'Motor Espacial Aspirado' em Desenvolvimento Pela 'Universidade de Surrey (Reino Unido)' Colocará Naves na Fronteira Entre a Atmosfera e o Espaço
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[Imagem: University of Surrey]
Conceito do motor espacial aspirado, que viabilizará naves no limite entre a atmosfera e o espaço, e seu protótipo em teste de laboratório. |
Recentemente, um grupo de engenheiros da Universidade de Surrey, no Reino Unido, revelou uma abordagem inovadora para impulsionar espaçonaves em órbitas incrivelmente próximas da Terra, utilizando nada menos que o ar rarefeito como sua fonte de energia.
Enquanto os propulsores hipersônicos atualmente em uso também capturam ar atmosférico, sua capacidade de voar a velocidades até doze vezes maiores que a do som requer altas pressões, normalmente obtidas a partir de motores-foguetes para proporcionar o impulso inicial.
A novidade reside em um conceito diferente, que adapta tecnologia espacial para operar quase na borda da atmosfera terrestre, onde o ar é extremamente rarefeito, mas ainda presente em altitudes abaixo das órbitas tradicionais dos satélites artificiais.
O Professor Andrea Fabris enfatiza os benefícios dessa abordagem: órbitas muito baixas permitem uma observação da Terra com resolução sem precedentes, acelerando as telecomunicações e abrindo portas para pesquisas científicas avançadas sobre a ionosfera, o que pode melhorar significativamente os modelos atmosféricos.
[Imagem: Mansur Tisaev et al. - 10.1016/j.actaastro.2023.11.028]
A imagem de baixo mostra a saída do motor sendo testado com xenônio (tonalidade azul) e ar rarefeito (tonalidade vermelha). |
O segredo está em capturar o ar rarefeito e usá-lo como propelente para um tipo de motor elétrico semelhante aos motores iônicos, já amplamente utilizados em missões espaciais. Nesse novo modelo, o ar ambiente é transformado em plasma por um propulsor elétrico, evitando a necessidade de transportar propelentes como o xenônio, comum nos motores iônicos convencionais.
O Professor Mansur Tisaev explica que estão desenvolvendo um cátodo para operar em propulsores eletrostáticos, adaptados ao ar rarefeito das órbitas ultrabaixas. Ao coletar e comprimir os gases dessa altitude, conseguem criar um fluxo de propelente ionizado, que é então acelerado usando campos elétricos e magnéticos, alimentados por energia solar.
Neste conceito inovador, batizado de "propulsão elétrica aspirada", a nave mantém sua órbita compensando o arrasto atmosférico, eliminando a necessidade de armazenamento de propelente a bordo. Isso não apenas amplia a vida útil da missão, mas também reduz significativamente os custos de lançamento.
A Agência Espacial do Reino Unido demonstrou interesse nessa ideia revolucionária e já financiou o desenvolvimento do conceito de propulsão elétrica aspirada, abrindo caminho para uma nova era na exploração espacial.
Saiba mais:
Autores: Mansur Tisaev, Burak Karadag, Eugenio Ferrato, Tommaso Andreussi, Andrea Lucca Fabris
Revista: Acta Astronautica
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