Incertezas Financeiras Preocupam Cientistas Para 2015
Olá leitor!
Segue abaixo uma matéria postada ontem (10/02) no blog do
jornalista “Herton Escobar” do jornal “O Estado de São Paulo”, destacando que a
Incertezas Financeiras preocupam cientistas para 2015.
Duda Falcão
Incertezas Financeiras
Preocupam Cientistas Para 2015
Herton Escobar
O Estado de São Paulo
Quinta-feira 24/07/14
Contingenciamentos,
redução do FNDCT e lançamento de um grande
programa federal
voltado para inovação tecnológica preocupam
pesquisadores que
participam da reunião anual da SBPC, no Acre.
Ministro de
Ciência e Tecnologia garantiu que a ciência básica
será preservada e
que programas atuais não serão
prejudicados pelas novas políticas.
Herton Escobar/Estadão
Lago do câmpus da UFAC
iluminado à noite.
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Preocupações sobre o futuro financeiro da ciência
nacional marcaram os debates no início da 66ª reunião anual da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece nesta semana no
campus da Universidade Federal do Acre, em Rio Branco. Pesquisadores temem que
o setor, que já vive um momento de pessimismo com a perda do CT-Petro e com um
contingenciamento de recursos da ordem de 20%, seja colocado em situação ainda
mais delicada nos próximos anos com o lançamento do Programa Nacional de
Plataformas do Conhecimento (PNPC), anunciado há cerca de um mês pelo governo
federal.
Lideranças da SBPC e da Academia Brasileira de Ciências
(ABC) cobraram um compromisso do ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI) de que o financiamento do programa será feito com “dinheiro novo”, sem
prejuízo para os atuais programas do setor. “A academia tem sido muito clara
com relação a isso: Tem de ser recursos novos”, disse ao microfone o matemático
Jacob Palis, presidente da ABC, após assistir à palestra do ministro Clelio
Campolina Diniz, ontem de manhã. “E tem de ser um compromisso sério. Se não,
depois a coisa aperta e começam a tirar recursos da ciência brasileira para
financiar as plataformas.”
“Entendemos que antes de iniciar uma nova jornada, é
necessário garantir a continuidade dos projetos em andamento e aqueles já
discutidos e apontados como fundamentais para o país”, disse a presidente da
SBPC, Helena Nader, em seu discurso de abertura da reunião, na terça-feira à noite,
citando como exemplos o reator multipropósito, a nova linha de luz síncrotron
em Campinas (projeto Sirius), o submarino nuclear e o programa espacial.
“Não somos contra as plataformas, mas queremos ter
certeza de onde virão os recursos e qual será a base para a manutenção do
programa”, completou Helena, ontem, em conversa com o ministro.
“No Ciência sem Fronteiras, dizia-se todo o tempo que
seriam recursos novos, e não foram, pelo menos não na sua totalidade”, comparou
o físico Ildeu de Castro Moreira, conselheiro da SBPC e professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No fim das contas, para bancar o
programa, o governo precisou sacar cerca de R$ 1 bilhão do Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que é uma das principais
fontes de recursos para pesquisa científica no País – e que terá seu valor
reduzido quase que pela metade no próximos anos, com a quase certa extinção do
CT-Petro, fundo setorial alimentado pelos royalties do petróleo, que contribui
com 47% dos recursos do FNDCT.
“O financiamento à ciência, tecnologia e inovação
permanece como uma das grandes preocupações da comunidade científica e
acadêmica. Na agenda deste ano, persiste a ameaça da extinção dos recursos dos
royalties do petróleo. A atual redação da lei, que ainda não foi regulamentada,
não destina recursos ao CT-Petro, tornando a sua receita nula, o que
ocasionaria a extinção deste fundo setorial, com consequências nefastas para as
atividades de ciência, tecnologia e inovação”, discursou a presidente da SBPC.
“De fato, há uma insegurança na comunidade. A previsão é
de que 2015 vai ser um ano difícil”, disse o Estado
o diretor de Cooperação Internacional do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), Paulo César Beirão. A meta do CNPq é honrar
todos os compromissos já assumidos; mas ele reconhece que há uma certa cautela
em relação a adotar compromissos futuros, diante do encolhimento do FNDCT e das
incertezas orçamentárias para 2015.
Dirigentes dos institutos nacionais de pesquisa vem sendo
orientados pelo MCTI a reduzir gastos e também “serem cautelosos” ao assumir
novos compromissos financeiros, segundo relatou um deles ao Estado.
Crédito: Herton Escobar/
Estadão
Membros da Associação
Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) pediram
universalização das bolsas e mais
apoio à ciência no teatro da UFAC.
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PROTEGENDO O BÁSICO
Uma grande preocupação dos pesquisadores no
encaminhamento das políticas setoriais dentro desse novo cenário é que haja uma
transferência de recursos da ciência básica para investimentos em pesquisa
aplicada, voltada para o desenvolvimento tecnológico, que é o foco do Programa
Nacional de Plataformas do Conhecimento.
Ildeu Moreira arrancou aplausos do auditório ontem ao
fazer uma comparação com o que aconteceu com a seleção brasileira na Copa do
Mundo deste ano. “A gente teme que esteja-se desenhando uma estratégia de
Felipão, em que a inovação vai acontecer sozinha, com o Fred isolado lá na
frente e a defesa isolada, lá atrás. E o meio-campo, que é a ciência básica,
vai fazer o quê?”, questionou.
Respondendo às perguntas, o ministro Campolina disse que
não há dúvidas de que a pesquisa básica é essencial para o desenvolvimento
científico e tecnológico do País, e que ela será preservada. “Sem pesquisa
básica não há pesquisa aplicada”, disse. “Podemos fazer muita coisa com o
conhecimento que já está disponível, mas isso não tem fôlego, não se sustenta.”
Com relação ao financiamento do Programa Plataformas, o
ministro disse que “tudo vai depender do orçamento” de 2015, cuja proposta
deverá ser encaminhada ao Congresso no mês que vem. “Se tiver orçamento, o
programa será implantado. Se não tiver orçamento, não será implantado”,
resumiu.
“Me pediram para preparar um plano e eu preparei; resta
saber se vão nos dar condições de realiza-lo”, explicou o ministro. “As
dificuldades existem, mas temos de ter ideias para defender. Para reivindicar
coisas, precisamos ter propostas.”
As preocupações dos cientistas com relação ao orçamento
são justificadas, segundo ele, mas não são exclusivas da área de ciência e
tecnologia, por conta da atual situação econômica do País. “A incerteza não é
só no MCTI; todas as áreas do governo estão vivendo essa mesma ansiedade”,
disse Campolina após sua palestra, em entrevista coletiva. “Mas sou otimista;
acho que o Brasil tem todas as condições de retomar seu crescimento econômico.
Não estamos discutindo corte, estamos discutindo aumento”, garantiu.
Campolina disse que ainda não há uma estimativa de quanto
dinheiro será necessário para implementar o Programa Plataformas, mas garantiu
que não haverá prejuízo para os programas atuais da área de ciência e
tecnologia. “O PNPC vem complementar os programas que já estão em andamento. Em
nenhum momento passou pela minha cabeça substituir ou concorrer com programas
já existentes”, afirmou.
O decreto de criação do PNPC foi assinado pela presidente
Dilma Rousseff em 25 de junho. O programa, previsto para durar 10 anos, atuará
por meio de parcerias entre instituições públicas de pesquisa e empresas
privadas, como forma de estimular a pesquisa e o desenvolvimento de novas
tecnologias em áreas (ou “plataformas”) consideradas estratégicas para o País,
como saúde, agricultura, energia, defesa e tecnologias da informação.
“As Plataformas serão estruturadas pela lógica da
resolução de problemas, orientadas pela demanda de interesses estratégicos do
País. Deverão gerar conhecimento, produtos e processos com alto impacto na
CT&I, na vida das pessoas e do País”, diz o material divulgado à imprensa
pelo MCTI. (http://www.mct.gov.br/upd_blob/0231/231780.pdf)
Leia também:
Governo lança Programa Nacional de Plataformas do
Conhecimento (junho 2014): http://migre.me/kBH3U
Ciência pode perder R$ 1,6 bilhão com nova divisão dos
royalties do petróleo (abril 2013): http://migre.me/kBHaX
Ciência sem Fronteiras ameaça canibalizar investimentos
em pesquisa científica (novembro 2013): http://migre.me/kBHcZ
Fonte: Blog do “Herton Escobar“ - 24/07/2014 - http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar
Comentário: Veja bem leitor, eu não tenho como deixar de analisar
essa matéria do jornalista Hector Escobar. Primeiramente devo dizer que se ainda existe algum cientista nesse país que acredita e confia na classe
política brasileira, ou ele faz parte do sistema e está mal intencionado ou é um
completo inocente. Volto a insistir de que a abordagem adotada pela classe científica
presente neste evento está errada e soft demais para ter qualquer retorno,
basta olhar para o passado para observar que esse tipo de abordagem só gera e mantém
uma zona de conforto para esses energúmenos. Mesmo reconhecendo de que em 2015
tudo pode mudar caso o PT perca as eleições, o Ministro Clelio Campolina Diniz é nada mais, nada menos, do que uma Rainha da Inglaterra, ou seja, não decide
nada e não tem poder político nenhum para garantir nem mesmo qual o paletó que
usará no próximo evento, quanto mais garantir que não haverá prejuízo para os
programas atuais da área de ciência e tecnologia. Entretanto está se perdendo
uma grande oportunidade de usá-lo como pombo correio não só para essa PresidentA
petista inconsequente e seus energúmenos de plantão, bem como para toda a classe
política brasileira independente de legenda partidária. O Brasileiro precisa
entender que Presidentes, Senadores, Deputados Federais e Estaduais, Governadores, Vereadores, Ministros, etc... são nada mais nada menos que servidores públicos
que tiram onda de autoridades quando não são, nem mesmo no que dizem ser
especialistas. E como tal estão nos
cargos e nos fóruns políticos através do país para unicamente lutarem e executarem
os desejos e necessidades do povo e da sociedade organizada, ponto. Quando essa
compreensão se tornar uma máxima entre o povo brasileiro e quando esse mesmo
povo entender o significado da cidadania, garanto a você que a maioria desses
bandidos deixarão de serem políticos, pois num ambiente onde impera a seriedade
e a competência não há espaço para gente desse tipo. O Brasil de amanhã depende
de sua visão e ação no Brasil de hoje. Pense nisso jovem. E lembre-se, respeito não é algo dado ou comprado em porta de botequim, e sim algo que se adquire mediante um comportamento exemplar e postura de quem quer que seja. Quem não se dá respeito, não merece respeito.
Concordo totalmente com a análise do Duda.
ResponderExcluirE assim como ele ressalto que alguns cartazes aqui e acolá, são atitudes completamente inócuas em relação aos fatos que assolam a área da "ciência e tecnologia" do país.
Se na área da saúde que MATA milhares de brasileiros, atitudes como greves e manifestações diárias nas ruas resolveram apenas alguns problemas pontuais, não é com cartazes que o pessoal da C&T em geral e do PEB especificamente vão conseguir alguma coisa...
Se essas pessoas querem passar a imagem de que se importam com o que está acontecendo e querem mudanças de fato, tem que ir muito além disso e pressionar de verdade.
Eu assisto tudo isso, com dó. De mim mesmo e de todo o povo que assiste esse "desgoverno" enterrar a C&T do país cada vez mais fundo nesse poço de insensatez.