Novíssima Etapa na Parceria Brasil-China
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo escrito pelo Sr. José Monserrat
Filho e postado dia (25/06) no site do “Jornal da Ciência” da SPBC destacando,
segundo ele, a novíssima etapa da Parceria Brasil-China.
Duda Falcão
Notícias
Novíssima Etapa na Parceria Brasil-China
José Monserrat Filho*
Jornal da Ciência
28/05/2012
Duas
maiúsculas novidades se destacam no Comunicado Conjunto firmado pela presidente
Dilma Rousseff e pelo primeiro ministro da China, Wen Jiabao, durante a Rio+20,
na quinta-feira passada, 21 de junho - ambas com forte impacto na cooperação
espacial entre os dois países.
1)
A hora e a vez da "Parceria estratégica global"
O
Brasil e a China elevam o status de "parceria estratégica", adotado
em 1993, para "parceria estratégica global", privilégio que
ultrapassa os assuntos bilaterais e incorpora as mais relevantes questões
globais de política e economia, a serem discutidas pelos respectivos
chanceleres, pelo menos, uma vez por ano.
"Essa
decisão atesta o reconhecimento da crescente influência estratégica e global
dos dois países, cuja cooperação será cada vez mais abrangente, numa conjuntura
internacional marcada por mudanças profundas", afirma o comunicado. Os
dois países também "reiteraram o compromisso de promover salto qualitativo
das relações sino-brasileiras, por meio da intensificação do diálogo político e
da ampliação da agenda de cooperação bilateral".
A
relação Brasil-EUA tem status similar, com o nome de "diálogo de parceria
global", que promove duas reuniões anuais dos chanceleres e produz bons
resultados. Mas a parceria Brasil-China parece crescer em ritmo mais intenso e
beneficiar áreas de maior valor estratégico. Eles se comprometem a seguir os
"princípios do benefício mútuo, desenvolvimento conjunto, parâmetros de
mercado, viabilidade e eficiência". A China já é o maior parceiro
comercial do Brasil. Agora, resolvem aumentar os investimentos recíprocos. E
estabelecer em ambos os mercados, por meio da emissão de títulos, um crédito de
até US$ 30 bilhões.
Assumem,
também, ambicioso Plano Decenal de Cooperação em Ciência, Tecnologia e
Inovação, envolvendo centros de pesquisa e empresas em áreas vitais, como
nanotecnologia, telecomunicações, educação - com a formação e aproveitamento
mútuo de especialistas altamente qualificados, através do Programa
"Ciência sem Fronteiras". Instalaram-se o Centro Conjunto
Brasil-China de Satélites Meteorológicos e o Centro Brasil-China de
Biotecnologia. Os acordos firmados mobilizam os âmbitos comercial, científico,
tecnológico, financeiro e cultural. Haverá importante colaboração nas áreas
automotiva e de petróleo e gás. A Embraer firmou contrato com o governo chinês
para exportar aviões e foi criada a joint venture Harbin Embraer Aircraft
Industry (HEAI) para a produção de jatos executivos na China.
Hoje,
o Brasil é grande exportador de commodities para a China. Para amanhã, a meta é
aumentar o peso dos produtos manufaturados nestas exportações.
Na
área espacial, pelo novo status, o Brasil e a China poderão tratar de temas
estratégicos como:
-
Segurança espacial, sustentabilidade a longo prazo das atividades espaciais,
proibição da instalação de armas em órbitas da Terra e do uso da força militar
no espaço, impedindo que ele se torne novo campo de batalha;
-
Redução dos detritos nas órbitas terrestres mais utilizadas, que não param de
crescer, ameaçando o inestimável patrimônio de satélites, naves e estações
espaciais hoje ativos, e os serviços de primeira necessidade por eles prestados
a toda a comunidade internacional de nações;
-
Criação de um sistema global de conhecimento permanente sobre a situação e o
desempenho de cada objeto espacial, para garantir transparência, confiabilidade
e previsibilidade das atividades espaciais de qualquer país - é a expansão da
ideia de se estabelecer um sistema de gerenciamento do tráfico espacial,
surgido anteriormente como imperativo de segurança global;
-
Atuação conjunta para fortalecer e dinamizar os mais relevantes fóruns
multilaterais, como o Comitê das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço
Exterior (COPUOS), a Conferência sobre Desarmamento (CD) e a própria
Organização das Nações Unidas (UN);
-
Atuação conjunta para estimular o desenvolvimento equânime e progressivo do
Direito Espacial, incluindo todas as áreas e formas de regulamentação
internacional e nacional das atividades espaciais visando propósitos
exclusivamente pacíficos e benéficos para todos os países, sem qualquer
discriminação.
-
Programas espaciais cooperativos de largo alcance, com a participação
simultânea de inúmeros países.
Tudo
isso, se bem feito, poderá ter inevitável repercussão internacional, inclusive
ampliando o papel conjunto dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul) no tabuleiro global, fator de mudanças substanciais nas relações
internacionais contemporâneas. Não por acaso, Brasil e China buscarão
aprofundar o exame da economia mundial no âmbito do BRICS e do G-20, visando
"a adoção de ações coordenadas, para superar a atual conjuntura
adversa".
Como
se não bastasse, os dois países consideram que "as atuais instâncias de
governança global precisam ser reformadas, a fim de responder adequadamente às
demandas da nova ordem internacional" e que, por isso, "apoiam uma
reforma abrangente da ONU, incluindo como prioridade o aumento da representação
dos países em desenvolvimento no Conselho de Segurança, de forma a torná-lo
mais eficiente e apto a responder aos desafios globais atuais".
Como
se vê, a "cooperação estratégica global" tem tudo para não ser mero
jogo de palavras ou simples expressão de efeito propagandístico.
2)
Mais uma ideia pioneira: Plano Decenal de Cooperação Espacial
O
Brasil e a China decidem "promover discussão mais aprofundada" sobre
um Plano Decenal de Cooperação Espacial, "com vistas a acelerar a sua
negociação, por meio da coordenação entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e
a China National Space Administration (CNSA).
A
iniciativa é inédita nos 55 anos da Era Espacial, inaugurada em 1957 pelo
Sputnik I, o primeiro satélite construído pelos seres humanos, lançado pela
ex-União Soviética.
Cabe
lembrar que, em 1988, com o Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources
Satellite - Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), os dois países
foram os primeiros a estabelecer um acordo de cooperação em tecnologia avançada
entre nações em desenvolvimento, que até então não tinham essa possibilidade.
Os
"temas principais" da discussão mais aprofundada entre a AEB e a CNSA
sobre o Plano Decenal já foram definidos. São eles:
-
Nova direção e mecanismo de cooperação para os futuros satélites CBERS e outros
satélites;
-
Política de dados do CBERS-3 e CBERS-4;
-
Cooperação na aplicação de dados do Satélite de Sensoriamento Remoto;
-
Componente de satélite, elemento componente e equipamentos de teste;
-
Cooperação em matéria de satélite de comunicação;
-
Serviços de lançamento;
-
Cooperação em ciência espacial;
-
Cooperação na aplicação de Satélites Meteorológicos.
Para
quem ainda não sabe, o CBERS-3 (4º satélite da série, após o CBERS-1, lançado
em 1999, o CBERS-2, lançado em 2003, e o CBERS-2B, lançado em 2007) deve subir
ao espaço em novembro próximo e o CBERS-4, em 2014.
No
comunicado conjunto, o Brasil e a China enfatizam o interesse em
"estimular o trabalho conjunto para a distribuição internacional dos dados
daqueles satélites". O Brasil lidera hoje o ranking mundial da
distribuição gratuita de imagens de satélite. Já cedeu mais de um milhão delas.
A atualidade da questão do acesso facilitado aos dados e imagens de satélite em
benefício dos programas nacionais de desenvolvimento sustentável ficou evidente
no evento da Rio+20 sobre "Espaço para o Desenvolvimento
Sustentável", onde foi um dos temas abordados.
Em
suma, o Brasil e a China, situados - um em face do outro - no outro lado do
mundo, não poderiam estar mais próximos na linha de frente dos novos rumos da
globalidade.
* José
Monserrat Filho é chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência
Espacial Brasileira (AEB). Artigo enviado ao JC Email pelo autor.
OBS:
A equipe do Jornal da Ciência esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos
artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem
necessariamente a opinião do jornal.
Fonte: Site do Jornal da Ciência de 25/06/2012
Comentário: Caro leitor, quando o senhor José Monserrat Filho escreve artigos como esse, fico a me perguntar se o
mesmo realmente acredita no que escreve ou vem vivendo num mundo de fantasias.
Como um homem conhecido pelo sua competência e de sua vivência nos bastidores
da política pode mesmo acreditar que esses acordos assinados agora com a CHINA não
passam de um jogo de intenções para o governo DILMA? As ações desse governo desastroso
para os setores da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação falam pó si só, e a
própria Comunidade Científica do país já manifestou o seu desagrado através de
um manifesto de repudio as ações ou a falta delas do Governo DILMA, e mesmo
assim o senhor José Monserrat vem a público com um artigo como esse, gerando (em nossa opinião de forma irresponsável) nos menos informados (a grande maioria da Sociedade) uma expectativa positiva e
irreal sobre o futuro do Programa Espacial Brasileiro. Realmente lamentável.
José Monserrat Filho é chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da Agência Espacial Brasileira
ResponderExcluirO cara é aspone da AEB. Vc queria o que ?
DF, para mim no Brasil, quem lida com essa área de espaço não é a elite dos engenheiros.
POuquissimos formados no ITA ficam nela, pelas razões óbvias que sempre debatemos aqui.
Veja pelo acidente de 2003. Nenhum que morreu era iteano.
Evidente que quando se formam preferem um ótimo salário em uma multinacional.E sair de São José dos Campos, que para mim é uma droga de cidade.
Vejo vc citando certos nomes nos seus posts.
E rio bastante.
Pois conheço algumas das peças...
Caro Iurikorolev!
ResponderExcluirO currículo de pessoas como o Himilcon de Castro Carvalho, Thyrso Villela Neto, e o próprio José Monserrat Filho (todos da AEB) é indiscutível, são pessoas sérias e não tenho duvida disso. Como sabes, tenho minhas discordâncias com relação a algumas atitudes (ou falta delas) da AEB, entretanto tenho consciência que essa gente vem fazendo o que pode e com a seriedade necessária. O problema que a AEB é um órgão subordinado ao governo, e sendo assim só faz o que é autorizado a fazer, as vezes obrigatoriamente, como nesse caso, participando do que é para o esse governo apenas um jogo de intenções. O que eu não concordo é que o Sr. José Monserrat Filho, conhecendo o atual momento do PEB escreva esse tipo de artigo ajudando com isso a ampliar a desinformação do povo com relação ao PEB.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Estimado Duda
ResponderExcluirApesar do tom ácido de meu comentário, não estou falando mal desses batalhadores do PEB. Só digo que eles não são os melhores.
Os mais dotados quando se formam já estão longe da área.
Se gostam mesmo da área vão para outro país. Tenho um colega que trabalha na DLR.
Trabalhar nessa área é considerado meio coisa para sonhadores, principalmente no Brasil.
Olá Iurikorolev!
ResponderExcluirPerdoe-me amigo, mas não concordo contigo. Existem grandes profissionais de reconhecimento internacional tanto trabalhando no PEB (Gilberto Câmara, Jânio Kono, Otávio Durão, Petrônio Noronha de Souza, Leonel Fernando Perondi, Haroldo Fraga de Campo Velho, Hélio Takai, Marco Antônio Chamon, Nelson Jorge Schuch, Cel. Santana Jr. entre outros) como trabalhando fora do país (Rosaly Lopes, Rodrigo Leonardi, Nilton Renno, Arlindo Moraes da Silva, Duilia Fernandes de Mello, Gladys Vieira Kober, Ramon Perez de Paula, entre outros), e o que difere o primeiro grupo do segundo grupo, é que enquanto o primeiro é formado por idealistas e talvez nacionalistas, os outros são mais preocupados suas carreiras, e certamente a saída para outros países abriram maiores perspectivas para suas trajetórias profissionais. Entretanto, o fato de trabalhar fora não fazem deles melhores e sim competentes e desejados, caso o PEB realmente fosse conduzido com seriedade e comprometimento.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)