CT&I na Meteorologia: A Participação da FINEP - Artigo
Olá leitor!
Segue abaixo um artigo postado ontem (01/06) no site do “Jornal da Ciência” da SBPC destacando a participação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) nos investimentos do país em ciência e tecnologia aplicada na meteorologia.
Duda Falcão
CT&I na Meteorologia: A Participação da FINEP
André Cabral de Souza e
Eduardo Delgado Assad
Jornal da Ciência
01/06/2010
"Considerando as conseqüências provocadas pelos fenômenos meteorológicos, afirmaríamos que os investimentos são modestos e devem ser incrementados"
André Cabral de Souza é chefe do Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Eduardo Delgado Assad é pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Tecnológica em Informática para a Agricultura (CNPTIA) da Embrapa. Artigo enviado pelos autores ao "JC e-mail":
Nos últimos tempos, a sociedade tem convivido com sérios problemas econômicos e sociais provocados por variações meteorológicas. Esta questão pode ser comprovada com os eventos climáticos vividos e as respectivas conseqüências em diversas partes e setores do país. Um bom exemplo seriam as perdas decorrentes na agricultura brasileira por fenômenos climáticos, que já renderam prejuízos de R$ 5 bilhões/ano.
As iniciativas que têm sido adotadas de modo a minimizar os problemas advindos de fenômenos meteorológicos e climáticos vão desde a montagem e manutenção de bancos de dados, passam pela previsão de clima e tempo, em tempo real, e chegam à provisão de fenômenos extremos. No caso dos prejuízos da agricultura, somente um bom sistema de monitoramento e previsão de tempo e clima pode ajudar a minimizar estes efeitos.
Segundo especialistas, os acontecimentos recentes ocorridos no mundo, como grandes catástrofes, chamaram a atenção pela severidade das conseqüentes perdas. Eventos deste porte, por serem de baixa freqüência e grande impacto, são de difícil previsão por parte de qualquer especialista que se proponha a prover proteção ou a reter este risco. Assim, torna-se importante a identificação e análise estatística de extremos e extremos severos.
Assim, os processos geradores destes riscos e a caracterização da dinâmica espaço-temporal devem ser devidamente avaliados e corretamente dimensionados. A identificação de modelos conceituais relacionados com esses eventos extremos será de grande valia para auxiliar a previsão operacional de tempo.
Os fenômenos meteorológicos extremos causam grandes impactos socioeconômicos e ocorrem em escala de minutos a horas. Estes fenômenos estão geralmente associados a processos físicos da atmosfera que não são totalmente resolvidos pela modelagem numérica de baixa resolução. No entanto, há uma grande diversidade e quantidade de dados/parâmetros meteorológicos oriundos de diversos sensores que poderiam ser usados para monitoramento e previsão desses fenômenos.
Diante destas questões, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) vem apoiando, através de suas agências e de seus institutos, importantes ações e projetos que buscam preparar o país para questões até então desconhecidas ou pouco valorizadas.
Para o biênio 2010/2011 existem recursos no valor é R$ 101,50 milhões, para serem aplicados em temas como mudanças e/ou variáveis climáticas, Programa Nacional de Mudança Climática, Rede Brasileira de Pesquisa sobre Mudança Climática, Previsão de Tempo e Clima (incluindo estudos e projetos de pesquisa relacionados a fenômenos meteorológicos extremos e Sistema Nacional de Alertas de Desastres Naturais).
Certamente, a FINEP como uma importante agência de desenvolvimento científico e tecnológico vem participando e contribuindo com o avanço da meteorologia, através do apoio a diversos projetos de pesquisa e de infra-estrutura, via Chamadas Públicas e Encomendas. Como exemplo citaríamos as chamadas "Redes Estaduais de Meteorologia" e "Fenômenos Meteorológicos Extremos", ocorridas em 2006, nas quais foram apoiados 23 projetos no valor total de R$ 12.643.728,00. Em 2008 foi executada a Chamada 04/2008 - "Previsão de Clima e Tempo", na qual foram investidos R$ 17.897.693,00, através de 17 projetos, sendo exigido o enquadramento das propostas em um dos dois temas principais que a mesma abordava: Redes de Mudanças Climáticas e Redes de Fenômenos Extremos. Cabendo lembrar que estes projetos são selecionados por comitês formados por especialistas de Universidades, de Institutos, e de importantes Instituições como Embrapa em reuniões cujos analistas da FINEP se fazem presentes, contribuindo para o processo.
Analisando os números apresentados, diríamos que as ações e os investimentos realizados são um marco para um segmento tão importante. Entretanto, quando se verificam as conseqüências provocadas pelos fenômenos meteorológicos, afirmaríamos que os investimentos são modestos e devem ser incrementados. Principalmente quando nos deparamos com possibilidades de agravamento das alterações climáticas e os fatores daí decorrentes.
Fonte: Site do Jornal da Ciência da SBPC de 01 de junho de 2010
Comentário: Interessante artigo que faz um relato sobre as ações da FINEP visando melhorar o sistema meteorológico do país. Entretanto, como os próprios autores deste artigo deixam claro o investimento no setor tem sido modesto e deve ser incrementado para que possa ser aprimorado esse importante sistema de monitoramento climático do país. Não resta dúvida inclusive para os especialistas da área de que a falta de um satélite meteorológico próprio causa sérias dificuldades para o sistema. No entanto, até o momento o governo não se movimentou para solucionar o problema e o resultado não poderia ser outro se não os impactos socioeconômicos causados pelos fenômenos meteorológicos ocorridos recentemente. Lamentável!
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