Físicos Japoneses Confirmam a Origem das Chamadas 'Ondas Assobiadoras' no Espaço
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue abaixo uma notícia postada hoje (09/01)
no site ‘Inovação Tecnológica’, informando
que Físicos Japoneses confirmaram a
origem das ‘Ondas Assobiadoras’ no Espaço. Saibam mais sobre essa notícia
pela matéria abaixo.
Brazilian Space
ESPAÇO
Físicos Confirmam Origem das Ondas Assobiadoras no Espaço
Redação do Site Inovação Tecnológica
09/01/2023
Fonte: Website Inovação tecnológica - https://www.inovacaotecnologica.com.br
[Imagem: University of Tokyo]
Campo magnético da onda de modo assobiador (setas azuis
em espiral) se propagando ao longo do campo magnético (roxo) interagindo com
elétrons (vermelho) que passam por ele. |
Ondas Assobiadoras
Todos os campos da ciência que precisam de alguma forma
olhar para cima - para a atmosfera ou para o espaço - precisam lidar com uma
forma muito especial de onda, conhecida como "onda em modo
assobiador", ou onda assobiadora - o termo em inglês é whistler-mode
wave.
Trata-se de uma onda na faixa de rádio do espectro
eletromagnético, mas com uma frequência muito baixa, tipicamente de 1 kHz
to 30 kHz. Assim, embora sejam ondas eletromagnéticas - e não ondas de
compressão, como as ondas sonoras - elas ocorrem em frequências de áudio,
podendo ser convertidas em som usando um receptor adequado.
Os raios geram ondas assobiadoras. Quando você olha para
uma linda aurora no céu, o que você está vendo também é o resultado da
interação entre essas ondas e os elétrons na atmosfera. O mesmo acontece com os
raios cósmicos e com todos os fenômenos envolvidos no clima espacial - as
sondas Voyager documentaram ondas assobiadoras nas cercanias de Júpiter.
Agora, pela primeira vez, pesquisadores japoneses
conseguiram demonstrar experimentalmente como essas ondas se formam, o que
deverá ajudar não apenas a entender melhor o clima espacial e projetar melhores
proteções para os satélites artificiais e naves espaciais, como também entender
melhor a física dos plasmas, do plasma espacial àqueles gerados nos reatores de
fusão nuclear.
[Imagem: N. Kitamura et al. -
10.1038/s41467-022-33604-2]
As implicações da descoberta vão muito além do clima espacial. |
Um Vácuo Que Não é Vazio
Para entender o fenômeno, é preciso ter em mente que o
espaço é muito diferente conforme estejamos longe ou perto de um corpo celeste.
Por exemplo, quando as pessoas imaginam o espaço sideral, muitas vezes o
visualizam como um vácuo perfeito. Na verdade, essa impressão não é correta
porque o "vácuo" é repleto de partículas carregadas.
Contudo, nas profundezas do espaço, longe das estrelas e
planetas, a densidade das partículas carregadas torna-se tão baixa que
raramente elas colidem umas com as outras. Em vez de serem impulsionadas por
colisões, o movimento dessas partículas carregadas passa a ser ditado pelas
forças relacionadas aos campos elétricos e magnéticos que preenchem o espaço.
Essa falta de colisões ocorre em todo o espaço, exceto
quando nos aproximamos de objetos celestes, como estrelas, luas ou planetas.
Nesses casos, as partículas carregadas não viajam mais pelo "vácuo"
do espaço, mas sim por um meio onde podem atingir outras partículas.
Ao redor dos corpos celestes, como a Terra, essas
interações de partículas carregadas geram ondas, incluindo as ondas
eletromagnéticas de modo assobiador, que dispersam e aceleram algumas das
partículas carregadas.
É aí que estava o hiato em nosso conhecimento. Embora as
teorias já indicassem isso, ninguém até hoje havia observado quem gerava quem
nessa interação entre elétrons e outras partículas cósmicas e as ondas
assobiadoras.
[Imagem: NASA]
As sondas MMS já haviam descoberto
uma transferência de energia via plasma. |
Crescimento Eficiente das Ondas
Na tentativa de compreender esse fenômeno, Naritoshi
Kitamura e seus colegas da Universidade de Nagoya, no Japão, foram encontrar os
dados que procuravam sobre a interação ondas-elétrons nas leituras feitas pela
missão MMS (Magnetospheric MultiScale), um conjunto de quatro sondas
espaciais da NASA que voam em formação através da magnetosfera da Terra, a
região de plasma dominada pelo campo magnético do nosso planeta.
Ao analisar as interações entre elétrons e ondas de modo
assobiador, que também são medidas pelas sondas espaciais, a equipe conseguiu
detectar diretamente a transferência de energia ocorrendo dos elétrons
ressonantes para as ondas de modo assobiador no local da espaçonave no espaço.
A partir disso, eles derivaram a taxa de crescimento da
onda, comprovando não apenas que são os elétrons que geram as ondas
assobiadoras, como validando a hipótese que previa um crescimento não-linear
das ondas ocorrendo nessa interação.
"Esta foi a primeira vez que alguém observou
diretamente o crescimento eficiente de ondas no espaço para a interação
onda-partícula entre elétrons e ondas em modo assobiador. Esperamos que os
resultados contribuam para a pesquisa sobre várias interações onda-partícula e
também para melhorar nossa compreensão do progresso da pesquisa em física de
plasma.
"Como fenômenos mais específicos, os resultados
contribuirão para nosso entendimento da aceleração de elétrons a altas energias
no cinturão de radiação, que às vezes são chamados de 'elétrons assassinos'
porque causam danos aos satélites, bem como a perda de elétrons de alta energia
na atmosfera, que formam auroras difusas," disse Kitamura.
Bibliografia:
Artigo: Direct
observations of energy transfer from resonant electrons to whistler-mode waves
in magnetosheath of Earth
Autores: N. Kitamura, T. Amano, Y.
Omura, S. A. Boardsen, D. J. Gershman, Y. Miyoshi, M. Kitahara, Y. Katoh, H.
Kojima, S. Nakamura, M. Shoji, Y. Saito, S. Yokota, B. L. Giles, W. R.
Paterson, C. J. Pollock, A. C. Barrie, D. G. Skeberdis, S. Kreisler, O. Le
Contel, C. T. Russell, R. J. Strangeway, P.-A. Lindqvist, R. E. Ergun, R. B.
Torbert, J. L. Burch
Revista: Nature Communications
Vol.: 13,
Article number: 6259
DOI: 10.1038/s41467-022-33604-2
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