Telescópios Espaciais Não Substituem os Baseados em Solo; Eis os Porquês
Olá leitor!
Versatilidade
Segue abaixo uma interessante matéria postada hoje (03/12)
no site “Canaltech”, tendo como destaque os porquês Telescópios Espaciais não
substituem os Baseados em Solo.
Duda Falcão
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Telescópios Espaciais Não Substituem os Baseados em Solo;
Eis os Porquês
Por Patrícia Gnipper
Canaltech
Fonte: Forbes
03 de Dezembro de 2019 às 08h15
Com os dois primeiros lançamentos do projeto Starlink, que já
levaram cerca de 120 satélites de internet à órbita da Terra (prevendo um total de até 42 mil unidades), a polêmica já é
grande. De um lado, astrônomos revelando que a constelação de Elon Musk não somente tem potencial de
atrapalhar (e muito!) as observações do céu noturno a partir de telescópios
terrestres, como
já está causando problemas. Do outro, há quem diga que não se pode frear o
progresso e é preciso evoluir a maneira como as observações espaciais são
feitas — e muita gente se questiona: não seria então o caso de a humanidade
passar a observar o espaço apenas por meio de telescópios espaciais, que ficam
na órbita do planeta?
Bom, a resposta é: não. Ethan Siegel, Ph.D em
astrofísica, professor, autor e comunicador científico, abordou o assunto e
explicou, tim-tim por tim-tim, por que os telescópios terrestres não podem ser
substituídos pelos espaciais, e por que é importante garantir a visibilidade do
céu noturno para que a ciência continue avançando.
Vantagens dos Telescópios Espaciais
Para explicar por que os telescópios espaciais não podem
substituir os terrestres, Siegel entende que, primeiro, "é absolutamente
vital entender quais vantagens a astronomia tem do espaço em relação ao solo,
porque os benefícios são enormes". Afinal, telescópios posicionados na
órbita da Terra não precisam lidar com poluição luminosa (como acontece aqui
embaixo), pois "é sempre noite no espaço quando você aponta para longe do
Sol", e também não é preciso se preocupar com nuvens, clima ou
turbulências atmosféricas — "Você pode observar onde quiser, em todo o
espectro eletromagnético, e não há atmosfera bloqueando sua visão",
explica Siegel.
(Imagem: NASA)
Em alguns comprimentos de onda, telescópios espaciais
apresentam observações mais precisas do que os terrestres.
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Sendo assim, caso a constelação de satélites Starlink
(bem como as de outras empresas que têm planos similares, como OneWeb e até
mesmo a Amazon) realmente prejudique as
observações astronômicas feitas por meio de telescópios terrestres, é um alívio
saber que os telescópios espaciais permitirão a evolução da ciência neste
sentido. Contudo, "a perda da astronomia terrestre será
extraordinariamente prejudicial aos nossos empreendimentos científicos mais
cuidadosamente planejados", alerta o Ph.D.
O vídeo abaixo mostra uma simulação de como será a visão
de um telescópio terrestre quando o projeto Starlink lançar 12 mil satélites à
órbita (quantidade prevista inicialmente, antes de Elon Musk anunciar que
possivelmente lançará mais 30 mil no futuro):
Grandes Telescópios em Construção Podem Estar Ameaçados
Entre os "empreendimentos científicos mais
cuidadosamente planejados" que Siegel alerta estarem em risco por conta
das constelações de satélites na órbita terrestre, estão alguns grandes
telescópios em construção no momento — alguns deles que têm o potencial de
observar o passado espacial mais distante e fraco, com maior precisão do que
nunca.
"Os planos de curto prazo da astronomia incluem
grandes telescópios que estão sendo encomendados para realizar imagens
diferenciais de todo o céu. Eles procurarão estrelas variáveis, eventos
transitórios, objetos perigosos ao redor da Terra, e muito mais", diz o
professor, citando, entre eles, os primeiros telescópios de 30 metros do mundo
— incluindo
o GMT (Giant Magellan Telescope) e o ELT (Extremely Large Telescope).
Só que esses telescópios poderosos podem jamais atingir
seus objetivos em sua plenitude, caso as observações do céu a partir da Terra
continuem em risco.
(Imagem: ESO)
Vantagens dos Telescópios Terrestres Sobre os Espaciais
Apesar de os telescópios espaciais apresentarem vantagens
sedutoras em comparação com os terrestres, ainda existem vantagens que a
observação a partir do solo oferece. "Podemos criar imagens, coletar dados
e realizar investigações científicas que simplesmente não podem ocorrer apenas
com observatórios espaciais. Se conseguirmos manter nossos céus escuros e
desobstruídos, a astronomia terrestre certamente entrará na era de ouro à
medida em que o século XXI se desdobrar", garante Siegel.
Para explicar sua afirmação, o astrofísico lista cinco
métricas principais que atestam as vantagens dos telescópios terrestres:
tamanho, confiabilidade, versatilidade, manutenção e capacidade de atualização.
Tamanho
Observatórios terrestres podem ser muito maiores do que
os espaciais, com espelhos primários maiores, pois construir ou montar algo
similar no espaço acaba sendo muito difícil. "Existe uma linha de
pensamento comum (mas incorreta) de que, se gastássemos dinheiro suficiente,
poderíamos construir um telescópio do tamanho que quiséssemos no solo e
lançá-lo ao espaço. Isso é verdade até certo ponto: o ponto em que você precisa
encaixar seu observatório no foguete que o está lançando", ele explica,
citando a dificuldade de lançar um telescópio gigantesco em um foguete a partir
do solo.
O tamanho dos espelhos dos telescópios determina seu
poder de captação; por isso, telescópios maiores são mais poderosos, pois, na
astronomia, tamanho é, sim, documento. O maior espelho primário já lançado ao
espaço até então é o do observatório Herschel, da ESA, com um espelho de 3,5
metros. O do James Webb, da NASA, será maior, com 6,5 metros, mas ainda
assim não compete com os telescópios terrestres no quesito tamanho — o GMT, por
exemplo, terá 25 metros, enquanto ELT terá 39 metros.
Confiabilidade
Lançamentos espaciais são perigosos. Muitos
são adiados em cima da hora, inclusive, por uma série de razões que podem
comprometer sua segurança — e, caso sejam ignoradas, podem representar
explosões e acidentes catastróficos. Então, desenvolver telescópios espaciais
por anos a fio é sempre um risco, considerando que problemas podem acontecer no
lançamento, colocando todo o trabalho e o investimento a perder. Já
"quando construímos um telescópio no chão, não há risco de falha no
lançamento".
(Foto: NASA0
Versatilidade
Alguns eventos espaciais espetaculares seriam perdidos
caso usássemos somente observatórios espaciais. Siegel explica que, "uma
vez no espaço, a gravidade e as leis do movimento fixam-se onde o seu
observatório estará a qualquer momento" e "embora existam muitas
curiosidades astronômicas que podem ser vistas de qualquer lugar, existem
alguns eventos, muitos deles espetaculares, que exigem que você controle (com extrema
precisão) onde você estará localizado em um determinado momento no tempo".
Ele cita fenômenos como eclipses solares neste exemplo.
"Se colocássemos todos os nossos ovos na cesta do telescópio espacial,
esses eventos mais raros deixariam de ser cientificamente significativos, pois
não podemos controlar nossa posição e movimento ao longo do tempo a partir do
espaço, como fazemos na Terra", afirma.
Manutenção
Outro ponto muito importante ao pensar sobre somente usar
telescópios espaciais, abandonando os terrestres, é a manutenção. Afinal, é
muito mais complicado (e caro) realizar reparos no espaço do que na superfície.
Todo e qualquer reparo necessário em telescópios espaciais exige uma missão de
manutenção com astronautas devidamente treinados, além de tudo, que também se
arriscam; afinal, viagens ao espaço são sempre perigosas.
Já no solo, reparos são feitos com muito mais facilidade,
agilidade e segurança. Ainda, "os reparos podem ser feitos por mãos
humanas ou robóticas em tempo real; novas peças e até novos funcionários podem
ser trazidos a qualquer momento", ressalta. Siegel ainda lembra que,
apesar de o Hubble já durar quase 30 anos (exigindo uma série de missões de
reparo nesse meio tempo), "os telescópios terrestres podem durar mais de
meio século com a infraestrutura mantida".
(Foto: NASA/ESA)
Atualização
"Quando um telescópio espacial é lançado, seus
instrumentos a bordo já estão obsoletos", afirma Siegel. É que, para que
um observatório espacial seja construído, a equipe por trás de seu
desenvolvimento precisa definir, com muitos anos de antecedência, quais serão
seus objetivos científicos, o que é necessário para saber quais instrumentos
serão projetados, construídos e integrados. E isso leva vários anos, senão
décadas, para ser feito.
"Isso significa necessariamente que os instrumentos
estarão desatualizados quando o telescópio espacial coletar dados pela primeira
vez", mas, por outro lado, "se o observatório estiver no solo, você
pode simplesmente retirar o instrumento antigo e substituí-lo por um novo, e
então seu telescópio desatualizado volta a ser moderno — processo que pode
continuar enquanto o observatório permanecer operacional".
Uma Coisa Não Substitui a Outra; Elas Se Complementam
(Fotos: NASA/ESA, Gemini Observatory)
Sem dúvidas, contar com telescópios posicionados no
espaço é algo imprescindível para o avanço das observações astronômicas, bem
como para o nosso entendimento do universo, pois esses equipamentos na órbita
da Terra permitem explorações que vão além do que podemos fazer a partir da
superfície. E, com o lançamento de telescópios espaciais cada vez mais
modernos, com o James Webb e o TESS, por exemplo, a ciência pode responder
muito mais mistérios sobre o espaço que nos cerca.
Contudo, existem tarefas científicas que continuam sendo
mais adequadas para os observatórios baseados no solo. "Em particular,
imagens espectroscópicas profundas de alvos distantes, estudos diretos de
exoplanetas, identificações de objetos potencialmente perigosos, caça a objetos
do Sistema Solar externo (como
o Planeta Nove), pesquisas no céu para objetos variáveis, estudos de
interferometria e muito mais são superiores a partir do solo", garante
Spiegel.
O ELT, por exemplo, ajudará o telescópio espacial TESS em
sua missão de descobrir e analisar exoplanetas. Enquanto o espacial identifica
potenciais planetas pelo método do trânsito (quando variações no brilho de uma
estrela indicam que um planeta pode estar passando à sua frente), o ELT será
capaz de fotografar esses planetas orbitando outras estrelas além do Sol. Já o
GMT poderá ser usado para procurar impressões digitais de moléculas na
atmosfera de exoplanetas descobertos pelo TESS, e as imagens obtidas por meio
deste telescópio terrestre serão 10 vezes mais detalhadas do que as do Hubble.
O Ph.D conclui sua reflexão afirmando que "perder os
benefícios da astronomia terrestre seria tanto catastrófico quanto
desnecessário", e então não é "frescura" se preocupar com o
potencial de os satélites Starlink prejudicarem as observações espaciais de
telescópios terrestres. Afinal, observações feitas por ambos os tipos de
telescópios — espaciais e em solo — podem inclusive ser complementares, e não
"brigam" umas com as outras.
Fonte: Site Canaltech -
https://canaltech.com.br
Comentário: Pois é leitor, a guerra da Comunidade Astronômica Mundial contra o alucinado do Sr. Elon Musk está deflagrada e novos capítulos deverão surgir nos anos.
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