Renovação no ITASAT
Olá leitor!
Segue abaixo uma entrevista publicada na nova edição da Revista Espaço Brasileiro (Jan. Fev. Mar. de 2010) com o tenente-brigadeiro-do-ar Cleonilson Nicácio Silva que na época era ainda diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) acumulando o cargo com o atual cargo de chefe do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER).
Duda Falcão
AEB
Renovação no ITASAT
Alunos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
Desenvolvem satélite universitário para auxílio
de coletas de dados ambientais
Aluno do ITASAT trabalhando no
transponder de coleta de dados
A busca pelo desenvolvimento tecnológico, pela autonomia e domínio de todo desenvolvimento do ciclo espacial tem sido o objetivo da Agência Espacial Brasileira (AEB) como coordenadora do Programa Espacial Brasileiro. Em fevereiro, representantes do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e AEB reuniram-se em São José dos Campos (SP) para discutir o processo de Mission Definition Review (Revisão de Definição de Missão em português), do Projeto ITASAT.
Devido à crescente importância dos satélites de pequeno porte, a Agência propôs a criação de um programa de desenvolvimento de satélites de pequeno porte, cuja a idéia é promover a capacitação brasileira para atender à demanda de futuras gerações de micro e nanossatélites.
Este projeto faz parte do Plano Plurianual (PPA/Ação 4934), “Desenvolvimento e Lançamento de Satélites Tecnológicos de Pequeno Porte”, que prevê a realização de missões destinadas a experimentos, desenvolvimento e teste de inovações tecnológicas de satélites e cargas úteis, além de capacitar a indústria espacial brasileira neste segmento.
“Os satélites de pequeno porte, em geral, apresentam uma série de vantagens que podem ser fundamentais para um desenvolvimento mais rápido do setor espacial, por terem ciclos de desenvolvimento mais curtos, a baixo custo”, afirma o diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, Thyrso Villela.
Esses satélites são potencialmente viáveis para aplicações científicas, meteorológicas, militares e sensoriamento remoto. Além disso, a tecnologia proveniente, de alto valor agregado, pode ser oferecida ao mercado em larga escala na forma de software pronto – COTS (Commercial off-the-shelf) ou como spin-offs (tecnologia desenvolvida no setor espacial utilizada em outras áreas).
Em 2003, foi criada uma iniciativa, com a participação do ITA e do INPE, para estudar as possíveis formas da interação das universidades com os institutos de pesquisas, indústria e governo, na implementação de um programa voltado à concepção de satélites de pequeno porte.
Segundo o coordenador do projeto pelo ITA, David Fernandes, “O ITASAT é um satélite tecnológico universitário que está sendo produzido sob a responsabilidade do ITA, com a coordenação e patrocínio da AEB, e assistência do INPE”.
O INPE, por sua vez, presta consultoria técnica e de infraestrutura laboratorial, além de ser o gestor financeiro do projeto. “É responsável por transferir a experiência adquirida por meio de reuniões técnicas, principalmente, em engenharia de sistemas, documentação, organização gerencial, apóio logístico e gestão financeira”, relata o coordenador do projeto pelo instituto, Wilson Yamaguti.
Objetivos - Os objetivos da Missão ITASAT são o desenvolvimento do satélite, a capacitação de recursos humanos para o setor aeroespacial, desenvolvimento de pesquisa aplicada, fomento e capacitação da indústria nacional e conceituação, projeto e desenvolvimento de outras missões, além da Missão ITASAT-1.
Outra finalidade primordial do satélite universitário é operar em baixa órbita terrestre, a aproximadamente 600 quilômetros, para oferecer serviços de coleta de dados em compatibilidade com o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais, que opera com os Satélites de Coleta de Dados (SCD-1) e (SCD-2) e Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-2B).
Até 2008, foram feitos o estudo e a análise de diversas configurações e modos de operação do satélite ITASAT, com ênfase na formação de recursos humanos. A partir de 2009, o foco tornou-se a realização do ITASAT-1, com o lançamento previsto para 2013. “Temos foco no Programa Espacial Brasileiro, em uma continuidade de satélites universitários, na formação de recursos humanos, no desenvolvimento e teste de tecnologias, no acesso barato ao espaço e na participação crescente da indústria nacional”, comenta David Fernandes. “mais que restrições e dificuldades, temos desafios. Desafio de implementar um satélite universitário de cunho tecnológico de baixo custo”, complementa.
Para Wilson Yamaguti, os desafios são muitos. “Uma dificuldade importante que tem restringido o desenvolvimento do satélite universitário é a aquisição de componentes e a contratação de serviços”, observa. No entanto, segundo ele, os trabalhos relacionados à parte de engenharia de sistemas começaram a dar resultados promissores.
Alunos - Segundo David Fernandes, em 2009, estiveram envolvidos no projeto 32 alunos de graduação, 23 de mestrado e cinco de doutorado do ITA. Desde 2006, já passaram mais de 200 alunos em áreas como engenharia de sistemas, estruturas, controle térmico, geração e suprimento de energia, telemetria e telecomando, controle de atitude, computador de bordo, carga útil: transponder de coleta de dados e experimentos.
Na visão da aluna de doutorado em Engenharia Eletrônica do ITA, Lidia Hissae Shibuya, o ITASAT é uma oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos. “Tenho trabalhado em projetos de eletrônica aplicada desde 2003, desenvolvendo sistemas eletrônicos principalmente para sistemas embarcados”, conta.
Além disso, segundo a discente, a multidisciplinaridade do projeto exige que se tenha conhecimentos em áreas diversas, o que possibilita uma visão geral. “Dentro do projeto, faço parte do grupo que desenvolve um subsistema para obtenção de um equipamento robusto para missões espaciais, utilizando novas tecnologias e métodos de tolerância a falhas”, completa.
Para o mestrando em Engenharia Aeronáutica, Marcelo Petry Rodrigues, o maior impacto que o ITASAT deve gerar não é o satélite em si, mas a formação de profissionais para o setor aeroespacial. “Hoje me dedico exclusivamente ao mestrado e ao programa. No que concerne tanto ao mestrado quanto ao ITASAT, minha área principal é energia (transferência de calor)”, diz.
Sob coordenação do ITA, também participam do projeto alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade de São Paulo de São Carlos (USP-SC), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e Technical University of Berlin (TU Berlin), da Alemanha, esta por meio de bolsas do Programa Unibral da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e DAAD.
“O ITASAT é um projeto que estimula a participação das universidades no esforço nacional de desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro”, finaliza Thyrso Villela.
Devido à crescente importância dos satélites de pequeno porte, a Agência propôs a criação de um programa de desenvolvimento de satélites de pequeno porte, cuja a idéia é promover a capacitação brasileira para atender à demanda de futuras gerações de micro e nanossatélites.
Este projeto faz parte do Plano Plurianual (PPA/Ação 4934), “Desenvolvimento e Lançamento de Satélites Tecnológicos de Pequeno Porte”, que prevê a realização de missões destinadas a experimentos, desenvolvimento e teste de inovações tecnológicas de satélites e cargas úteis, além de capacitar a indústria espacial brasileira neste segmento.
“Os satélites de pequeno porte, em geral, apresentam uma série de vantagens que podem ser fundamentais para um desenvolvimento mais rápido do setor espacial, por terem ciclos de desenvolvimento mais curtos, a baixo custo”, afirma o diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, Thyrso Villela.
Esses satélites são potencialmente viáveis para aplicações científicas, meteorológicas, militares e sensoriamento remoto. Além disso, a tecnologia proveniente, de alto valor agregado, pode ser oferecida ao mercado em larga escala na forma de software pronto – COTS (Commercial off-the-shelf) ou como spin-offs (tecnologia desenvolvida no setor espacial utilizada em outras áreas).
Em 2003, foi criada uma iniciativa, com a participação do ITA e do INPE, para estudar as possíveis formas da interação das universidades com os institutos de pesquisas, indústria e governo, na implementação de um programa voltado à concepção de satélites de pequeno porte.
Segundo o coordenador do projeto pelo ITA, David Fernandes, “O ITASAT é um satélite tecnológico universitário que está sendo produzido sob a responsabilidade do ITA, com a coordenação e patrocínio da AEB, e assistência do INPE”.
O INPE, por sua vez, presta consultoria técnica e de infraestrutura laboratorial, além de ser o gestor financeiro do projeto. “É responsável por transferir a experiência adquirida por meio de reuniões técnicas, principalmente, em engenharia de sistemas, documentação, organização gerencial, apóio logístico e gestão financeira”, relata o coordenador do projeto pelo instituto, Wilson Yamaguti.
Objetivos - Os objetivos da Missão ITASAT são o desenvolvimento do satélite, a capacitação de recursos humanos para o setor aeroespacial, desenvolvimento de pesquisa aplicada, fomento e capacitação da indústria nacional e conceituação, projeto e desenvolvimento de outras missões, além da Missão ITASAT-1.
Outra finalidade primordial do satélite universitário é operar em baixa órbita terrestre, a aproximadamente 600 quilômetros, para oferecer serviços de coleta de dados em compatibilidade com o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais, que opera com os Satélites de Coleta de Dados (SCD-1) e (SCD-2) e Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-2B).
Até 2008, foram feitos o estudo e a análise de diversas configurações e modos de operação do satélite ITASAT, com ênfase na formação de recursos humanos. A partir de 2009, o foco tornou-se a realização do ITASAT-1, com o lançamento previsto para 2013. “Temos foco no Programa Espacial Brasileiro, em uma continuidade de satélites universitários, na formação de recursos humanos, no desenvolvimento e teste de tecnologias, no acesso barato ao espaço e na participação crescente da indústria nacional”, comenta David Fernandes. “mais que restrições e dificuldades, temos desafios. Desafio de implementar um satélite universitário de cunho tecnológico de baixo custo”, complementa.
Para Wilson Yamaguti, os desafios são muitos. “Uma dificuldade importante que tem restringido o desenvolvimento do satélite universitário é a aquisição de componentes e a contratação de serviços”, observa. No entanto, segundo ele, os trabalhos relacionados à parte de engenharia de sistemas começaram a dar resultados promissores.
Alunos - Segundo David Fernandes, em 2009, estiveram envolvidos no projeto 32 alunos de graduação, 23 de mestrado e cinco de doutorado do ITA. Desde 2006, já passaram mais de 200 alunos em áreas como engenharia de sistemas, estruturas, controle térmico, geração e suprimento de energia, telemetria e telecomando, controle de atitude, computador de bordo, carga útil: transponder de coleta de dados e experimentos.
Na visão da aluna de doutorado em Engenharia Eletrônica do ITA, Lidia Hissae Shibuya, o ITASAT é uma oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos. “Tenho trabalhado em projetos de eletrônica aplicada desde 2003, desenvolvendo sistemas eletrônicos principalmente para sistemas embarcados”, conta.
Além disso, segundo a discente, a multidisciplinaridade do projeto exige que se tenha conhecimentos em áreas diversas, o que possibilita uma visão geral. “Dentro do projeto, faço parte do grupo que desenvolve um subsistema para obtenção de um equipamento robusto para missões espaciais, utilizando novas tecnologias e métodos de tolerância a falhas”, completa.
Para o mestrando em Engenharia Aeronáutica, Marcelo Petry Rodrigues, o maior impacto que o ITASAT deve gerar não é o satélite em si, mas a formação de profissionais para o setor aeroespacial. “Hoje me dedico exclusivamente ao mestrado e ao programa. No que concerne tanto ao mestrado quanto ao ITASAT, minha área principal é energia (transferência de calor)”, diz.
Sob coordenação do ITA, também participam do projeto alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade de São Paulo de São Carlos (USP-SC), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e Technical University of Berlin (TU Berlin), da Alemanha, esta por meio de bolsas do Programa Unibral da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e DAAD.
“O ITASAT é um projeto que estimula a participação das universidades no esforço nacional de desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro”, finaliza Thyrso Villela.
Especificações do modelo
Ilustrativo ITASAT 1:
* Peso (até 80 kg)
* Dimensões (60x60x70 cm)
Participação dos Alunos no Projeto ITASAT
Fonte: Revista Espaço Brasileiro - num. 8 Jan. Fev. Mar. de 2010 - págs 08 e 09
Comentário: Importante projeto não só pelos motivos colocados pela matéria, mas principalmente para o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA) que apesar de estar operacional, pode a qualquer momento entrar em colapso, já que os satélites que o compõem já passaram em muito a sua expectativa de vida, sendo o CBERS-2B o que esta em melhor condição, mas que também já expirou o seu prazo de validade inicial em pelo menos um ano. No entanto, os programas de satélites no Brasil são verdadeiras novelas e este programa do ITASAT não foge a esta regra. Desde que foi proposto em 2003 até o seu lançamento previsto para 2013, são dez anos, certamente um recorde na história de satélites universitários já produzidos ou em produção. Exemplos como este são inúmeros no PEB e a eles também são incluídos projetos de satélites que nem chegaram a sair do papel. Infelizmente por falta de seriedade por parte de sucessivos governos o INPE foi sensivelmente prejudicado levando o país hoje a perder a hegemonia no setor de satélites para os “hermanos” argentinos. A média internacional para desenvolvimento de satélites (dependendo de sua função) gira em torno de cinco a sete anos e só o satélite Amazônia-1, se levarmos em conta quando o mesmo foi proposto no inicio dos anos 80, já são quase 30 anos. Não se pode conduzir um programa sério de satélites com estes prazos.
Comentário: Importante projeto não só pelos motivos colocados pela matéria, mas principalmente para o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA) que apesar de estar operacional, pode a qualquer momento entrar em colapso, já que os satélites que o compõem já passaram em muito a sua expectativa de vida, sendo o CBERS-2B o que esta em melhor condição, mas que também já expirou o seu prazo de validade inicial em pelo menos um ano. No entanto, os programas de satélites no Brasil são verdadeiras novelas e este programa do ITASAT não foge a esta regra. Desde que foi proposto em 2003 até o seu lançamento previsto para 2013, são dez anos, certamente um recorde na história de satélites universitários já produzidos ou em produção. Exemplos como este são inúmeros no PEB e a eles também são incluídos projetos de satélites que nem chegaram a sair do papel. Infelizmente por falta de seriedade por parte de sucessivos governos o INPE foi sensivelmente prejudicado levando o país hoje a perder a hegemonia no setor de satélites para os “hermanos” argentinos. A média internacional para desenvolvimento de satélites (dependendo de sua função) gira em torno de cinco a sete anos e só o satélite Amazônia-1, se levarmos em conta quando o mesmo foi proposto no inicio dos anos 80, já são quase 30 anos. Não se pode conduzir um programa sério de satélites com estes prazos.
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