível insuperável dos desenvolvimentos, tão persistentemente criada ao longo dos anos pela propaganda russa, hoje a indústria está num estado de crise profunda sistêmica e estagnação. A análise mostra que desde o início dos anos 2000, o número de acidentes e situações de emergência na indústria espacial da Rússia subiu mais de 10%. Mas os estudos dos defeitos, feitos após os acidentes, revelaram que não houve nenhum ponto fraco. As rupturas ocorrem mais frequentemente, mas são detectadas em locais diferentes. Portanto, os problemas da produção são sistêmicos.
Obviamente, um dos principais problemas e a causa de todos os males, é uma falta de pessoal qualificado. A causa que é fortemente recusada a reconhecer oficialmente pela liderança russa. O país de tamanho grande não tem nada mais com a continuidade dos profissionais. O fato é que, em vez de engenheiros geniais que se tornaram aos gerentes altamente qualificados, dedicando à exploração espacial toda a sua vida, vieram assim chamados gerentes eficazes - nomeados das estruturas de poder (militares, membros do governo, etc.). Eles praticamente não compreendem as verdades elementares da engenharia, mas são versados em finanças públicas e questões de execução orçamental. Além disso, nos últimos anos, há uma tendência negativa de redução do número das instituições de ensino especializadas que formam especialistas na área de desenvolvimento de veículos lançadores, o que, como tantas outras coisas, é justificada pela falta dos recursos.
Ademais, há evidências não únicas que nos alguns sistemas espaciais russos, devido à falta de dinheiro, o processo tecnológico é violado com uso de materiais mais baratos, o que por sua vez leva inevitavelmente a consequências irreparáveis ...
ResponderExcluirNo entanto, a Rússia volta cada vez mais para a postura militar imperial. O país pode unilateralmente alterar os acordos firmados anteriormente, usa amplamente a concorrência desleal e impede a implementação de outros projetos internacionais em seus próprios interesses, inibe o desenvolvimento de tecnologia nos países com os quais já tem parcerias estabelecidas. Como exemplo de tal situação, cabe mencionar um projeto conjunto fracassado com a República da Coreia do foguete chamado Naro, qual primeiro estágio da produção russa era secreto e não sujeito à comercialização, por isso a Coréia foi simplesmente usada para os testes de voo do primeiro estágio do veículo lançador Angara.
Tendo isso em mente, seria lógico a se perguntar sobre as perspectivas futuras da indústria espacial da Rússia. E para os investidores e empresas estrangeiras não seria errado ponderar cuidadosamente os prós e os contras antes de contar com o apoio da Rússia em desenvolvimento conjunto de tecnologias espaciais, bem como em lançamento de algumas naves espaciais.