Professor José Félix Santana (1948 – 2020) - Uma Singela Homenagem do Dr. José Bezerra Pessoa Filho

Olá leitor!

Trago agora para você uma carta depoimento do conhecidíssimo Dr. José Bezerra Pessoa Filho homenageando este grande brasileiro que foi o Prof. José Félix Santana, que infelizmente nos deixou na ultima quinta-feira sem que tivesse (como tantos outros neste Território de Piratas sem memória) seu trabalho no PEB e em prol da Educação e do Foguetemodelismo Brasileiro reconhecidos pelo Governo e pela Sociedade Brasileira. Leiam com atenção.

Duda Falcão

PROFESSOR JOSÉ FÉLIX SANTANA (1948 – 2020)

Graduado em Ciências pela Fundação de Ensino Superior de Pernambuco, o Prof. Félix aposentou-se como servidor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), mas jamais do seu hobby: Foguetemodelismo.

Em 1966 ele criou o Centro de Estudos de Foguetes Espaciais do Carpina, por meio do qual colaborou com alunos, professores, técnicos e engenheiros de Pernambuco e do Brasil. Era o papa na produção de motores-foguetes a propelente sólido destinado a minifoguetes.

Em 2012 e 2016 ele foi entrevistado pelo blog do Duda Falcão:

https://brazilianspace.blogspot.com/2012/01/entrevista-com-o-prof-felix-santana.html
 

Conheci-o em 2002 por intermédio de outro pioneiro e entusiasta da área: Basílio Baranoff, falecido em 2008.  Fui à casa do Prof. Félix em Carpina, região metropolitana do Recife, onde fui recebido com um almoço, findo o qual fomos lançar minifoguetes em um canavial próximo.  Encontrei-o mais 4 vezes.  Duas delas em São José dos Campos, SP, por ocasião da II e VIII Jornada Espacial, ocorridas em 2006 e 2012, respectivamente; e outra em 2013, por ocasião da X Jornada Espacial, ocorrida no CLBI.  Nessas 3 ocasiões ele desenvolveu atividades com os professores e lançou minifoguetes.

O que saltava aos olhos no contato com o Prof. Félix era o rigor com o qual ele levava suas atividades e a sua fisionomia sempre séria. Além de metódico ele era exigente.  Para mim, essas características eram admiráveis e expressavam o seu caráter. Não à toa, sempre confiei nas suas opiniões e pareceres.

Em junho de 2016 estive com ele pela última vez em Carpina, quando tiramos algumas fotos.  Daquela feita ele me disse que estava terminando a montagem da oficina na qual pretendia retomar a fabricação de motores para minifoguetes.  Queixava-se um pouco de problemas na vista, mas logo se empolgava quando o assunto voltava à área espacial.  Em 2017, quando foi lançado o livro Introdução à Tecnologia de Foguetes, enviei um volume autografado pelo autor (Dr. Ariovaldo Félix Palmério) para ele.


Em outubro de 2019, ao lhe enviar alguns artigos que eu tinha escrito para celebrar os 50 anos do Homem na Lua, ele revelou que estava se recuperando de um problema de saúde.  O tom de sua mensagem deixou-me preocupado e, em 10 de dezembro, falei com ele ao telefone por uns 10 minutos.  Continuei preocupado, mas torcendo para que ele logo se restabelecesse.  Pensei em ligar novamente algumas vezes em 2020, mas não deu tempo.

Para além da paixão pela área espacial, saltava aos olhos seu amor e zelo com a família (esposa, 2 filhas e 1 neto) que sentirão demais a sua ausência.  A eles registro minhas condolências e o grande respeito que tinha pelo marido, pai e avô.  Dele guardarei as lembranças dos nossos encontros e o legado que ele deixou em mais de meio século de atividades na área espacial.  Sua estrela continuará a brilhar entre nós, mas agora de uma posição superior.

Descanse em paz meu amigo José Félix Santana.

São José dos Campos, 16 de janeiro de 2020.

José Bezerra Pessoa Filho

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