NASA Projeta 'Foguete Nuclear' Que Poderá Chegar a Marte em Apenas 45 Dias de Viagem
Olá leitores e leitoras do BS!
Segue agora uma notícia postada ontem (23/01) no
site ‘Olhar Digital’ destacando que um Foguete Nuclear projetado pela NASA poderá levar apenas 45 dias para chegar em Marte. Saibam mais pela
matéria abaixo.
Brazilian Space
CIÊNCIA E ESPAÇO
Foguete Nuclear Projetado Pela NASA Pode Levar Apenas
45 dias Para Chegar em Marte
Foguete de propulsão nuclear bimodal promete chegar a
Marte em impressionantes 45 dias - uma viagem que, da forma convencional,
levaria anos
Por Flavia Correia
Editado por Lucas Soares
23/01/2023 - 10h34
Atualizada em 23/01/2023 - 20h57
Via: Website Olhar Digital - https://olhardigital.com.br
Missões espaciais tripuladas para além da Órbita Baixa da
Terra (LEO) e do sistema Terra-Lua exigem novas tecnologias, que vão desde
suporte à vida e proteção contra radiação até energia e propulsão. Neste último quesito, a
Propulsão Térmica Nuclear e a Propulsão Elétrica Nuclear (NTP / NEP) são os
dois protagonistas.
Imagem: NASA
Alguns anos atrás, a NASA reacendeu seu programa nuclear (que estava no auge na
época da corrida espacial com a antiga União Soviética), com o objetivo de
desenvolver propulsão nuclear bimodal – um sistema de duas partes que consiste
em um elemento NTP e NEP – que poderia permitir viagens para Marte em 100
dias.
Para este ano, como parte do programa NIAC (sigla em
inglês para Conceitos Avançados Inovadores da NASA), a agência selecionou um
conceito nuclear para o desenvolvimento da Fase I. Essa nova classe de sistema
de propulsão nuclear bimodal usa um “ciclo de topo do rotor de onda” e poderia
reduzir a jornada para Marte para apenas 45 dias.
Intitulada Bimodal NTP / NEP with a Wave Rotor Topping Cycle, a
proposta foi apresentada pelo PhD em engenharia aeroespacial Ryan Gosse, líder
do Programa de Hipersônica da Universidade da Flórida e membro da equipe de
Pesquisa Aplicada em Engenharia da Flórida (FLARE).
Sua proposta é uma das 14 selecionadas pelo NAIC em 2023
para o desenvolvimento da Fase I, que inclui um incentivo financeiro de US$12,5
mil (algo em torno de R$65 mil) para ajudar no amadurecimento da tecnologia e
dos métodos envolvidos. As demais propostas incluem sensores, instrumentos,
técnicas de fabricação, sistemas de energia inovadores, entre outros.
Diferenças Entre a NTP e a NEP
Para a Propulsão Térmica Nuclear (NTP), o ciclo consiste
em um reator aquecendo o propulsor de hidrogênio líquido (LH2) para
transformá-lo em gás hidrogênio ionizado (plasma), que é então canalizado
através de bicos para gerar empuxo.
Várias tentativas foram feitas para construir um teste
desse sistema de propulsão, como o Projeto Rover, um esforço colaborativo entre
a Força Aérea dos EUA (USAF) e a Comissão de Energia Atômica (AEC), lançado em
1955.
Em 1959, a NASA assumiu o lugar da USAF, e o programa
entrou em uma nova fase dedicada a aplicações em voos espaciais. Isso
eventualmente levou ao NERVA (sigla em inglês para Motor Nuclear para Aplicação
em Veículos de Foguete), um reator nuclear de núcleo sólido que foi testado com
sucesso.
Com o encerramento da Era Apollo, em 1973, o
financiamento do programa foi drasticamente reduzido, levando ao seu
cancelamento antes que qualquer teste de voo pudesse ser realizado.
Enquanto isso, os soviéticos desenvolveram seu próprio
conceito NTP (RD-0410) entre 1965 e 1980 e realizaram um único teste de solo
antes do cancelamento do programa.
Por sua vez, a Propulsão Nuclear-Elétrica (NEP) depende
de um reator nuclear para fornecer eletricidade a um propulsor de efeito Hall
(motor de íons), que gera um campo eletromagnético que ioniza e acelera um gás
inerte (como o xenônio) para criar empuxo.
As tentativas de desenvolver essa tecnologia incluem o
Projeto Prometheus, da Iniciativa de Sistemas Nucleares (NSI) da NASA (entre os
anos de 2003 e 2005).
Método Mais Adequado Para as Viagens a Marte
Ambos os sistemas têm vantagens consideráveis sobre a
propulsão química convencional, incluindo uma classificação de impulso
específico (Isp) mais alta, eficiência de combustível e densidade de energia
praticamente ilimitada.
Embora os conceitos NEP se diferenciem por oferecer mais
de 10 mil segundos de Isp,sendo capaz de manter o empuxo por quase três horas,
o nível de empuxo é bastante baixo em comparação aos foguetes convencionais e à
NTP.
Imagem: NASA
Foguete movido a propulsão nuclear bimodal é a promessa de se chegar a Marte em impressionantes 45 dias – uma viagem que, da forma convencional, levaria anos. |
Enquanto os projetos NTP NERVA são o método preferido
para missões tripuladas a Marte e além, essa tecnologia também tem problemas
para fornecer frações de massa iniciais e finais adequadas para missões Delta-V
altas.
Delta-v é um termo utilizado em astrodinâmica. É um valor
escalar medido em unidades de velocidade. É a medida da quantidade de “esforço”
necessário para efetuar uma manobra orbital para mudar de uma trajetória para
outra.
É por isso que as propostas que incluem ambos os métodos
de propulsão (bimodal) são mais vantajosas, pois combinam os benefícios de
ambos. A proposta de Gosse exige um projeto bimodal baseado em um reator NERVA
de núcleo sólido que forneceria um impulso específico (Isp) de 900 segundos, o dobro
do desempenho atual dos foguetes químicos.
Redução de Riscos das Missões
O ciclo proposto por Gosse também inclui um
supercarregador de ondas de pressão – ou Wave Rotor (WR) – uma tecnologia usada
em motores de combustão interna que aproveita as ondas de pressão produzidas
pelas reações para comprimir o ar de admissão.
Quando emparelhado com um motor NTP, o WR usaria a
pressão criada pelo aquecimento do reator do combustível LH2 para comprimir
ainda mais a massa de reação. Gosse diz que isso proporcionará níveis de empuxo
comparáveis aos de um conceito NTP da classe NERVA, mas com um Isp de 1400-2000
segundos.
“Juntamente com um ciclo NEP, o ciclo de trabalho Isp
pode ainda ser aumentado (1.800-4.000 segundos) com adição mínima de massa
seca”, explicou Goesse ao site Universe Today. “Esse design bimodal
permite o trânsito rápido para missões tripuladas (45 dias para Marte) e
revoluciona a exploração do espaço profundo do nosso Sistema Solar”.
Com base na tecnologia de propulsão convencional, uma
missão tripulada a Marte pode durar até três anos. Essas missões seriam
lançadas a cada 26 meses quando a Terra e Marte estivessem mais próximos (no
período de oposição de Marte) e passariam um mínimo de seis a nove
meses em trânsito.
Um trânsito de 45 dias (seis semanas e meia) reduziria
significativamente os principais riscos associados às missões a Marte,
incluindo a exposição à radiação, o tempo gasto em microgravidade e
preocupações relacionadas à saúde.
Também há propostas para novos projetos de reatores que
forneceriam uma fonte de alimentação estável para missões de superfície de
longa duração, onde a energia solar e eólica nem sempre estão disponíveis.
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