A Lua Titã Tem Lago Tropical de Metano Líquido
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo publicado dia (13/06) na edição
online da “Revista Pesquisa FAPESP” destacando que segundo um grupo internacional
de astrônomos, inclusive um brasileiro, a lua Titã do planeta Saturno tem Lago Tropical de metano liquido provavelmente gerado por Fonte Subterrânea.
Duda Falcão
NOTÍCIAS
A Lua Titã Tem Lago Tropical
de Metano Líquido
Formação no satélite de Saturno deve ter fonte
subterrânea
ISIS NÓBILE DINIZ
Edição online
13 de junho de 2012 - 13:56
© ESA/NASA/JPL/UNIVERSITY
OF ARIZONA/USGS
Um grupo internacional de pesquisadores observou pela primeira vez um lago de metano
líquido com cerca de com 2400 km2 na região próxima ao equador de Titã, a maior
lua de Saturno. Publicada na Nature desta semana (14 de junho), a descoberta
indica que o trópico árido do satélite pode ter ainda mais lagos e também
sugere que eles são formados por alguma fonte subterrânea de metano. A pesquisa
foi feita graças a uma busca intensiva no banco de dados que contém informações
coletadas pela sonda Cassini desde 2004, quando passou a orbitar Saturno.
A comunidade científica já conhecia os lagos localizados
perto do polo norte de Titã, além de outro no polo sul. “Havia interesse em
procurar lagos nas latitudes baixas, mas era complicado observar”, conta um dos
autores do trabalho, o astrônomo Paulo Penteado, do Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). Os
demais autores são da Universidade do Arizona, Estados Unidos.
A sonda Cassini contém vários telescópios e um radar. Ao
passar perto dessa lua de Saturno, alguns telescópios captam luz em
comprimentos de onda no infravermelho, invisíveis ao olho nu. Essa luz
infravermelha refletida por Titã revela detalhes sobre a sua superfície, um
tipo de informação que não pode ser obtida pela análise de comprimentos de onda
de luz visível.
A partir de a luz solar que incide sobre Titã, nos
comprimentos de onda em que podem ser observados, os lagos são escuros. “Ao
observar a região do equador, sabíamos que nenhum lago grande existia ali
devido às observações nos comprimentos de onda em que vemos a superfície. Se
houvesse lago, ele deveria ser pequeno e, por isso, detectado em raras
imagens”, explica Penteado. Após a extensa busca, a equipe encontrou um lago
que, segundo estimativas, deve ter cerca de 2 m de profundidade no mínimo. “Não
conseguimos estimar profundidades maiores”, diz. Mas os lagos podem ser mais
profundos, os telescópios não conseguem captar essa informação.
Como a região dos trópicos aparenta ser mais seca que o
resto da lua, alguns modelos matemáticos sugerem que o lago surja de uma fonte
subterrânea – e não seja gerado por chuvas, outra hipótese plausível. “Caso
contrário, o metano líquido já teria evaporado”, afirma o pesquisador.
Titã não se parece com a Lua da Terra. Aliás, é diferente
de todas as outras luas conhecidas no Sistema Solar. “Ela é a única que tem
atmosfera e meteorologia ativa lembrando a do nosso planeta”, explica Penteado.
O componente principal da atmosfera de Titã é o nitrogênio, seguido pelo
metano. Na Terra, o nitrogênio e o oxigênio dominam. Devido à baixa temperatura
do satélite, 180 graus Celsius (°C) negativos, lá o metano é líquido – aqui,
gasoso. A água, em Titã, só foi observada na forma congelada, aparentando
rocha, em uma mistura com amônia.
Além disso, outro componente instiga os pesquisadores:
existem moléculas orgânicas longas e complexas na névoa de Titã. “O satélite
parece ter uma química muito rica e complexa”, conta o astrônomo do IAG. Os
ambientes líquidos, como os lagos, são propícios para as moléculas se chocarem
e, assim, se tornarem mais complexas.
Os pesquisadores pretendem continuar estudando Titã até
2017, ano previsto para o fim da missão da sonda Cassini. Porém, já mostram o
interesse em, no futuro, explorar com mais detalhes o satélite e sua densa
atmosfera utilizando um balão. “Um ano de Titã dura quase 30 anos terrestres.
Com a Cassini vimos o que ocorre no verão no hemisfério sul, agora estamos
observando o outono e conseguiremos, com a sonda, verificar o início do
inverno”, explica Penteado. Ou seja: “Titã tem características interessantes e
ainda pouco exploradas”.
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP - Edição online – 13/06/2012
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