Operação MASER 15

DESCRIÇÃO DA CAMPANHA 
 
Operação: MASER 15 (SubOrbital Express 3) 
Foguete: VSB-30
Número do vôo do foguete: 34 
Data de lançamento: 23 de novembro de 2022 
Horário: às 09h23 (horário local) 
Apogeu do vôo: 260km 
Tempo de voo: Não divulgado 
Tempo de Microgravidade: 6 minutos 
Massa da Carga Útil: Não divulgado 
Local: Esrange Space Center (ESC) - Kiruna (Suécia)
Objetivo: Transportar doze experimentos científicos e tecnológicos para serem experimentados em ambiente de microgravidade.
Resultado: Sucesso Total
 
Carga Útil Embarcada  
 
- Experimento NEUROBETA - Trata-se de um experimento de pesquisadores da ‘Universidade de Uppsala’ com células-tronco vivas e células beta produtoras de insulina. Ao expor essas células à microgravidade, os pesquisadores esperavam chegar mais perto de um tratamento para o diabetes tipo 1, influenciando a proliferação das células beta e a função das células beta em pacientes com diabetes com células-tronco. A insulina é produzida pelas células beta nas ilhotas de Langerhans do pâncreas. Em pacientes com diabetes tipo 1, essas células beta são danificadas e a insulina deve ser fornecida por injeções diárias. O experimento vai investigar diferentes formas de estimular a produção de insulina por meio da interação de um tipo de célula-tronco com células beta do pâncreas de camundongos. Foi demonstrado em um experimento anterior em 2019, a bordo do antecessor SubOrbital Express 1, que a microgravidade é uma condição favorável para favorecer a reprodução de células beta. 
 
- Experimento ARLES - Contando como dois experimentos separados, pesquisadores da universidade belga ULB em Bruxelas usaram dois experimentos líquidos diferentes para investigar como gotas de líquidos diferentes se comportam durante a evaporação. Por meio do experimento ARLES, abreviação de "Pesquisa avançada sobre evaporação de líquidos no espaço", os pesquisadores se concentraram em entender como os líquidos podem ser melhor usados ​​para transferir calor e ajudar a melhorar os sistemas de controle térmico no espaço. O experimento evaporararia repetidamente gotículas em microgravidade sob diferentes condições, incluindo a adição de um campo elétrico à mistura, para ver como elas se comportariam. Com a chamada ótica schlieren, os pesquisadores procuraram mudanças no líquido à medida que ele evaporava. Com uma câmera infravermelha e outros sistemas ópticos, as gotas também foram filmadas em nível milimétrico para poder acompanhar os fluxos de líquidos conforme as mudanças de temperatura. Ao investigar esses fenômenos, os cientistas esperavam encontrar novas respostas para fenômenos líquidos conhecidos, como o “efeito mancha de café” e o “efeito Benard-Marangoni”. Uma aplicação potencial também pode ser soluções inovadoras para manter equipamentos e astronautas na temperatura certa em futuras missões espaciais. Este foi o segundo experimento ARLES no espaço. O primeiro foi realizada em 2019 a bordo do foguete SubOrbital Express 1. 
 
- Experimento CHIP - Tratou-se de um experimento cosmológico chamado CHIP (Charges in Planet Formation) de pesquisadores da Universidade de Duisburg-Essen que investigou como partículas eletricamente carregadas se comportam no espaço para aprender mais sobre a origem dos planetas. Os planetas se formam em discos protoplanetários, que são nuvens de gás e poeira ao redor de estrelas jovens. Em princípio, a formação do planeta é descrita por um processo de três etapas. O primeiro passo é o crescimento de aglomerados de partículas de poeira do tamanho de um micrômetro para corpos de tamanho de um quilômetro, os chamados planetesimais. Esses planetesimais então crescem em embriões planetários por atração gravitacional mútua e colisões e, finalmente, os planetas se formam por impactos gigantes entre embriões planetários. Os processos movidos pela gravidade de planetesimais a planetas já são bem compreendidos, mas ainda não está claro como os planetesimais se formam. Recentemente, o carregamento elétrico foi proposto como motor da formação do planeta, e o CHIP forneceu novos insights sobre a estrutura dos aglomerados formados pela coagulação impulsionada pela carga, a taxa de crescimento correspondente e o tamanho máximo a ser alcançado. 
 
- Experimento MINI-IRENE – Este foi o único experimento a bordo do SubOrbital Express 3 que não retornou junto com o restante da carga útil. O MINI-IRENE, “nacele de reentrada italiana” do CIRA, ALI Consortium e da Universidade de Nápoles, foi uma experiência de voo realizada por uma equipe de pesquisa italiana, financiada e coordenada pela Agência Espacial Européia (ESA) e pela Agência Espacial Italiana (ASI) no âmbito de um Programa GSTP, que testatou a durabilidade de uma cápsula aero-breaker que poderia ser usada para a reentrada atmosférica de várias espaçonaves no futuro. O experimento foi separado do foguete no Espaço, e a cápsula em forma de guarda-chuva permitiria, após o retorno à atmosfera, um voo estável e impacto na aterrissagem. Este projeto visava testar e demonstrar o acionamento na reentrada e a consistência do sistema de proteção térmica na carga de pressão dinâmica durante a fase de voo na atmosfera. 
 
* Alojados em um módulo de compartilhamento de viagens, várias cargas úteis compartilharam o espaço em um único e mesmo módulo. Foram eles: 
 
- Experimento FORTIS - Experimento de uma equipe da empresa relojoeira suíça Fortis (empresa que já tinha uma longa herança de testes espaciais dos aparelhos de seus relógios) que visava testá o comportamento da mecânica do relógio em relógios de pulso durante mudanças extremas de velocidade, força g, ausência de peso e temperatura. 
 
- Experimento MUSA - Foi um experimento biológico de uma equipe de pesquisadores da Costa Rica denominado de Musa que era do tamanho de um CubeSat, e tinha o objetivo de encontrar respostas para as perguntas sobre a “doença do Panamá“, causada por um fungo e também conhecida como murcha de fusarium, uma das ameaças mais graves enfrentadas pelo indústria da banana em todo o mundo. Musa é a segunda missão espacial da Costa Rica, e a primeira de uma empresa privada, a ser lançada no espaço. 
 
- Experimento ADI-ALPHA - Tratou-se de um experimento da empresa espacial australiana ResearchSat que enviou enviou seu primeiro pequeno CubeSat ao espaço, realizando dois experimentos. O primeiro, era um experimento biomédico em culturas celulares de levedura e Bacillus subtilis, e o segundo testou o desempenho de um chip microfluídico. No entanto, o objetivo principal era testar o próprio CubeSat – provando que pequenos módulos de pesquisa padronizados podem ser praticamente transportados por CubeSats ou embalados a bordo da Estação Espacial Internacional, ISS. 
 
- Experimento LAB-ON-PAPER - O Lab-On-Paper realizou pesquisas sobre sensores colorimétricos baseados em papel para determinação de glicose e antibióticos. Este experimento se concentrava na determinação de glicose e tetraciclina usando dispositivos analíticos baseados em papel. Abordagens recentes mostraram o uso de papel como uma solução de baixo custo e ecologicamente correta para biossensores. Em um futuro próximo, dispositivos baseados em papel não invasivos poderão ser usados por astronautas e futuros turistas espaciais para monitorar seus parâmetros de saúde no espaço. 
 
- Experimento AURORE-1 - Os vencedores do evento anual da Escola Sueca de Pesquisa Espacial - um acampamento de pesquisa de verão em astronomia e tecnologia espacial para alunos do ensino médio, organizado pela Associação Sueca de Juventude Astronômica (Astronomisk Ungdom) - tiveram a oportunidade de realizar seus experimentos no espaço. O vencedor de 2022 teve a oportunidade de medir a radiação cósmica usando um contador de cintilação autoconstruído. 
 
- Experimento NEWTON - Qual é o gosto do Espaço? Com o objetivo de aumentar a conscientização sobre o Espaço entre o público em geral e as crianças em particular (nossos futuros pesquisadores e profissionais do espaço), árvores frutíferas foram cultivadas a partir de partes que voaram no espaço nesta missão SubOrbital Express. Após o enxerto bem-sucedido, as árvores poderam crescer em Centros de Ciência em toda a Suécia 
 
Instituições Envolvidas
 
ESA - Agência Espacial Europeia
DLR - Centro Aeroespacial Alemão
DLR MORADA - Base Móvel de Mísseis do DLR
SSC - Swedish Space Corporation (Suécia)
ASI - Agência Espacial Italiana 
CIRA - Italian Aerospace Research Center 
ALI Consortium (Itália) 
FORTIS - Fortis Watches AG (Suiça) 
ResearchSat - (Austrália)
Astronomisk Ungdom - Associação Sueca de Juventude Astronômica (Suécia) 
UU - Uppsala University (Suécia) 
ULB - Université Libre de Bruxelles (Bélgica) 
UDE - University Duisburg-Essen (Alemanha) 
UN - University of Naples (Itália) 
 
Instituições Indiretamente Envolvidas
 
AEB - Agência Espacial Brasileira
IAE - Instituto de Aeronáutica e Espaço
DCTA - Departamento de Ciências e Tecnologia Aeroespacial
 
VSB-30 é Lançado com Sucesso na Europa 
 
Na manhã do dia 23 de novembro de 2022, às 09h23 (horário local), o foguete brasileiro VSB-30 da Operação MASER-15 (SubOrbital Express 3) foi lançado com sucesso a uma altitude de 260 quilômetros e seis minutos de microgravidade. Entre as doze cargas úteis a bordo estavam experimentos científicos para investigar tudo, desde células-tronco para pesquisa de diabetes até pesquisa de partículas que fornecerão respostas sobre a origem dos planetas. Este foi o trigésimo quarto lançamento de um Foguete VSB-30. 
 
“Existem muitos mecanismos que são mais fáceis de estudar em microgravidade, pois a gravidade geralmente tem uma forte influência na pesquisa com a qual trabalhamos. A campanha SubOrbital Express deste ano tem uma carga útil contendo doze experimentos de uma ampla gama de disciplinas, que podem fornecer respostas diretamente significativas para a vida na Terra. É maravilhoso que a Suécia e o SSC possam fazer parte de uma pesquisa tão importante, disse Stefan Krämer, gerente de programa da missão. 
 
O SubOrbital Express 3 é o décimo quinto de uma série de MASER, “Materials Science Experiment Rocket”, foguetes lançados do Esrange Space Center desde que este programa de foguetes de sondagem começou em 1987. A ESA é o maior cliente do programa, financiando vários dos experimentos a bordo. O foguete e suas pesquisas e experimentos a bordo foram estão recuperados por helicóptero.
 
VÍDEO:
 
Transmissão do lançamento do VSB-30 realizada pela TV sueca SVT.
 
FOTOS:
 

Comentários

  1. Só não entendi porque não houve elogios, para um evento da indústria aeroespacial Brasileira tão importante quanto esse!

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    1. Olá Agêu!

      Bom, não obstante esta campanha de lançamento não ter nada haver com um evento da Indústria Aeroespacial Brasileira, e sim uma Missão Europeia espacial suborbital onde foi utilizado um foguete brasileiro, o registro da missão por si só, nesta ficha acima, já é um reconhecimento desse espetacular foguete desenvolvido no Brasil. Alias um trabalho que só o BS faz e não é de agora. Em todo caso obrigado pelo seu contato.

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  2. Eu que agradeço. Realmente uma ótima e detalhada descrição desta missão espacial suborbital feita pelo BS. E finalmente após um longo inverno político, voltei a ter vontade de acompanhar o nosso sofrido (e cheio de obstáculos impostos), desenvolvimento espacial.

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