Pesquisadores da Universidade de Michigan Desenvolvem 'Propulsor Iônico' do 'Tipo H9', 10 Vezes Mais Potente
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma grande notícia postada hoje (30/01), no site ‘Inovação Tecnológica’, destacando que pesquisadores da Universidade
de Michigan, (estado estadunidense onde morei nos anos 80) estão
desenvolvendo um Propulsor Hall de pequeno porte denominado de ‘H9 MUSCLE’, que pode gerar muito
mais impulso do que se calculava anteriormente.
Pois então amigos,
chamados de propulsores de plasma ou mesmo de motores iônicos, a propulsão
elétrica gerada por esse tipo de motor é ainda a nossa melhor aposta para viagens
interplanetárias, isto é claro, pelo menos até que os motores-foguete de
propulsão nuclear estejam disponíveis. Saibam mais sobre essa notícia pela
matéria abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Motores Iônicos Espaciais Ficam 10 Vezes Mais Potentes
- ou Mais
Redação do Site Inovação Tecnológica
30/01/2023
[Imagem: Plasmadynamic and Electric Propulsion
Laboratory]
Motor Iônico de Alta Potência
Os motores
iônicos não competiriam em nenhuma corrida de arrancada porque não são bons
nisso; mas, uma vez em movimento, esse tipo de propulsão elétrica garante uma
aceleração constante, podendo finalmente atingir velocidades muito altas.
E, como requerem pouco combustível - muito menos do que
qualquer motor foguete químico - eles têm sido a melhor escolha para sondas
espaciais em missões de longa duração.
Mas parece que os motores iônicos poderão se tornar muito
mais interessantes a partir de agora.
As teorias indicavam que esses motores, também conhecidos
como propulsores Hall, precisariam ser proporcionalmente maiores conforme
crescesse a necessidade de empuxo, ou seja, quanto mais força, maior o tamanho
do motor.
Agora, Leanne Su e seus colegas da Universidade de
Michigan, nos EUA, demonstraram que propulsores Hall pequenos podem gerar muito
mais impulso do que se calculava, potencialmente tornando-os candidatos para
impulsionar missões interplanetárias.
Motor Iônico "Turbinado"
O saber reinante até agora estabelecia que só se podia
injetar uma quantidade de corrente elétrica por área do motor. E, como é a
corrente elétrica que gera o plasma que sai pelo bocal e impulsiona o motor
foguete, quanto mais energia se puder colocar, maior potência terá o motor.
Su desafiou esse limite fazendo um propulsor Hall
projetado para 9 quilowatts (kW) rodar com nada menos do que 45 kW, mantendo
aproximadamente 80% de sua eficiência nominal. Isso representa multiplicar a
força gerada por unidade de área do motor por um fator de quase 10.
"Nós batizamos nosso propulsor de H9 MUSCLE
porque, essencialmente, pegamos o propulsor H9 e fizemos dele um muscle car,"
disse a pesquisadora.
[Imagem: Marcin Szczepanski/Michigan Engineering]
Foto do motor iônico padrão H9 (9 kW) que apresentou a mesma potência que um motor da classe X3 (100 kW). |
Propulsão Elétrica
Quer chamemos de propulsor de plasma ou motor iônico, a
propulsão elétrica ainda é nossa melhor aposta para viagens interplanetárias -
pelo menos até a chegada dos motores
foguete de propulsão nuclear.
Mas esta tecnologia está em uma encruzilhada: Embora os
propulsores Hall sejam uma tecnologia comprovada, um conceito alternativo,
conhecido como propulsor magnetoplasmadinâmico, promete colocar muito mais
potência em motores menores. No entanto, eles ainda não foram comprovados de
várias maneiras, sobretudo em termos de durabilidade.
Ante a concorrência, os propulsores Hall começavam a ser
taxados de carta fora do baralho, devido aos limites do seu modo de
funcionamento. O combustível, normalmente um gás nobre como o xenônio, move-se
através de um canal cilíndrico, onde é acelerado por um campo elétrico, gerando
empuxo na direção frontal conforme sai pelo bocal traseiro, como qualquer motor
foguete. Mas, antes que o propulsor possa ser acelerado, ele precisa perder
alguns elétrons para obter uma carga positiva.
Elétrons acelerados por um campo magnético para correr em
um anel ao redor desse canal arrancam elétrons dos átomos do propelente e os
transformam em íons carregados positivamente. No entanto, os cálculos sugeriam
que tentar injetar mais propelente através do motor faria com que os elétrons
chispando na formação de anel seriam eliminados da formação, interrompendo o
funcionamento do motor - seria como colocar na boca mais comida do que você
consegue mastigar.
[Imagem: Marcin Szczepanski/Michigan Engineering]
Radiador para motor espacial
Um dos primeiros efeitos de tentar injetar mais
propelente é que o motor começa a esquentar muito. Su fez então o que parecia
mais razoável: Ela resfriou o motor com água, para ver até que ponto conseguia
aumentar a potência do motor. Dos 9 kW nominais, ela chegou a 37,5 kW.
Usando criptônio, um gás mais leve, o motor suportou até
45 kW. Com uma eficiência geral de 51%, o motor atingiu um impulso máximo de
cerca de 1,8 Newtons, equivalente a um propulsor Hall muito maior, da classe de
100 kW.
"Este é um resultado meio maluco porque normalmente
o criptônio tem um desempenho muito pior do que o xenônio nos propulsores Hall.
Portanto, é muito legal e um caminho interessante ver que podemos realmente
melhorar o desempenho do criptônio em relação ao xenônio aumentando a densidade
de corrente do propulsor," disse Su.
Agora a equipe pretende desenvolver um mecanismo de
resfriamento que possa ser usado no espaço - aproveitar o frio do espaço parece
ser o caminho mais lógico. E os resultados obtidos agora já fazem os
pesquisadores sonharem com motores iônicos rodando em 100 e até 200 kW,
montados em conjuntos para fornecer 1 MW de potência para uma nave de
exploração do espaço profundo.
Bibliografia:
Artigo: Operation
and Performance of a Magnetically Shielded Hall Thruster at Ultrahigh Current
Densities
Autores:
Leanne L. Su, Parker J. Roberts, Tate Gill, William Hurley, Thomas A. Marks,
Christopher L. Sercel, Madison Allen, Collin B. Whittaker, Matthew Byrne,
Zachariah Brown, Eric Viges, Benjamin Jorns
Revista:
Proceedings of the AIAA 2023
DOI:
10.2514/6.2023-0842
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