Mercúrio: 5 Mistérios Sobre o Pequeno Planeta Que Podem Ser Desvendados em Breve
Olá leitor!
Segue abaixo uma interessantíssima matéria postada dia (16/04)
no site “Canaltech” tendo como destaque 5 mistérios sobre
o Planeta Mercúrio que poderão ser desvendados em breve pela
espaçonave BepiColombo.
Duda Falcão
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Mercúrio: 5 Mistérios Sobre o Pequeno Planeta Que Podem
Ser Desvendados em Breve
Por Daniele Cavalcante
Canaltech
Fonte: ESA
16 de Abril de 2020 às 18h25
A BepiColombo, missão conjunta
da ESA (a agência espacial europeia) e da JAXA (a agência espacial japonesa), lançada
em 2018, se afastou da Terra e está em uma jornada de sete anos rumo ao
planeta Mercúrio, com o objetivo de estudá-lo de pertinho. Para chegar ao menor
e mais interno planeta do Sistema Solar, a nave percorrerá 8,5 bilhões de
quilômetros. Mas o que os cientistas por trás da missão pretendem descobrir?
Até pouco tempo atrás, Mercúrio era considerado um mundo
bastante desinteressante, mas, com as missões Mariner e MESSENGER, da NASA,
descobriu-se que existem muitos mistérios intrigantes por lá. A composição
química do planeta, por exemplo, não é típica de um mundo tão próximo do Sol.
Além disso, é difícil dizer qualquer coisa sobre sua própria formação. Mais
estranho ainda: apesar de as temperaturas na superfície chegarem a 450 °C,
parece haver água
congelada em seus polos.
Duas naves diferentes compõem a missão BepiColombo: a
Mercury Planetary Orbiter (MPO), sonda orbital desenvolvida e controlada pela
ESA, e a Mercury Magnetosphere Orbiter (MMO), sonda também
orbital criada pela JAXA. Ao se estabelecerem na órbita de Mercúrio, as naves
vão se separar uma da outra, cada uma delas fazendo sua própria pesquisa.
Existem muitos mistérios em Mercúrio para solucionar, e
descobrir esses segredos será mais um passo para sabermos mais sobre a história
do próprio Sistema Solar. Aqui estão as cinco principais perguntas sobre o
planetinha que a missão pode responder:
1. Onde Mercúrio Se Formou?
(Imagem: ESA)
Renderização da BepiColombo se aproximando de Mercúrio.
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Os cientistas não têm tanta certeza de que Mercúrio
sempre esteve nessa órbita tão próxima do Sol. Na verdade, pode ser que ele
tenha até mesmo colidido com a Terra há muito, muito tempo.
Dados da sonda MESSENGER revelaram que Mercúrio tem muito
potássio em sua superfície, que é um elemento volátil e de fácil evaporação, em
comparação com o tório. O potássio evapora muito rapidamente em um ambiente
quente, enquanto o tório permanece até em temperaturas muito altas. Em
consequência, planetas como Vênus, Terra e Marte têm mais tório em comparação
com o potássio.
Mas não é o caso de Mercúrio. Lá, existe muito mais
potássio do que os cientistas esperavam, e nenhum modelo de formação planetária
existente pode explicar satisfatoriamente essa composição. Por isso, os
cientistas começaram a cogitar que o planeta tenha se formado mais distante do
Sol e pode ter sido empurrado, por meio de uma colisão, para uma órbita mais
interna.
(Imagem: ESA)
Relação potássio-tório em planetas do Sistema Solar
interno.
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Outro mistério diz respeito ao núcleo de Mercúrio, que
tem aproximadamente 4.000 km de diâmetro, enquanto o diâmetro total do planeta
tem cerca de 5.000 km. Ou seja: seu núcleo é proporcionalmente enorme. A Terra,
para fins de comparação, tem um diâmetro de cerca de 12.700 km e um núcleo de
apenas 1.200 km de diâmetro. Um impacto também explicaria essa proporção
estranha.
Alguns pesquisadores sugerem que Mercúrio seria, na
verdade, o
hipotético planeta Theia - o corpo rochoso misterioso que teria colidido
com a Terra há cerca de 4,5 bilhões de anos, gerando uma grande quantidade de
detritos que se juntou para formar a Lua com o passar do tempo.
Para encontrar respostas, os instrumentos da BepiColombo
fornecerão um novo nível de conhecimento sobre a composição da superfície de
Mercúrio, e devem descrever o pequeno mundo com maior resolução que aquela
fornecida pela missão MESSENGER, também nos dando uma melhor cobertura do
hemisfério sul do planeta.
2. Existe Água em Mercúrio?
(Imagem: NASA)
Evidências de água encontradas nas crateras polares de
Mercúrio.
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Parece estranho pensar que exista água em um planeta tão
quente, muito menos gelo de água. Mas foi isso o que a MESSENGER parece ter
encontrado. Na verdade, a sonda detectou um reflexo, que parecia ter vindo de
um pedaço de gelo, em algumas das crateras ao redor dos polos do planeta.
Embora os cientistas acreditem que seja, de fato gelo,
ainda é preciso detectá-lo mais diretamente para se ter alguma certeza. Com os
instrumentos da BepiColombo, a equipe espera não apenas medir o conteúdo
diretamente e confirmar se há mesmo água ali, como também descobrir o quanto
dela existe.
A explicação para a presença de gelo em Mercúrio é
simples, na verdade. O planeta gira em torno de um eixo que é perpendicular ao
seu plano orbital, ou seja, não é inclinado como a Terra. Com isso, os raios
solares nunca atingem o interior das crateras polares. Com os instrumentos da
BepiColombo, talvez a equipe possa ter até ter uma ideia de onde o gelo de
Mercúrio realmente veio - sendo que ele provavelmente não surgiu por lá.
3. Há Atividade Geológica em Mercúrio?
(Imagem: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics
Laboratory/Carnegie Institution of Washington)
Pequenas cavidades em Mercúrio.
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Parece pouco provável que exista algum traço de qualquer
atividade geológica neste mundo árido e hostil, mas, quando a MESSENGER
examinou a superfície do planeta, descobriu que mais coisas poderiam estar
acontecendo por lá do que se imagina. A missão encontrou estranhas
características geológicas dentro e ao redor de algumas crateras, que não são
encontradas em outros planetas.
Essas cavidades parecem ser causadas pela evaporação de
algum material volátil do interior de Mercúrio. Mas o curioso dessa formação é
que as cavidades parecem bastante recentes. Como a BepiColombo começará sua
pesquisa sobre Mercúrio dez anos após o final da missão MESSENGER, os
cientistas esperam encontrar evidências de que as cavidades estão mudando,
aumentando ou diminuindo, de repente. Isso significaria que Mercúrio ainda é um
planeta ativo, e não um "mundo morto" como pensamos que ele seja.
O processo que leva à criação dessas cavidades é
totalmente desconhecido. Pode ser causado pelo calor ou por partículas solares
bombardeando a superfície do planeta. É algo completamente novo e todos os
pesquisadores da equipe estão ansiosos para obter mais dados. Se for constatado
que essas cavidades estão mudando, esse seria um dos resultados mais
fantásticos que se poderia obter com a BepiColombo, de acordo com Johannes
Benkhoff, um dos cientistas da missão.
4. Por Que a Superfície de Mercúrio é Tão Escura?
Este pequeno planeta parece ter uma superfície mais
escura do que a nossa Lua, e os cientistas ainda não entendem o motivo. O
planeta reflete apenas cerca de dois terços da quantidade de luz que o material
lunar coletado, por exemplo.
O espectrômetro térmico infravermelho MERTIS, a bordo da
sonda MPO, criará um mapa detalhado da distribuição de minerais na superfície
de Mercúrio. Ao fornecer alta resolução dessa composição, o instrumento ajudará
a entender por que o planeta reflete tão pouca luz.
Existem muitos motivos que poderiam explicar o porquê de
este mundo ser tão escuro. Por exemplo, pode ser que a superfície esteja
coberta por grafite, uma das quatro formas alotrópicas do carbono, que é bem
escura. Mas outra explicação pode não ter nada a ver com os elementos na
superfície: talvez seja o próprio calor extremo que faz com que os materiais de
lá pareçam mais escuros, como se fossem carbonizados.
5. Como Seu Campo Magnético Se Formou?
(Imagem: ESA / Mercury surface: NASA/Johns Hopkins
University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington)
Diagrama do interior de Mercúrio conforme estimativas
científicas.
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Poucos planetas rochosos da nossa vizinhança têm um campo
magnético significativo. Na verdade, entre os planetas do Sistema Solar
interno, apenas Mercúrio e Terra possuem um deste tipo - o campo magnético de
Marte é tão insignificante que ele é menor que o da lua Ganimedes, de Júpiter,
sendo apenas 2% do campo magnético da Terra, enquanto Vênus não tem campo
magnético algum (a magnetosfera por lá tem outra explicação quanto à sua origem
e existência). Mas o mistério, aqui, é que Mercúrio parece pequeno demais para
que seu campo magnético se formasse, mesmo que ele seja cem vezes mais fraco
que o do nosso planeta. Os cientistas querem entender o que sustenta esse campo
magnético, já que, de acordo com as probabilidades, ele nem deveria existir.
No caso da Terra, o campo magnético é gerado pela rotação
rápida do núcleo de ferro líquido. Isso parecia improvável em Mercúrio, porque
os cientistas pensavam que o núcleo daquele mundo havia se esfriado e
solidificado desde a sua formação. Talvez eles estivessem errados, porque, em
princípio, apenas um núcleo líquido e quente poderia explicar o magnetismo ao
redor do globo mercuriano.
Para descobrir isso, a BepiColombo medirá as marés
(efeitos causados pelas forças gravitacionais da rotação do planeta combinadas
com a influência da gravidade de outros corpos próximos) na superfície do
Mercúrio, para saber se há metal líquido no interior do planeta. Além disso, o
campo magnético de Mercúrio parece ser deslocado 400 km para o norte, e não
parece estar no meio do planeta, como acontece na Terra. Os instrumentos da
BepiColombo analisarão o magnetismo com mais detalhes do que qualquer
espaçonave que já tenha estudado este planeta, e devem dar respostas para essas
questões.
Após se separarem, os dois orbitadores da missão viajarão
por diferentes áreas da magnetosfera de Mercúrio e em diferentes escalas de
tempo. Assim, medirão simultaneamente como o campo magnético de lá muda ao
longo do tempo e no espaço. Isso vai ajudar nosso entendimento sobre o que está
acontecendo dentro do misterioso, pequeno e primeiro planeta do Sistema Solar.
Fonte: Site Canaltech -
https://canaltech.com.br
Comentário: Sensacional, esta é uma das mais
espetaculares missões planetárias robóticas em curso e certamente em breve aumentará
e muito o conhecimento humano sobre esse pequeno e enigmático planeta do nosso Sistema
Solar. Parabéns aos europeus e japoneses por essa iniciativa.
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