Opto Envia Câmera Nacional do Satélite CBERS-3 à China

Olá leitor!

Segue abaixo uma nota postada hoje (03/04) no site da Agência Espacial Brasileira (AEB) destacando que finalmente a empresa brasileira “Opto Eletrônica” enviou na última sexta-feira (30/03) para a China a câmera MUX (Câmera Multiespectral) do Satélite CBERS-3, câmera essa inteiramente desenvolvida e produzida no Brasil.

Duda Falcão

Opto Envia Câmera Nacional
do Satélite CBERS-3 à China

AEB
03-04-2012

Considerado por especialistas independentes como um marco da engenharia nacional, a Opto Eletrônica enviou na última sexta, 30/03, à China, uma moderna e complexa câmera imageadora que irá equipar o satélite sino-brasileiro Cbers 3.

Trata-se da primeira câmera no gênero inteiramente desenvolvida e produzida no País. O equipamento, feito na matriz da Opto em São Carlos, coloca o Brasil entre os 10 países do mundo a dominar a tecnologia de imageamento aeroespacial. De nome MUX (de multiespectral), a câmera é destinada ao monitoramento ambiental e gerenciamento de recursos naturais. O satélite Cbers 3 tem lançamento programado para novembro deste ano e será levado à órbita por meio do foguete chinês "Longa Marcha".

A MUX pesa mais de 120 kg e é capaz de fazer imagens com 20 metros de resolução do solo, a mais de 750 km de altitude. Desconsiderando a curvatura da Terra e as nuvens (para exemplificar), seria como se, de São Carlos/SP, fosse possível enxergar um ônibus em Brasília/DF. A faixa de largura imageada, extensão do território visto em uma linha na imagem, é de 120 km de largura.

Independência Tecnológica

A fabricação da MUX pela Opto atende à diretriz do Programa Espacial Brasileiro de fomentar a capacitação e o desenvolvimento de tecnologia de ponta pela indústria nacional. O trabalho da companhia também contribui para a independência tecnológica em áreas altamente sensíveis do ponto de vista estratégico.

Construída para auxiliar de forma decisiva no monitoramento ambiental e gerenciamento de recursos naturais (trabalhando em quatro bandas espectrais de luz), as imagens produzidas pela câmera têm capacidade de mostrar, com precisão, queimadas, desmatamentos, alteração de cursos d"água, ocupação urbana desordenada, entre outras funções. As imagens poderão ser utilizadas em todo o mundo, gratuitamente, por meio do site do INPE.

Projeto

O projeto da câmera teve início em 2004, quando a Opto venceu a licitação internacional para o desenvolvimento e fabricação da câmera. O projeto sofreu diversos aperfeiçoamentos, principalmente em razão do não compartilhamento de tecnologias e venda de componentes "sensíveis" por outros países. Contudo, a companhia de São Carlos conseguiu, de forma inédita, desenvolver soluções próprias e inovadoras, dominando todo o ciclo de construção do equipamento.

Para se ter idéia, somente o projeto preliminar da câmera foi composto por mais de 450 documentos, totalizando mais de 16 mil páginas.

Nesse período, foram construídas versões sucessivas de protótipos, denominadas modelos de engenharia, de qualificação e de voo (modelo final) da câmera MUX. O modelo de qualificação, por exemplo, foi exaustivamente testado (como em provas extremas de choque e vibração). O objetivo da bateria de testes e ensaios foi assegurar que o projeto (e consequentemente o equipamento) suporta as cargas de lançamento e as condições de temperatura, radiação e vácuo no espaço, além de verificar se ele atende aos requisitos de envelhecimento e compatibilidade eletromagnética com os outros sistemas do satélite, mantendo sempre o melhor desempenho funcional.

Cerimônia

Os funcionários da companhia participaram de um evento simbólico do embarque da câmera, considerada pelos diretores da empresa – e especialistas do setor – como um marco para a indústria nacional. "Hoje é um dia histórico para todos nós, não só da Opto, mas para todos aqueles que se importam com a independência tecnológica da nação", afirma Mario Stefani, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Opto.


Fonte: Agência Espacial Brasileira (AEB)

Comentário: Pois é leitor, parece que finalmente estamos chegando ao final dessa novela chamada “Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres-3 (CBERS-3)” com quase quatro anos de atraso. De qualquer forma, se o mesmo for lançado realmente em novembro desse ano, muito será por conta da pressão dos chineses que chegaram até ameaçar abandonar o projeto. Ora, é verdade que não podemos deixar de lembrar que algumas empresas brasileiras envolvidas com esse satélite passaram por dificuldades de desenvolvimento devido à impossibilidade de importação de algumas peças e subsistemas (grande parte de origem americana) devido às restrições impostas pelo "Missile Technology Control Regime (MTCR)". Entretanto, também há de se destacar também as dificuldades de orçamento impostas pelo governo (como sempre) desde o inicio, que veio colaborar de forma significativa com o atraso do projeto. Sinceramente leitor ainda não estou convencido se realmente esse satélite será lançado em novembro de 2012, e assim sendo, prefiro aguardar os acontecimentos.

Comentários

  1. Câmara com 20 metros de resolução...
    Realmente estamos na idade da pedra em câmaras.

    Falcão, vc que conhece a parceria com a China.
    Por que o Brasil nunca aprofundou essa parceria, e aproveitou o conhecimento chinês nessa área (satélites) que é grande ?

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  2. Olá Iurikorolev!

    Não é bem assim amigo. O CBERS-3 é um satélite de Sensoriamento Remoto, e 20 metros de resolução para esse tipo de serviço é mais do que suficiente. Lembrando que na série CBERS 1, 2 e 2B eram de 40 metros e agora estamos dentro da média mundial. Satélites com resolução maiores são para outros tipos de serviço que ainda não foram requisitados pelo governo brasileiro. É uma questão de demanda, quando houver, a Opto estará pronta para o desafio. Quanto ao acordo com a China, o mesmo foi assinado em 6 de julho de 1988 pelo ex-presidente José Sarney, que aliás (por incrível que pareça) foi o presidente civil que mais apoiou o PEB desde a sua criação. Em seu período de governo, além do acordo assinado com a China, ele criou diversos laboratórios (O LIT foi um deles), desenvolveu o SCD-1, finalizou o foguete SONDA IV, entre tantos outros projetos menores. Vale dizer que na época da assinatura do acordo com a China, os chineses já estavam à frente da gente, mas em alguns casos que não sei precisar, nós estávamos na frente e por isso houve interesse deles. (Continua - Parte 1)

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  3. Olá Iurikorolev!

    (Continua - Parte 2)

    O que acontece é que depois do governo Sarney o PEB teve sua importância diminuída junto com o orçamento pelos governos subsequentes, além das empresas brasileiras envolvidas com o programa passarem por boicote internacional (principalmente dos americanos) que veio dificultar a continuidade desse acordo aumentando assim ainda mais a diferença entre o Programa Espacial Chinês e o Brasileiro. Hoje esse acordo só tem mesmo atrativo tecnológico para o Brasil, mas por uma questão política os chineses mantém o acordo. Entretanto, por outro lado é preciso dizer que o boicote obrigou as empresas brasileiras a desenvolverem tecnologias que o Brasil não dominava e esse desenvolvimento só não foi mais rápido devido ao boicote do próprio governo brasileiro, e por conta disso em 24 anos de acordo só desenvolvemos 3 satélites. É claro que era do interesse do INPE, como evidentemente do DCTA/IAE expandir o acordo em diversas áreas (existiu essa oportunidade e creio que ainda exista), mas num quadro como esse de total descaso por parte do governo brasileiro isso até agora não foi possível. Para você ter uma ideia, a coisa estava tão ruim que os chineses ameaçaram abandonar o acordo forçando o Mercadante (na época ministro do MCTI) agilizar junto a presidente DILMA para que os recursos necessários (financeiros e humanos) para a finalização do CBERS-3 fossem liberados, e assim o satélite parece que irá mesmo ser lançado em novembro de 2012. Caro Iurikorolev, é preciso que você e todos os leitores do blog entendam que o PEB passa por enormes dificuldades em diversas áreas, porém são todas equacionáveis a curto e médio prazo se houver interesse e seriedade por parte do governo, sendo o mesmo hoje o grande empecilho para as atividades espaciais brasileiras.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  4. Eu fico contrariado quando leio estes tipos de notícias sensacionalistas, e vejo que esta é de um órgão governamental, será que jornalista estuda pra mentir, aumentar, enganar? Ou diz aquilo que o agente politico quer que a sociedade absorva (marketing governamental) mesmo não sendo a verdade?
    - Inteiramente desenvolvida e produzida no País(Alguém fora a população leiga acredita nisso?)
    Por que não falam das dificuldades, das faltas de verbas, laboratórios mal equipados, licitação deficiente e ingerências estrangeiras, via empresas nacionais, etc
    Finalizando, a notícia é boa mas muito exagerada que contribui pra sociedade pensar que não precisamos de mais verbas.

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  5. Olá Tanoshi!

    Parabéns pelas suas palavras, é isso aí amigo, a sociedade brasileira precisa saber da realidade dos fatos e da importância que o PEB tem para um país como o Brasil. Conto com a sua colaboração.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  6. Tanoshi, a notícia é do próprio site da empresa! Tem até mais fotos lá. http://www.opto.com.br/Noticias.php?lingua_id=1&divisao_id=5

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  7. Pelo que sei, a China usa em satélite bem parecido com este (quando ela o produz só para si para uso militar), câmara com
    10 cm de resolução.
    Em sua opinião a China compartilharia essa tecnologia com o Brasil ?

    Verba para isto com certeza tem ou terá, pois o Governo está organizando 2 grandes sistemas de vigilância :
    1) Sisfrom Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras.
    2) SisGAZ (o do mar , o AZ quer dizer Amazonia Azul)

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  8. Olá Iurikorolev!

    Esse satélite citado por você é um satélite militar certamente para espionagem que exige uma resolução dessa e não de sensoriamento remoto. Agora se a China compartilharia essa tecnologia eu não sei lhe dizer, mas é como eu lhe disse, se a Opto for desafiada e tiver recursos contínuos e prazo estabelecido com seriedade, ela dará uma resposta positiva.

    Agora entenda um coisa Iurikorolev, o fato de o governo lançar projetos como os dois citados por você e dizer que irá liberar recursos não significa necessariamente que cumprirá o que está propagando, na verdade na maioria das vezes está fazendo propaganda política, tá ok?

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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  9. Nobre Duda, parabéns pelo site, é bem legal e esclarecedor..
    cara tem hora que preciso de imagens com resoluções abaixo dos 5 metros, e vc sabe se por acaso o Cbers3 será um sensor desse tipo ????

    obrigado..

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  10. Olá Rodrigo M. Maia!

    Obrigado pelo reconhecimento ao nosso trabalho. Quanto a sua pergunta, não, o CBERS-3 não terá sensores para isso e sim para produzir imagens com 20 metros de resolução. No momento não existe nenhum projeto de satélite previsto ou em execução no Brasil que preveja nem mesmo 5 metros de resolução, tá ok?

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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    Respostas
    1. Putz Beleza cara, fico triste em saber isso, mas me lembro que no Cbers 2B tinha um sensor com 2.7 metros !!!
      me corrija se eu estiver errado, e se tinha porque foi descontinuado ???
      obrigado !!

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  11. Olá Rodrigo M. Maia!

    O antigo satélite CBERS 2B não tinha uma câmera de 2,7 metros de resolução, vc está equivocado. Esse tipo de resolução é inadequado para missões de sensoriamento remoto e mais direcionado para satélites onde a resolução da imagem precisa ser bem nitida e bem esclarecedora, ou seja, como os satélites espiões por exemplo.

    Abs

    Duda Falcão
    (Blog Brazilian Space)

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