Por Que 'Constelação de Satélites' Preocupa Astrônomos Que Investigam Mistérios do Universo
Olá leitor!
Segue um artigo postado ontem (28/12) no “Portal TERRA” destacando
os motivos que preocupam atualmente os Astrônomos esse crescente uso de 'Constelação
de Satélites'.
Duda Falcão
CIÊNCIA
Por Que 'Constelação de Satélites' Preocupa Astrônomos
Que Investigam Mistérios do Universo
Lançamento de satélites está próximo de se multiplicar,
mas os cientistas dizem que esse movimento pode atrapalhar a astronomia.
Por Rebecca Morelle
Da BBC News
28 dez 2019 - 20h18
Atualizado às 20h21
Astrônomos estão preocupados com a visão que temos do
espaço. A partir da próxima semana, vai
começar uma campanha de lançamento de milhares de novos satélites à órbita da
Terra, com o objetivo de oferecer conexão à internet mais rápida a partir do
espaço.
Mas as primeiras frotas dessas naves espaciais, que já
foram lançadas em órbita pela empresa americana SpaceX, estão afetando a
captação de imagens do céu à noite.
Agora, as imagens estão aparecendo com listras brancas
brilhantes produzidas a partir dos satélites, e elas estão ofuscando a luz das
estrelas.
Os cientistas temem que futuras
"mega-constelações" de satélites possam obscurecer imagens de
telescópios ópticos e interferir nas observações de radioastronomia.
"O céu noturno é comum, e o que temos aqui é uma
tragédia", disse Dave Clements, astrofísico do Imperial College de
Londres, em relação ao problema.
As empresas envolvidas disseram que estão trabalhando com
astrônomos para minimizar o impacto dos satélites no estudo do universo.
Foto: ONEWEBB / BBC News Brasil
A constelação de satélites da OneWeb ficará a 1.200 km
acima da Terra.
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Por que tantos
satélites estão sendo lançados?
A nova onda de satélites tem a ver com a alta velocidade
de conexão com a internet.
Em vez de serem limitados por fios e cabos, os satélites
podem transferir o acesso à internet do espaço para o chão.
E se houver muitos deles em órbita, significa que mesmo
as regiões mais remotas do planeta podem obter conectividade.
Atualmente existem cerca de 2.200 satélites ativos
trafegando ao redor da Terra. Mas, a partir da próxima semana, a constelação
Starlink — um projeto da empresa americana SpaceX — começará a enviar lotes de
60 satélites para a órbita com semanas de intervalo. Isso significa que cerca
de 1.500 satélites serão lançados até o final do próximo ano e, em meados da
próxima década, deve existir uma frota de 12 mil.
A empresa britânica OneWeb está produzindo cerca de 650
satélites, mas esse número pode aumentar para 2.000 se houver demanda maior por
parte dos clientes.
Já Amazon tem uma constelação de 3.200 naves espaciais planejada.
Por que os
astrônomos estão preocupados?
Em maio e novembro, a Starlink enviou 120 satélites para
órbitas abaixo de 500 km de distância da Terra.
Mas os astronautas ficaram preocupados quando a sonda
apareceu como flashes brancos brilhantes em suas imagens de observação do
espaço.
Dhara Patel, astrônoma do Observatório Real de Greenwich,
na Inglaterra, afirmou à BBC News: "Esses satélites são do tamanho de uma
mesa, mas são muito reflexivos e seus painéis refletem muita luz do Sol, o que
significa que podemos vê-los em imagens que coletamos com telescópios."
"Esses satélites também são grandes usuários de onda
de rádio... E isso significa que eles podem interferir nos sinais que os
astrônomos usam. Por isso, também afeta a radioastronomia."
Ela alerta que o problema vai crescer à medida que o
número de satélites em órbita aumentar.
O que isso pode significar para as pesquisas?
Clements acredita que os satélites podem ter um impacto
real nas observações do espaço. "Eles estão no primeiro plano entre o que
estamos observando da Terra e o resto do universo. Então, eles atrapalham
tudo", diz o astrofísico.
"E podemos deixar de ver o que está por trás desses
satélites, seja um asteróide potencialmente perigoso perto da Terra ou o Quasar
mais distante no universo."
Para Clements, seria particularmente problemático para os
telescópios realizarem grandes pesquisas no céu, como o futuro Grande
Telescópio de Pesquisa Sinóptica (LSST) no Chile.
"O que queremos fazer com o LSST e outros
telescópios é produzir um filme em tempo real de como o céu está mudando. Agora
temos esses satélites que interrompem as observações, e é como se alguém
estivesse andando por aí acendendo uma lâmpada de vez em quando", diz.
Por outro lado, o astrofísico Martin Barstow, da
Universidade de Leicester, no Reino Unido, explica que parte do problema pode
ser resolvido.
"O número de satélites parece assustador, mas na
verdade o espaço é bastante grande. Então, quando você sobrepõe os satélites no
céu, a densidade dessas coisas não será muito grande", disse ele.
"E como os satélites têm posições conhecidas, você
pode atenuar (a observação). Um satélite será um ponto em uma imagem e poderá
aparecer como uma explosão transitória de luz, mas você saberá disso e poderá
removê-lo da imagem."
"Vai dar trabalho para os observatórios lidarem com
esse problema, mas isso pode ser feito."
Para a radioastronomia, no entanto, as constelações podem
representar um problema maior, especialmente para telescópios relativamente
novos, como o Square Kilometer Array (SKA).
Os sinais de rádio usados pelos satélites serão
diferentes dos que os astrônomos estão procurando, mas ainda podem causar
interferência, diz Barstow.
Foto: AFP / BBC News Brasil
A SpaceX diz que seus satélites vão ser menos brilhantes
para não atrapalhar pesquisadores.
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O que as empresas de satélites afirmam?
A SpaceX disse à BBC News que a empresa está trabalhando
ativamente com astrônomos internacionais para minimizar o impacto dos satélites
Starlink.
Para o próximo lançamento, a companhia está testando um
revestimento especial projetado para tornar a sonda menos brilhante.
Já a OneWeb afirmou que será "líder de projetos no
espaço responsável" e pretende colocar seus satélites em uma órbita de
1.200 km, para não interferir nas observações astronômicas.
Ruth Pritchard-Kelly, vice-presidente da OneWeb, afirmou
à BBC: "Escolhemos uma órbita como parte de nossa dedicação ao uso
responsável do espaço sideral. E também conversamos com a comunidade de
astronomia antes de lançarmos os satélites de modo a garantir que eles não
sejam seja reflexivo demais e não interfiram na radioastronomia."
Ela acrescentou que conectividade e astronomia não são
antagônicas.
"Não há dúvida de que o mundo inteiro tem o direito
de se conectar à internet... Então isso vai acontecer. A questão será trabalhar
com as outras partes interessadas para garantir que não estamos interferindo no
trabalho delas, sejam elas tecnologias de satélite existentes, telefone móvel
ou a comunidade da astronomia. Sabemos que vamos resolver isso com todo
mundo", afirmou.
Fonte: Portal Terra - 28/12/2019 - https://www.terra.com.br
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