SindCT Teme ‘Migração’ de Técnicos de INPE para Visiona

Olá leitor!

Segue abaixo uma matéria postada hoje (24/06) no site do jornal “O VALE”, destacando que o Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia (SindCT) teme a ‘Migração” de técnicos do INPE para Visiona.

Duda Falcão

NOSSA REGIÃO

Sindicato Teme ‘Migração’ de
Técnicos de INPE para Visiona

Nova empresa vai desenvolver satélite geoestacionário
brasileiro e instituto tem mão de obra especializada para programa

Arthur Costa
São José Campos
24 de Junho de 2012 - 02:00

Foto: Arquivo /OVALE
Funcionário testa equipamento em laboratório do INPE

Em meio ao esforço do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para reforçar seu quadro de servidores, a criação da Visiona, responsável por desenvolver o satélite geoestacionário brasileiro, pode representar um novo ‘golpe’ ao instituto: a migração de profissionais para a iniciativa privada.

O temor dentro do INPE é de que a Visiona, uma ‘joint-venture’ entre Embraer e Telebrás, não tenha outro lugar para selecionar os profissionais que formarão sua equipe, senão o INPE.

“Não são muitos os profissionais com esse nível de capacitação no mercado”, afirmou o presidente do SindCT (Sindicato Nacional dos Servidores Federais em Ciência e Tecnologia), Ivanil Barbosa.

Para ele, dois tipos de profissionais podem preferir o salário da iniciativa privada.

“Temos servidores que já têm possibilidade de se aposentar mas que continuam no instituto. Eles não têm nada a perder e poderiam se aposentar e acumular a oportunidade de receber um bom salário da iniciativa privada”, disse Barbosa.

Outro grupo é formado por servidores mais jovens que, por lei, têm direito a pedir afastamento não remunerado por dois anos. O tempo seria suficiente para atuar no primeiro projeto da Visiona, uma vez que o primeiro satélite geoestacionário do país tem previsão para ser lançado em meados de 2014.

“Temos essa enorme apreensão. Certamente, vamos ver isso (migração) acontecer”, afirmou o sindicalista.

Equipe. O VALE solicitou uma entrevista com o presidente da Visiona, Nelson Salgado, para falar sobre o processo de formação da equipe, no entanto, não obteve retorno.

O efetivo da empresa não deverá ser grande. Inicialmente, os engenheiros e pesquisadores serão responsáveis por fazer a integração de componentes que não possuem fabricação nacional para a montagem do satélite.

A participação do INPE ficaria restrita ao recebimento de transferência de tecnologia dos parceiros selecionados pela Visiona.

Durante a posse do diretor do INPE, Leonel Perondi, no início do mês, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, admitiu que a participação do INPE no desenvolvimento do satélite seria pequena, mas salientou que a partir dos lançamentos futuros, essa participação aumentaria.

“INPE a AEB (Agência Espacial Brasileira) farão papel de transferir tecnologia desse primeiro satélite para empresas brasileiras. Já no segundo satélite, teremos maior participação. Com o sucesso desse lançamento, a base Alcântara e do projeto Cyclone, poderemos avançar”, disse Raupp.

Para o satélite de 2014, a estimativa é que de 20% a 30% dos componentes sejam nacionais, índice que terá que subir, segundo Raupp, até 100% ao longo dos lançamentos futuros. O próximo satélite geoestacionário tem previsão de lançamento para 2019.

Procurado, Perondi preferiu não comentar o assunto.

Descrença - O SindCT não acredita na transferência de tecnologia e afirma que a comunidade científica se sentiu abandonada com a criação da ‘joint-venture’.

“A impressão é de que o INPE não foi capaz de fazer o satélite e agora tiveram que contratar a Embraer para fazê-lo. Talvez pela proximidade da data do lançamento, o governo tenha adotado essa postura de preferir comprar do que desenvolver”, disse Barbosa.

Nova empresa - A Visiona foi criada oficialmente no final de maio, após a aprovação da criação da empresa pelos conselhos administrativos de Embraer e Telebrás.

Atualmente, a empresa seleciona a equipe que atuará no projeto, sediado nas dependências do Parque Tecnológico de São José.

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PROJETOS EM RISCO

Diretor Diz que Déficit é de 300 Profissionais

São José dos Campos - O diretor do INPE, Leonel Perondi, estima que seria necessária a contratação de 200 a 300 pessoas nos próximos três anos para dar continuidade aos projetos do instituto e transferir o conhecimento de profissionais perto da aposentadoria.

Para o SindCT, o número é insuficiente. A entidade trabalha com a necessidade de 800 novos profissionais.

No início do ano, o governo Federal anunciou a abertura de 107 vagas para o INPE. Os editais para as contratações estão sendo publicados no Diário Oficial da União.

Em seu discurso de posse, Perondi ressaltou a média de idade do instituto, de 54 anos.

“Cada pessoa que se aposenta leva uma bagagem de conhecimento. Se não repormos, perderemos esse conhecimento”, disse, à época.

O SindCT acredita que o INPE não tem recebido mais profissionais por falta de força política, uma vez que outros institutos, como o INCRA, tiveram o quadro de servidores reforçado.


Fonte: Site do Jornal “O VALE” - 24/06/2012

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