Pequenos Ganham o Espaço
Olá leitor!
Segue abaixo um interessantíssimo artigo publicado na
edição de maio de 2014 da “Revista Pesquisa FAPESP” tendo como destaque os projetos
de nanossatélites em desenvolvimento no Brasil, inclusive trazendo mais
informações sobre o misterioso nanosatélite do tal projeto SERPENS, tão 'divulgado' ultimamente pela nossa pífia agência espacial.
Duda Falcão
CAPA
Pequenos Ganham o Espaço
Nanossatélites são
lançados em missões de coletas de dados que
vão do monitoramento
ambiental a testes de sistemas biológicos
DINORAH ERENO
Revista Pesquisa FAPESP
Edição 219 - Maio de 2014
© LÉO RAMOS
Nanosatélite AESP-14,
desenvolvido pelo ITA e INPE, em câmara de teste.
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Criados
em 1999 como uma ferramenta educacional, os cubesats –
nanossatélites em forma de cubo com 10 centímetros de aresta, medida que
engloba altura, largura e profundidade – tornaram-se um instrumento
relativamente barato e rápido para coletar dados espaciais. Eles são usados
para diversas finalidades, que vão da detecção de sinais eletromagnéticos que
antecedem os terremotos a sistemas de sensoriamento de condições atmosféricas,
passando pelos testes de sistemas biológicos, como a produção de proteínas bacterianas
no espaço, até a observação de fenômenos no solo, entre outras aplicações.
Desde os primeiros cubesats lançados em 2003, quando seis
projetos pegaram carona no veículo de lançamento russo Rockot, até abril deste
ano foram feitos 130 lançamentos, 65 dos quais apenas no ano passado.
No
Brasil, o programa para construção de satélites de pequeno porte, iniciado em
2003 por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com
apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), começa a mostrar resultados
concretos com a previsão de lançamento de quatro minissatélites ainda este ano.
O primeiro, com lançamento programado para 19 de junho, é o NanoSatC-BR1 –
sigla de nanossatélite científico brasileiro. A área espacial pegou emprestado
o prefixo nano – relativo a tamanhos de um milímetro dividido por um milhão –
para designar satélites muito pequenos. O BR1, com pouco menos de um quilo de
peso, foi concebido e desenvolvido por pesquisadores do Centro Regional Sul do INPE,
em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do
Sul. Depois da realização de ensaios como o de vibração, que simulam as
condições na fase de lançamento, ele foi levado para Delft, na Holanda. Lá
serão feitos outros testes antes de o artefato ser enviado para a Rússia, onde
será lançado pelo foguete DNEPR, um antigo míssil nuclear soviético-ucraniano
convertido em plataforma de lançamento comercial. “O foguete leva um satélite
principal e nos locais vagos são acondicionados vários satélites menores”,
explica Otávio Durão, coordenador de engenharia e tecnologia espacial do
projeto na sede do INPE, em São José dos Campos, interior de São Paulo.
A
bordo do cubesat BR1 irá uma placa com três cargas úteis. Uma
delas é um sensor chamado magnômetro, que irá estudar o campo magnético
terrestre e sua interação com a radiação ionizante proveniente do Sol e das
estrelas. Seu objetivo é estudar um fenômeno conhecido como anomalia magnética
do Atlântico Sul, que ocorre na região costeira sul do Brasil. Nesse local os
pesquisadores apontam a existência de uma falha na magnetosfera terrestre que
permite à radiação ionizante espacial chegar mais perto da superfície. Como
consequência, existe um risco maior da presença de partículas de alta energia
que podem afetar as comunicações, os sinais de satélites de posicionamento
global (como o GPS), as redes de distribuição de energia ou mesmo causar falhas
em equipamentos eletrônicos como computadores de bordo. As medições do sensor
serão feitas pelo cubesat a partir de uma órbita baixa próxima
de 600 quilômetros de altitude, sobrevoando os polos terrestres.
Pequenos ganham o espaço. (clique em cima para ampliar) |
“Também
vamos testar no espaço os dois primeiros circuitos integrados projetados no
Brasil para uso espacial”, diz Nelson Jorge Schuch, físico de formação e
coordenador-geral do Programa NanoSatC-BR – Desenvolvimento de Cubesats no
Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais e gerente do Projeto BR1 do INPE. Um
dos circuitos recebe comandos do solo com instruções para ligar e desligar a
carga útil, câmera etc. “O método de projeto usado para o desenvolvimento deste
circuito faz com que ele tenha proteção à radiação do espaço e é isto que se
deseja testar em voo”, relata Schuch.
O outro
circuito eletrônico integrado tem como base um software,
desenvolvido pelo laboratório do grupo de Microeletrônica do Instituto de
Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), também
parceira no desenvolvimento, que protege o hardware de falhas
causadas pela radiação. Duas estações terrenas de rastreio e controle de
nanossatélites, uma em Santa Maria (RS) e outra instalada no Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, irão monitorar o cubesat BR1
em órbita, rastreando e baixando os dados que o satélite deverá adquirir no
espaço. Essas estações já estão recebendo dados de outros satélites em órbita.
“De
início pensamos em trabalhar com satélites de pequeno porte, mas como surgiu o
conceito dos cubesats, criado pelo professor Robert Twiggs, da
Universidade de Stanford [Califórnia, Estados Unidos], mudamos a nossa
estratégia”, diz Schuch. A plataforma foi projetada para ser pequena, simples –
o que facilita sua construção por alunos de pós-graduação – e com tamanho
padrão: uma caixa cúbica com 10 centímetros de aresta que acomoda subsistemas
de comunicação, painéis solares, bateria e alguns extras, com peso total de
cerca de um quilo. “Com o passar do tempo, tornou-se um padrão tecnológico
espacial e abriu caminho para a montagem de outros cubesats”, diz
Durão.
Entre os nanossatélites
brasileiros que se preparam para ganhar o espaço, um deles, o Tancredo-1, se
destaca por ter como construtores estudantes do ensino fundamental da escola
municipal Tancredo de Almeida Neves, de Ubatuba, litoral norte paulista. “A
ideia de montar um satélite surgiu numa conversa com alunos do quinto ano, que
trabalhavam em um projeto de iniciação científica”, relata o professor de
matemática Candido Osvaldo de Moura, coordenador do projeto. O apoio financeiro
de um empresário local, que contribuiu com R$ 16.500,00, foi o ponto de partida
para a concretização do sonho, que entrou no quinto ano com o envolvimento de
150 alunos. “Compramos os componentes e o satélite foi montado peça por peça
aqui”, relata o professor.
© NASA
Lançamento
de satélites do módulo japonês a partir da
Estação Espacial Internacional (clique em cima para ampliar)
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Nos
Estados Unidos há um movimento crescente de missões espaciais que têm como
plataforma os cubesats. A agência espacial NASA, por exemplo,
colocou em órbita em novembro do ano passado 29 satélites em uma única missão,
composta por um satélite militar e 28 cubesats projetados e
construídos por diversas instituições universitárias. Um deles, chamado de PhoneSat
2.4, utilizou como computador de bordo o hardware de um
telefone celular. Empresas privadas como a Planeta Labs de San Francisco,
criada em 2010 por três ex-cientistas da NASA, também estão investindo nessa
plataforma de coleta de dados. Em fevereiro deste ano, ela lançou, a partir da
Estação Espacial Internacional (ISS), uma frota de 28 nanossatélites chamada
Flock 1, que vai fotografar a Terra continuamente. Segundo a empresa, as
imagens irão permitir a identificação de áreas de desastres ambientais e
ajudarão a melhorar a produção agrícola nos países em desenvolvimento (ver
mais sobre o assunto na Nature de 17 de abril de 2014).
“A
estrutura dos cubesats é montada com componentes de
prateleira, ou seja, itens industriais, o que barateia muito o custo do
projeto”, diz Durão. O custo total do NanoSatC-BR1, por exemplo, ficou em cerca
de R$ 800 mil – o valor engloba compra de componentes, desenvolvimento do software da
estação terrena de rastreio e controle de nanossatélites, construção da estação
e dos experimentos que irão como carga útil, além do lançamento pelo foguete
russo. Só o lançamento ficou em cerca de R$ 280 mil. Para efeito de comparação,
um satélite da série CBERS, feito em parceria com a China para sensoriamento
remoto, custa cerca de US$ 270 milhões e o risco de perder todo o projeto
existe tanto para cubesats como para satélites de grande
porte. O CBERS-3, por exemplo, foi perdido em dezembro de 2013 devido a uma
falha em um dos motores do veículo lançador chinês. Já o primeiro nanossatélite
científico brasileiro, o UNOSAT-1, das universidades Norte do Paraná (UNOPAR) e
Estadual de Londrina (UEL), foi destruído em um acidente com o veículo lançador
VLS-1 em Alcântara, no Maranhão, em 2003.
Um segundo cubesat do
programa NanoSatC – o BR2, com o dobro do tamanho do primeiro e maior
capacidade de carga útil – está em fase de finalização e a expectativa de que
seja lançado em 2015. “As cargas úteis já foram definidas, estão em
desenvolvimento e agora precisamos contratar o lançamento”, diz Durão. Uma
delas é composta por um sensor para detecção de partículas na ionosfera e a
outra por um subsistema para a determinação de atitude que define a posição
angular do satélite, essencial, por exemplo, para tirar uma fotografia ou mirar
uma antena. Esse subsistema, que está sendo feito pela primeira vez no Brasil,
foi desenvolvido por meio de uma parceria entre o INPE, a Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal do ABC (UFABC). Ele é um item
crítico para satélites por causa de sua aplicação também militar, o que
limita o acesso a essa tecnologia a alguns poucos países. O custo para montagem
da plataforma do BR2, com modelos de engenharia e de voo e estação de
solo, ficou em R$ 748 mil.
© LÉO RAMOS
Alunos de escola de Ubatuba aprendem a montar um tubesat.
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O
Centro Renato Archer em Campinas também participou da construção da carga útil
dos NanosatC-BR1 e 2, por meio do Projeto Citar, cujo objetivo é o
desenvolvimento de circuitos integrados com proteção à radiação para diversas
aplicações, inclusive espaciais, para grandes satélites como os de
telecomunicações e outros. “Estes cubesats, e os demais do programa,
serão utilizados como plataformas de testes no espaço para estes circuitos”,
relata o engenheiro eletricista Saulo Finco, do Centro Renato Archer e
coordenador do projeto. O BR1 já tem como uma de suas cargas úteis um dos
circuitos desenvolvidos dentro do Projeto Citar.
Os
outros três nanossatélites brasileiros com previsão de lançamento para este ano
deverão ser lançados da ISS, plataforma que fica em órbita a uma altura de 370
quilômetros. Serão lançados por meio de um braço robótico operado pelo módulo
espacial japonês Kibo. Um desses satélites é o SERPENS – sigla de sistema
espacial para realização de pesquisa e experimentos com nanossatélites –,
projeto coordenado pela AEB e com participação da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), da UFABC, da UFMG e da Universidade de Brasília (UnB), além do
Instituto Federal Fluminense de Campos de Goitacazes, no Rio de Janeiro,
responsável pelas estações que irão receber os dados dos satélites. Entre os
parceiros internacionais estão a Universidade de Vigo, na Espanha, a Sapienza
Università di Roma, na Itália, a Morehead State University e a California State
Polytechnic University, ambas dos Estados Unidos.
“A nossa
proposta é que a execução do projeto capacite os estudantes dos novos cursos de
engenharia aeroespacial, que estarão em contato com grupos de pesquisa com
experiência nessa área”, diz Gabriel Figueiró de Oliveira, bolsista da AEB e
responsável pelo processo de desenvolvimento e montagem do satélite. A execução
do projeto caberá às universidades. “O SERPENS, nome que remete a uma
constelação chamada serpente [vista do hemisfério Norte], é o mais desafiador
nanossatélite desenvolvido no Brasil”, diz o professor Carlos Gurgel, diretor
de satélites, aplicações e desenvolvimento da AEB. A meta é que ele fique
pronto até o final deste ano – seu lançamento está previsto para o início de
dezembro. O processo para dar início à primeira missão do programa começou em
setembro do ano passado, com a abertura do processo para a compra de
equipamentos, mas o lançamento oficial ocorreu na primeira semana de dezembro,
durante um workshop com a participação de parceiros
internacionais. “As imagens do satélite sendo lançado da estação espacial
poderão ser vistas e compartilhadas pelos estudantes”, diz Figueiró.
© LÉO RAMOS
Todos
os subsistemas dentro do SERPENS, como computadores de bordo, painéis solares e
outros componentes obrigatórios, foram duplicados. E cada um dos setores levará
uma carga útil cujo objetivo é testar um conceito tecnológico para os cubesats de
recebimento e transmissão de mensagens por sistema de rádio, que, no futuro,
poderá ser usado para coleta de dados. “Um dos setores levará uma carga útil
composta por um transponder [dispositivo para coleta de dados]
montado com arquitetura experimental e componentes de baixo custo, alguns nunca
testados em órbita, na banda VHF [frequência muito alta]”, relata Figueiró. O
outro setor levará um dispositivo de comunicação eletrônico já testado em
órbita para essa finalidade, com um sistema em banda UHF, a mesma da TV
digital. “Queremos testar se o transponder na banda UHF pode
receber, armazenar e processar informações de bordo e depois transmiti-las para
as antenas instaladas nas universidades.”
O
segundo cubesat com previsão de lançamento para este ano, da
Estação Espacial Internacional, é o AESP-14, com cerca de um quilo de peso e desenvolvido
em parceria entre o ITA e o INPE. “O desenvolvimento do nanosatélite é uma
forma de incentivar os alunos a exercitarem aquilo que aprendem na sala de
aula”, diz o professor Roberto Lacava, coordenador do projeto e do curso de
engenharia aeroespacial do ITA, conhecido na instituição como AESP. Essa mesma
sigla foi adotada como nome do projeto, iniciado em 2012 pela turma que irá se
graduar em 2014. “Todos os subsistemas eletrônicos e mecânicos foram projetados
e montados pelos estudantes”, diz o engenheiro Cleber Toss Hoffmann,
coordenador técnico do projeto no ITA. Apenas o modem de
radiofrequência, utilizado em diversos cubesats e compatível
com a comunidade de radioamadores do mundo, foi comprado.
Aluno de
mestrado no ITA, Hoffmann também é professor no curso de graduação e usa o
projeto em suas aulas. A carga útil do AESP-14 é um experimento intelectual.
“Radioamadores do mundo todo receberão frases gravadas por cientistas
brasileiros”, diz Lacava. O seu desenvolvimento foi financiado pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com bolsas no
total de R$ 150 mil, e pela AEB, responsável pela compra de componentes,
ensaios ambientais, manufatura e material de consumo no valor de R$ 250 mil.
© LÉO RAMOS
Nanosatélite
na câmara de vácuo do INPE
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O
terceiro satélite brasileiro que também sairá da ISS, o Tancredo-1, pesa
apenas 750 gramas, tem cerca de 9 centímetros de diâmetro e 12 centímetros de
altura. Seu formato lembra um cilindro, daí ser chamado de tubesat. A
plafatorma, criada pela empresa norte-americana Interorbital Systems, consiste
de um sistema modular composto por um conjunto de placas empilhadas e outras
para captura de energia solar. “Após conversar com colegas, empresários do
município e fazer contatos na prefeitura, senti que havia condições para
levantar os recursos necessários à sua montagem”, relata Moura. O projeto teve
início em 2010, quando o professor leu em uma revista que a Interorbital estava
vendendo um kit de montagem do satélite e se encarregava de
colocá-lo em órbita.
Ele
ligou então para a empresa para saber se os preços eram os mesmos anunciados e
a possibilidade de montá-lo aqui no Brasil. “Na conversa, eles nos disseram que
os nossos alunos seriam as pessoas mais jovens do mundo a fazer pesquisa
espacial e também que precisaríamos de ajuda técnica.” A estudante Maryanna
Conceição Silva, de 16 anos, é um dos jovens que fazem parte do projeto
UbatubaSAT desde o seu início. Na época ela tinha 12 anos e cursava o quinto
ano do ensino fundamental. “É muito legal aprender como os satélites são
feitos”, conta sobre a sua experiência. “No começo foi muito difícil. Hoje já
não é mais.”
O
apoio técnico ao projeto veio do INPE, que ao ser procurado encampou
imediatamente a ideia e na sequência passou a treinar os professores e depois
os alunos. “Chegamos a ter até um modelo de engenharia do satélite praticamente
testado, mas tivemos problemas na Interorbital e percebemos que iria demorar
muito até ele ser lançado e por isso saímos em busca de alternativas.” No total
foram gastos até agora cerca de R$ 30 mil com o nanossatélite.
E
o que era apenas uma ideia em sala de aula transformou a vida de muitos
estudantes, como a de Maryanna. Antes pouco interessada em ciência e
tecnologia, hoje ela quer ser engenheira espacial. Também em função do projeto,
os alunos da escola escreveram um artigo científico que, no começo de 2013, foi
submetido e aceito para ser apresentado no principal congresso aeroespacial do
Japão, em Nagoya. A viagem foi paga pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). “Os alunos fizeram um enorme sucesso
e foram convidados a conhecer a JAXA, a agência aeroespacial do Japão”, relata
Moura. Lá foi rodado um documentário, em fase de finalização, que narra à
trajetória da construção do satélite.
Os alunos
visitaram ainda a NASA, em Pasadena, e a empresa Interorbital em Mojave, ambas
na Califórnia. O modelo de engenharia do tubesat já foi
finalizado e o modelo de voo deverá estar pronto até julho, quando seguirá para
o Japão, onde fará os testes finais antes do lançamento. A escola está
fazendo agora um concurso para escolher a mensagem que será transmitida na
faixa de radioamador. Moura também está trabalhando na viabilização do
Tancredo-2. A ideia, segundo ele, é fazer um poketcube, um modelo diferente,
também desenvolvido por Twiggs, da Universidade de Stanford.
© LÉO RAMOS
Estrutura interna do NanoSatC-BR2.
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Outros
satélites de pequeno porte estão em construção no Brasil, como o ITASAT 1,
projeto conjunto entre o INPE e o ITA com previsão de lançamento para o segundo
semestre de 2015. Originalmente, o projeto tinha como objetivo a construção de
um satélite de estrutura convencional para a coleta de dados ambientais. “Com o
passar do tempo houve uma adequação do satélite para a plataforma cubesat,
definida em literatura internacional, o que facilita a sua replicação em outros
experimentos”, relata o professor Elói Fonseca, gerente do projeto. “Com isso,
o ITASAT passou a aproveitar tudo o que já tinha sido desenvolvido.” Ele pesa
cerca de 6 quilos e tem dimensões de 10 por 22,6 centímetros e 34 centímetros
de altura, o que corresponde a seis unidades do cubesat BR1.
Como carga útil, ele levará ao espaço os mesmos sensores de medida de radiação
de campo eletromagnética dos satélites NanoSatC. “Dessa forma, poderemos dar
continuidade aos experimentos como uma rede de satélites”, diz Fonseca.
No
projeto será utilizado um transponder desenvolvido pelo Centro
Regional do Nordeste (CRN) do INPE, em Natal, no Rio Grande do Norte. “Ao mesmo
tempo, nosso satélite irá coletar informações de solo a partir de uma câmera
imageadora com resolução de 80 metros a uma altitude de 650 quilômetros, onde
estará em órbita.” Essas imagens poderão ser usadas para estudos de relevo, de
atmosfera e experimentos universitários.
O
CRN de Natal, responsável pelo sistema brasileiro de coleta de dados
ambientais, também faz parte do movimento de expansão dos cubesats brasileiros.
Desde o início de 2011, pesquisadores do centro regional, coordenados por
Manoel Mafra de Carvalho, estão trabalhando no projeto CONASAT – constelação de
seis nanossatélites para coleta de dados ambientais, sendo cada um deles um
cubo com aresta de 20 centímetros e 8 quilos de peso. O objetivo do projeto é
garantir a continuidade da coleta de dados ambientais, já que dos dois
satélites em operação atualmente, o SCD1 e 2, do INPE, apenas um está
funcionando de acordo com o planejado. Os dois satélites, feitos na década de
1990, têm formato cilíndrico, medem 1 metro de altura por 1,5 de diâmetro e
pesam mais de 100 quilos. “O CONASAT tem a mesma função do SCD, com custo
reduzido”, diz Carvalho, que também é coordenador do CRN. Antes de decidir que
o satélite teria o formato de cubesat, foi feito um estudo para
avaliar a viabilidade de ter um transponder de coleta de dados
embarcado no nanosatélite. “No espaço, o transponder irá receber os
sinais das plataformas que estão espalhadas pelo Brasil e pelo Atlântico e
retransmiti-los para nossas estações de recepção em Alcântara e Cuiabá”, relata
Carvalho. Após a recepção nas estações, eles são processados e enviados para os
usuários. O custo do projeto e montagem do CONASAT é de cerca de R$ 5 milhões,
com lançamento incluído. A previsão é que o lançamento do primeiro satélite da
constelação ocorra em 2016.
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP - Edição 219 – Maio de
2014
Comentário: Artigo muito interessante, pois traz novas
informações sobre os nanosatélites em desenvolvimento no Brasil, especialmente
em relação ao misterioso Projeto SERPENS da AEB que precisa ser melhor
esclarecido. Além disso, demonstra uma vez mais que o Brasil tem a necessidade
urgente de dar continuidade ao projeto do VLS-1 e principalmente do VLM-1, já que
a tendência é que novos projetos desse tipo sujam no país nos próximos anos,
sendo inadmissível que os mesmos sejam atendidos por esse trambolho tóxico
ucraniano. Uma verdadeira temeridade, mas que pelo andar da carruagem é o mais provável de
acontecer. Além disso, parabenizo a Revista da FAPESP por não ter abordado no artigo o projeto do nanosatélite MMM-1 que está sendo desenvolvido pelos gaúchos para a empresa israelense
AEL Sistemas com recursos do povo brasileiro. Um projeto estúpido e vergonhoso fruto de uma administração
pública temerária e desastrosa que só poderia acontecer em uma terra de ninguém
como a nossa.
Parabéns pela divulgação da matéria da revista na integra e em curto prazo. Esperamos que a comunidade científica possa colher frutos dos resultados provenientes do trabalho integrado e cooperativo das equipes do BR1, BR2, AESP14, ITASAT 1 e CONASAT.
ResponderExcluirOlá Eloi!
ExcluirNão há o que agradecer amigo. Estamos aqui para isso e apoiamos incondicionalmente todos esses projetos, inclusive também o cubesat do IFF e os tubesats Tancredo 1 e 2 não citados por você em seu comentário.
Abs
Duda Falcão
(Blog Brazilian Space)
Concordo plenamente, esclareço que a minha intenção foi enfatizar que estes projetos estão conectados em um grupo de trabalho, onde os gerentes e as equipes estão cooperando e mantendo contato contínuo.Sucesso e continuidade aos projetos da IFF, UNB e das equipes dos TUBESAT.
ExcluirAbs.